Ocasionalmente, Mario, o canalizador favorito dos jogadores, arruma as suas ferramentas e dá espaço para os seus companheiros brilharem. Neste sentido, vemos o regresso de Peach como protagonista em Princess Peach: Showtime!, uma jornada lançada recentemente para a Nintendo Switch que tem a genuína missão de apresentar aos mais pequenos o género de plataformas e ação.
A história de Princess Peach: Showtime! acompanha um dia típico do Reino Cogumelo onde Toad oferece à nossa Peach um folheto que anuncia uma peça no Teatro Esplendor. Curiosa, decide ir assistir a um dos espetáculos, mas para seu infortúnio, a visita é perturbada pela invasão da malévola Rubi e da sua trupe Uvaparsas que se apropriam de todas as peças em exibição, assim como raptam os seus protagonistas. No centro do caos, a nossa princesa com a ajuda da nova companheira reluzente Stela, terá de encarnar o papel de protagonista para que os espetáculos voltem à sua normalidade.
Em 2005, a Peach estreava-se como protagonista no jogo Super Princess Peach.
Fica claro desde o primeiro instante do jogo que o foco desta aventura está na sua jogabilidade que sobressai geralmente devido à variedade de espetáculos e transformações que os mesmos oferecem. Ao longo de mais ou menos sete horas temos pela frente aventuras em múltiplos níveis que atuam como peças de teatro divididas em atos, ilustrados por temáticas independentes que estão conectadas às transformações e habilidades que a princesa terá ao seu dispor. Cada peça de teatro apresenta a sua própria decoração e narrativa atribuindo uma maior personalidade à aventura.

Durante o jogo, a nossa Princesa assume uma dezena de transformações que moldam os níveis e a forma como interagimos com os ambientes. Com as habilidades da Peach Espadachim usamos a elegância dos seus ataques para vencer os inimigos e esquivar-nos das suas investidas, enquanto que a Peach Detetive coloca de lado as habilidades físicas para dar lugar à sua intuição e dedução para procurar pistas e assim resolver os casos. No papel de Peach confeitaria, a nossa missão passa por fazer bolos e decorá-los dentro de um limite de tempo, enquanto que com a Peach Ninja podemos saltar de uma parede para outra, utilizar os adereços do cenário para escapar e usar habilidades furtivas para abater os inimigos pelas costas.
O problema é que nem todas as peças e transformações conseguem propor a mesma intensidade de diversão. Por exemplo, as peças que envolvem as habilidades de pasteleira e detetive facilmente se tornam enfadonhas por serem demasiado desinteressantes. Em contraste, a peça da Peach Vaqueira ou da Peach Ninja conseguem proporcionar com as suas sessões de plataforma focadas na ação e furtividade momentos mais dinâmicos e interessantes.
Com as moedas que obtemos em jogo, podemos comprar novos fatos para personalizar Peach e a sua companheira Stela.
Contudo, não deixo de reparar que a simplicidade é o calcanhar de Aquiles de Princess Peach: Showtime!. Embora tenhamos em mãos uma boa variedade de transformações, chefes e secções, é um jogo que merecia tempo para aprofundar as suas mecânicas, para que conseguisse trazer uma experiência mais gratificante com sequências recompensantes e não tão lineares como contemplamos em Kirby and the Forgotten Land. É pena que mesmo os próprios colecionáveis ocultos nos cenários estejam demasiado evidentes. Isto também se estende para a falta de desafio contra os chefes que mesmo assim demonstram alguma criatividade.

Quanto aos gráficos, Princess Peach: Showtime! segue o estilo característico dos jogos da série Super Mario e Luigi´s Mansion. Apesar de não ser uma das experiências mais visuais vanguardistas da Nintendo, consegue encantar com as suas cores vibrantes, cenários e personagens bem concebidos. Além disso, as animações são fluidas, principalmente os movimentos dos personagens e os efeitos especiais das habilidades de Peach. Porém, encontrei problemas relacionados com o seu desempenho, acontecendo demasiadas vezes quedas de frames e uma certa lentidão em determinadas alturas. Para um jogo simples como este, fica a ideia de que o hardware da Nintendo Switch já está no seu limite.
Princess Peach:Showtime! foi desenvolvido pela produtora Good-Feel (Wario Land: Shake It!, Yoshi`s Crafted World).
A banda sonora por outro lado é muito animada e variada, com músicas alegres que combinam bem com as temáticas apresentadas nos espetáculos e com a atmosfera descontraída do jogo. Naturalmente que não podemos ignorar que o jogo apresenta também legendas em Português do Brasil, o que vai facilitar a vida aos mais jovens.
Princess Peach: Showtime! é um jogo que não impressiona tanto quanto seria de esperar mas, apesar disso, consegue entregar a diversão suficiente para nos deixar entreter e levar até ao seu final. Não deixo de sentir que podia ter sido mais, sobretudo quando parte das suas transformações oferecem mecânicas e desafios interessantes. Sem dúvida que gostava que o regresso ao protagonismo da Princesa Peach tivesse recebido mais dedicação, mas, no entanto, é percetível a razão pela qual a Nintendo optou por este tipo de acessibilidade que de certa forma demonstra preocupação com um público-alvo mais jovem, sendo uma boa oportunidade para os introduzir ao mundo dos videojogos.