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    Review de Tekkonkinkreet – manga

    Review do manga Tekkonkinkreet de Taiyo Matsumoto por sinn.

    Desliguem-se dos ninjas e piratas por alguns momentos e corram a comprar este manga! Não apenas porque deu origem a um dos mais falados e aclamados filmes de animação japonesa dos últimos tempos mas principalmente porque finalmente alguém tem coragem de revolucionar esta industria. Tekkonkinkreet está para o seu meio como Sonic Youth esteve para a música, e como The Blair Witch Project para o cinema, ou seja, verdadeiramente revolucionário.

    A história fala principalmente de amor. Sim, de amor. Amor fraterno, mas, mesmo assim, amor. Apesar de grande parte também abordar o tema de auto-conhecimento – ou auto-reconhecimento, como quiserem – esta ramificação deriva do tema principal. Mas não se iluda, este livro está artilhado de sequências de acção espectaculares e sangue que chegue para encher uma piscina olímpica!
    Mais concretamente incide-se sobre a vida de dois órfãos sem-abrigo, Black e White, que têm como único objectivo defender a sua cidade de ameaças exteriores. Rapidamente nos apercebemos que se equilibram mutuamente, o que os torna quase imbatíveis na sua demanda. Posteriormente surgem algumas ameaças que os ultrapassam, e a narrativa desenrola-se maioritariamente á volta das dificuldades que vão surgindo.

    É quase impossível comentar a linguagem visual e o grafismo em geral adoptado por Matsumoto sem ser injusto, isto porque teríamos de abordar temas muito mais vastos como ritmo, humanização, coerência induzida pela incoerência, etc. No entanto podem esperar um dos grafismos mais arrojados e experimentais alguma vez adoptados em narrações, transpirando uma expressão característica de esboço, ou seja, muito mais sincera e humana que o que estamos habituados a ver em peças finais.

    Cada página é uma experiência completamente nova, mantendo um traço coerente mas experimentando recursos visuais inovadores sempre que possível, principalmente nas suas inigualavelmente deliciosas sequencias de acção. É também recorrente o uso de linguagens tipicamente cinematográficas, conferindo uma interdisciplinaridade que demonstra não só conhecimento dessas outras áreas como mostra o domínio inquestionável do seu meio –  desde a envolvência da novela gráfica até aos “cliff-hangers” no final de cada capitulo para nos deixar a esperar de água na boca a próxima edição da Revista X.

    Recomendaria esta peça a qualquer pessoa que goste de literatura, banda desenhada, arte, cinema, ou de simplesmente respirar fundo de vez em quando. No entanto existem algumas considerações a ter em conta: se nunca teve contacto com narrativas surrealistas (digamos David Lynch), se não aprecia histórias em que “se tem que pensar muito”, talvez se desiluda com o livro. Se por outro lado não liga muito a este género mas está disposto a ver do que se trata todo este alarido – ignorado pela maioria – provavelmente vai estar a alistar-se para uma das grandes experiências literárias da sua vida.

    Sem intuito de ofender termino por dizer que os ninjas em fato-de-treino laranja também têm o seu lugar nesta industria, mas os Matsumotos que aí andam são sem duvida os verdadeiros titans da mesma e merecem alguma atenção.

    Muito obrigado sinn e a todos os outros utilizadores que nos têm enviado os seus artigos. O OtakuPT está assim cada vez mais completo.

    Helder Archer
    Helder Archer
    Fundou o OtakuPT em 2007 e desde então já escreveu mais de 50 mil artigos sobre anime, mangá e videojogos.

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    sinn
    sinn
    31 , Janeiro , 2010 0:03

    Não te preocupes que o final de Tekkon é fechado!
    Mas sim o Twin Peaks merecia um final mais concreto, mas pronto… o Lynch não pode acertar todas!

    lorZ
    lorZ
    30 , Janeiro , 2010 23:48

    Gostei de ler este review, já adicionei este manga à minha lista de mangas que planeio ler…

    Do David Lynch só vi Twin Peaks, por acaso gostei mas aquele final deixa qualquer pessoa às voltas a pensar “mas que raio se passou aqui?” portanto ainda não sei bem qual a minha opinião sobre este género surreal.

    sinn
    sinn
    30 , Janeiro , 2010 17:32

    Obrigado! Não te vais arrepender acredita!

    Bushido
    Bushido
    30 , Janeiro , 2010 7:01

    Muito boa Review. Vai ser a minha próxima leitura 😉

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