RoboCop é um personagem querido de muitos e que faz parte do imaginário da nossa infância. O filme de 1987 é um clássico e originou todo um enorme movimento à volta de RoboCop, foram brinquedos, animações e videojogos, no entanto, com o passar dos anos a marca foi perdendo a sua força e no que diz respeito a videojogos foram feitas várias tentativas, umas com mais sucesso que outras, mas nunca tivemos o derradeiro jogo de RoboCop, será que este RoboCop: Rogue City da Teyon e da Nacon vai ser “mais um” jogo de RoboCop, ou será, “o jogo” de RoboCop?

RoboCop: Rogue City não é uma história de origem do famoso ciborgue criado pela corporação Omni Consumer Products (OCP) e coloca o jogador numa história que acontece entre RoboCop 2 e RoboCop 3.

A velha Detroit está a ser assolada por gangues, droga (NUKE) e por uma nova ameaça, o “novo homem”, cabendo a RoboCop e companhia aplicar a justiça num mundo hiperviolento.

Se existe algo a destacar neste RoboCop: Rogue City é que a produção se tentou manter o mais fiel ao espírito de RoboCop. A maneira como os personagens falam e os seus maneirismos, a sátira, a violência gratuita, o envolvimento das forças policiais, a banda sonora, está tudo lá. É notório que quem criou o jogo é fã de RoboCop. Até a interface do jogo é reminiscente dos filmes.

RoboCop Rogue City interface screenshot

A história do jogo enquadra-se bem no mundo de RoboCop. Vemos mais uma vez Alex Murphy a tentar encontrar-se e a lidar com as suas memórias e traumas. Como elemento central temos a esquadra de polícia, que serve como base para o RoboCop onde o jogo tenta fazer com que o jogador crie empatia com os restantes polícias tentado criar assim uma sensação de maior proximidade.

Sabemos assim que RoboCop: Rogue City foi feito por uma equipa dedicada, que tentou respeitar o lore de RoboCop, com boas ideias e um plano traçado. Mas falta saber se conseguiram tecnicamente passar essa sua visão para gameplay.

RoboCop: Rogue City foi produzido utilizando o Unreal Engine 5, um motor de jogo capaz de criar cenários de jogo fantásticos. E em RoboCop: Rogue City vimos pequenos vislumbres disso, pequenos… Alguns cenários principalmente à noite mostram algumas boas ideias e composição, mas o jogo não mantém essa consistência. Encontrei diversos problemas de texturas, temos também problemas de física e danos que não são registados, e muitas vezes o cenário será o vosso maior adversário. As animações dos personagens são aceitáveis… para um jogo já com alguns anos e nem vou falar da animação dos cabelos e expressões faciais.

RoboCop: Rogue City não é um jogo de mundo aberto, está dividido em pequenas áreas com a esquadra de polícia como HUB central. Sempre que partem para uma missão têm um loading e entram para um novo mapa. Aliás, podem esperar muitos ecrãs de loading em RoboCop: Rogue City.

Vi também inimigos literalmente a surgirem do nada à minha frente, o que corta toda a pequena imersão que estavam a tentar criar com o jogo. Os movimentos do RoboCop estão adequados ao personagem, lentos e mecânicos, mas por vezes acaba por ser frustrante entrar em combates num mundo onde chovem mais granadas do que água. O RoboCop pode pegar nos inimigos e utiliza-los como escudo e atirá-los, podendo fazer o mesmo com outros objetos. Um nota também para a pouca inteligência dos inimigos e aliados.

Claro está que vamos utilizar a “AUTO-9”, a famosa pistola de RoboCop, que tem até direito à sua própria árvore de habilidades onde através de um esquema vão tentar otimizar da melhor maneira as suas características.

A AUTO-9 é a arma principal, sendo que podem carregar ao mesmo tempo uma outra arma, alternado entre as duas. Aqui é claro o esforço do jogo em enfatizar, e bem, que a AUTO-9 é a arma principal e o vosso principal recurso.

O RoboCop também possui a sua própria árvore de habilidades dividida em 8 secções, desde “Combate” a “Blindagem”, passando por “Vitalidade” e “Psicologia”. Sempre que ganham 1000 pontos de XP ganham um ponto de habilidade que podem gastar para aprimorar o RoboCop.

A experiência é ganha ao cumprirem os objetivos da missão principal e missões secundárias. Têm de estar atentos a estas missões secundárias, pois sem forem progredindo na história principal o jogo vai considerar outras missões não completas como falhadas e não existe ponto de retorno. Isto significa que a grande maioria das missões secundárias estão interligadas com a missão principal e que com o avançar da narrativa deixarão de estar disponíveis.

Temos acesso a um mapa do local onde estão, mas na maioria das situações o gameplay é uma experiência linear, algo desinspirada.

Gostei da ideia dos criadores do jogo em colocarem o RoboCop a utilizar o dialogo para resolver alguns problemas. Este recurso à conversação e a várias hipóteses de resposta, acaba por humanizar o personagem e até a criar variações da história, aqui numa clara tentativa do jogo em criar um mecanismo para jogarem várias vezes RoboCop: Rogue City.

RoboCop: Rogue City tem dois modos gráficos “Qualidade” e “Desempenho”, não dando na PS5 muitas mais opções de ajustes. O jogo está localizado com textos em português do Brasil e nas opções podemos Ligar ou Desligar a utilização dos “Gatilhos Adaptáveis” do Dualsense, embora nunca tenho visto o jogo a utilizar em toda a sua plenitude este recurso.

RoboCop Rogue City ambiente

RoboCop: Rogue City é assim um jogo com boas ideias que na sua grande maioria não conseguiram ser transferidas tecnologicamente para o gameplay. O jogo está mal otimizado, tem problemas técnicos que limitam a jogabilidade e definitivamente precisava de mais polimento.

RoboCop Rogue City capacete danificado screenshot

RoboCop: Rogue City é assim “mais um” jogo de RoboCop, e não é “o jogo” de RoboCop.

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RRT
RRT
6 , Dezembro , 2023 18:30

MUITO MAL OTIMIZADO.