A saga das spinoffs de Pokémon continua. Para além de Mystery Dungeon, Detective Pikachu, Pokémon Snap, e claro, Pokémon Go, temos agora Pokémon Friends. 

Um jogo simples de puzzles, é reminiscente de algo como Big Brain Academy ou Dr. Kawashima’s Brain Training. Mas ao contrário destes jogos, que sempre tiveram uma audiência relativamente abrangente, Pokémon Friends parece quase agressivamente comercializado para pais de crianças pequenas. 

Mas comecemos pelo início, que só assim é que chegamos a algum lado. Pokémon Friends é um jogo lançado pela The Pokémon Company no dia 22 de Julho deste ano, para a Nintendo Switch (e 2), Android e iOS, no qual, no enredo simplista, somos donos de uma máquina de fazer peluches de vários Pokémons. No entanto, para esta máquina funcionar, necessita de lã, a qual podemos adquirir ao resolver puzzles. 

Eu não percebo patavina de Pokémon, mas os peluches são fofos.

Até aqui tudo bem. Jogos de puzzles não são conhecidos por ter enredos muito complexos, deixando de parte os Professor Laytons da vida. A aparência do jogo também é limpa e de boa qualidade, nota-se que é um jogo feito com cuidado e atenção. O problema vem com tudo a seguir. 

O jogo, por razões que eu não consigo compreender, não permite ao jogador escolher… nada. Nem o tipo de puzzle, nem o nível de dificuldade, nem o tipo de lã adquirido (diferentes tipos de lã produzem peluches de diferentes Pokémons), nada. Todos os puzzles têm de ser jogados de forma semi-aleatória (é sempre apresentado pelo menos um puzzle com o nível mínimo existente), com os níveis sequenciais, sempre em conjuntos de 3 puzzles, com recompensas aleatórias. 

Também não aprecio o temporizador constante, mas os quebra-cabeças são tão simples que é irrelevante.

A parte boa disto é que jogar Pokémon Friends é extremamente simples. Só é necessário carregar no botão grande que diz “Untangle”, e resolver os desafios apresentados.

Que verdade seja dita, não são muito desafiantes. Vê-se que a audiência esperada não são adultos de 30 anos obcecados por Picross e Sudoku. Os puzzles são simples e rápidos, muitas vezes não necessitando sequer de dois neurónios a roçar um no outro. No entanto, para crianças pequenas (e por pequenas, eu digo pequenas, o jogo é PEGI 3), suponho que sejam relativamente desafiantes e divertidos. 

Excepto estes. O meu cérebro não computa com este tipo de puzzles.

Uma coisa que é verdade é que os puzzles são bastante variados, desde questões sobre visualizações geométricas, cálculos rápidos, movimentação no espaço, etc. Se não fossem tão simples, seria uma seleção excelente de quebra-cabeças. 

No entanto, no estado actual das coisas, a simplicidade do jogo proíbe o alcance para uma maior audiência. A própria formatação das Definições permite perceber que é sem dúvida focada num público alvo extremamente jovem: dá para definir o número máximo de jogos a serem realizados num dia, e para desbloquear o acesso a esta opção, é necessário ser adulto, o que neste jogo significa ser capaz de fazer contas de somar com dois dígitos. 

Não era uma piada.

Além disto, há a questão da monetização. Para além da jogabilidade encontrada na resolução dos puzzles, o jogo só tem um modo de decorar quartos com os peluches e outra mobília, assim como simples missões de entregar peluches para ganhar o dito mobiliário. Ainda assim, o jogo para a Switch tem um preço base de 9.99€, assim como dois DLC com mais tipos de desafios e de peluches que custam 17.99€ cada um ou 29.99€ pelos dois. 

Isto é um preço extremamente alto para o que o jogo é. Dou os parabéns à The Pokémon Company por estar a tentar escapar à monetização predatória que tantas vezes vemos em aplicações de telemóveis, mas isto não foi uma solução ideal num mundo em que jogos de puzzles muito mais elaborados e complexos custam muito menos, quer na Switch, quer em Android ou iOS. No entanto, para pais que verdadeiramente queiram meter os filhos a jogar jogos mais mentais com a certeza que não haverá problemas com pagamentos de subscrições ou moedas virtuais, e com uma marca conhecida e de confiança, poderá valer a pena. 

Talvez.

TL;DR: Boa variedade de puzzles, mas tudo demasiado simples e infantil. Sente-se à distância que é um jogo feito para os pais tentarem incentivar os filhos pequenos a pensar um bocadinho espetando-lhes com Pokémons na cara, mais do que algo para fãs adultos do género. 

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