A nova aposta da ASUS e Microsoft no segmento dos portáteis gaming com Windows chegou com promessas de unificação e desempenho. Analisámos o que os principais sites de tecnologia e jogos dizem sobre a experiência “Full-Screen” e se o preço de mil dólares se justifica.
O Que Dizem os Especialistas
A ROG Xbox Ally X, fruto da colaboração entre a ASUS e a Microsoft, posiciona-se como uma evolução significativa no mercado dos portáteis gaming com Windows. Com um preço a rondar os 900 euros, o dispositivo promete um desempenho de topo e, mais importante, uma experiência de software unificada através da nova Xbox Full Screen Experience (FSE). Contudo, a análise das principais publicações internacionais revela um consenso dividido: enquanto o hardware é amplamente elogiado, o software e a experiência prometida pela Microsoft deixam muito a desejar.
Hardware: Potência, Autonomia e Ergonomia Aprofundadas
No campo do hardware, a ROG Xbox Ally X é vista como um passo em frente inegável face à sua antecessora. O upgrade para o processador AMD Ryzen AI Z2 Extreme, juntamente com os 24GB de memória LPDDR5X-8000 e o aumento da bateria para 80Wh, confere-lhe um desempenho e autonomia de topo. O Engadget, por exemplo, classifica-a como um “handheld de topo” com “forte desempenho e melhor software do que todos os seus rivais baseados em Windows”.
A combinação de componentes resulta em números impressionantes. Em testes de desempenho, a Ally X demonstrou a sua capacidade, conseguindo correr títulos exigentes como Cyberpunk 2077 a cerca de 51 frames por segundo (fps) com um consumo de 15 watts (TDP), e a atingir 75 fps no modo de 30 watts. O Insider Gaming é ainda mais enfático, considerando-a o “melhor handheld de jogos no mercado, sem exceção”, destacando a capacidade de correr jogos recentes como Battlefield 6 sem problemas.
As melhorias ergonómicas também mereceram aplausos. As novas pegas, mais confortáveis e táteis, e os botões de ombro/gatilho maiores, tornam a experiência de jogo mais agradável, especialmente em títulos que exigem maior precisão, como os First-Person Shooters (FPS). O The Verge elogia as pegas confortáveis e os altifalantes frontais, que são “os melhores” que já ouviram numa consola portátil.
No entanto, nem tudo é perfeito no design. O The Verge e o Polygon criticam o design “volumoso” e “demasiado gamer”, que não confere o aspeto premium que se esperaria de um dispositivo de 900 euros. O ecrã de 7 polegadas, 1080p e 120Hz VRR, embora tecnicamente competente, já não é considerado de ponta face a concorrentes com ecrãs OLED.
Software: A Promessa Inacabada da Xbox FSE
O ponto de maior discórdia e frustração reside na experiência de software, centrada na Xbox Full Screen Experience (FSE). A Microsoft prometeu uma “biblioteca de jogos agregada” que unificaria plataformas como Steam, Battle.net e GOG, oferecendo uma experiência de consola simples.
O Ars Technica e o The Verge são os mais críticos. O Ars Technica aponta que o FSE falha na sua missão de unificação, descrevendo-o como uma experiência que “encobre a natureza fragmentada dos jogos de Windows” e cria novos problemas. O processo de lançamento de jogos de terceiros é inconsistente, levando a longas esperas, múltiplos pop-ups de launchers e, por vezes, a necessidade de recorrer a um rato e teclado.
“A Full-screen Experience que obtivemos encobre a natureza fragmentada dos jogos de Windows, ao mesmo tempo que causa novos problemas próprios” — Kyle Orland, Ars Technica.
Os bugs e a falta de polimento são recorrentes. O Ars Technica reportou problemas persistentes de “erro de autenticação” com o EA Play, mesmo com o Game Pass ativo. O The Verge lamenta que o dispositivo não ofereça a simplicidade plug-and-play de uma consola e que o Windows 11 esteja sempre presente, descrevendo o FSE como “batom no Windows” com uma UI lenta e que parece desenhada para rato. O Polygon concorda, classificando o FSE como uma “meia-casa desconfortável” entre um sistema operativo de consola e uma aplicação de PC, com uma UI que parece “falsificada” para funcionar com um comando.
Apesar das críticas ao FSE, a aplicação Armoury Crate da ASUS continua a ser essencial para a gestão do dispositivo, como a gestão de armazenamento e a configuração de perfis de desempenho, o que obriga o utilizador a alternar entre duas interfaces.
Comparação Direta: Ally X vs. A Concorrência
A ROG Xbox Ally X não está sozinha no mercado. A sua principal rival, a Steam Deck OLED, e outras portáteis como a Lenovo Legion Go e a MSI Claw, oferecem alternativas que tornam a decisão de compra mais complexa.
A principal vantagem da Ally X é o seu poder bruto e a bateria de 80Wh, que lhe confere uma autonomia líder na classe. No entanto, a Steam Deck OLED, apesar de ter um hardware menos potente, é elogiada pela sua experiência de software (SteamOS) muito mais coesa e otimizada para o formato portátil, e pelo seu preço significativamente mais baixo.
Característica | ROG Xbox Ally X | Steam Deck OLED |
Processador | AMD Ryzen AI Z2 Extreme | AMD Custom APU (Menos potente) |
Memória RAM | 24GB LPDDR5X-8000 | 16GB LPDDR5 |
Bateria | 80 Wh (Líder na classe) | 50 Wh |
Ecrã | 7″ IPS 1080p 120Hz VRR | 7.4″ OLED 90Hz HDR |
Sistema Operativo | Windows 11 + Xbox FSE | SteamOS (Mais otimizado) |
Preço (Aprox.) | 900 euros | 569 – 679 euros |
Vantagem Principal | Desempenho e Autonomia | Experiência de Software e Ecrã OLED |
O Polygon resume a situação, afirmando que a Ally X é um “sucesso mais qualificado” na tentativa de fechar a lacuna de usabilidade entre o Windows e o SteamOS, mas que a lacuna “permanece”. Para os entusiastas que procuram o máximo de desempenho em Windows, a Ally X é a escolha óbvia. Para quem valoriza uma experiência de consola simples e um preço mais acessível, a Steam Deck continua a ser a referência.
O Veredito Final: Um Produto de Nicho com Preço Elevado
O preço de 900 euros é o fator que mais pesa no veredito final. O Engadget questiona se o desempenho extra justifica o custo, especialmente para quem não está totalmente imerso no ecossistema Xbox. O Polygon considera-o “excessivo” e um “problema” para a estratégia mais ampla da Microsoft.
Em suma, a ROG Xbox Ally X é um dispositivo de nicho, com um hardware potente e ergonómico que a coloca no topo da sua classe. No entanto, a experiência de software, o principal ponto de venda da Microsoft, ainda não está à altura da promessa. É um PC gaming portátil de excelência, mas não é a “Xbox portátil” que muitos esperavam.
Característica | Pontos Positivos (Consenso) | Pontos Negativos (Consenso) |
Desempenho | Processador AMD Ryzen AI Z2 Extreme. Desempenho de topo e autonomia líder na classe (80Wh) | Desempenho “apenas OK” para o preço de 900 euros, segundo alguns testes. |
Ergonomia/Design | Pegas confortáveis e táteis. Botões maiores. Altifalantes frontais de qualidade | Design “volumoso” e “demasiado gamer”. Não parece um dispositivo premium de 900 euros |
Software (FSE) | Agrega jogos de vários launchers numa única interface. | Experiência inconsistente e buggy. Falha em unificar plataformas. UI lenta e “meio inacabada”. |
Preço | – | Preço de 900 euros considerado “excessivo” e principal obstáculo . |