No dia 17 de novembro estreou na Netflix a série Scott Pilgrim Takes Off (Scott Pilgrim Dá o Salto), a série anime de baseada na graphic novel Scott Pilgrim de Bryan Lee O’Malley.
A série anime possui o próprio Bryan Lee O’Malley atuando como produtor executivo e responsável pela história juntamente com BenDavid Grabinski (Are You Afraid of the Dark?), a animação é da responsabilidade do estúdio Science SARU (DEVILMAN crybaby, The Heike Story, Keep Your Hands Off Eizouken!) e a sua nova presidente, Eunyoung Choi, é a produtora. A direção é de Abel Góngora (Star Wars: Visions “TO-B1”).
O diretor Edgar Wright, o diretor e co-guionista da adaptação para filme live-action de 2010, também será produtor executivo juntamente com Nira Park, o co-guionista do filme Michael Bacall e Marc Platt da Marc Platt Productions, Jared LeBoff e Adam Seigel.
A série anime é baseada na graphic novel de Scott Pilgrim, foi publicada entre 2004 a 2010. A obra ganhou uma adaptação para filme live-action em 2010, intitulada Scott Pilgrim vs. the World, e que deu origem ao curta “Scott Pilgrim vs. the Animation” nesse mesmo ano. A Ubisoft Montreal também lançou o jogo Scott Pilgrim vs. the World: The Game em 2010.
O elenco da série anime é composto pelos atores da adaptação live-action baseada na série, que tem no elenco Michael Cera como Scott Pilgrim, Mary Elizabeth Winstead como Ramona Flowers, Satya Bhabha como Mattew Patel, Kieran Culkin como Wallace Wells, Chris Evans como Lucas Lee, Anna Kendrick como Stacey Pilgrim, Brie Larson como Envy Adams, Alison Pill como Kim Pine, Aubrey Plaza como Julie Powers, Brandon Routh como Todd Ingram, Jason Schwartzman como Gideon Graves, Johnny Simmons como Young Neil, Mark Webber como Stephen Stills, Mae Whitman como Roxy Ritcher e Ellen Wong como Knives Chau.
Sinopse de Scott Pilgrim Dá o Salto
Scott Pilgrim conhece Ramona Flowers, a mulher dos seus sonhos, e descobre que tem de derrotar os sete ex-namorados maléficos dela para poder sair com ela… com as coisas a tornarem-se ainda mais complicadas depois. Baseado nos romances gráficos de Bryan Lee O’Malley.
Quando foi anunciada a produção da série anime de Scott Pilgrim eu fiquei bem animado por gostar muito da adaptação para filme live-action, e principalmente por ter uma produção do estúdio Science SARU (que vem se tornando extremamente popular). Ao assistir ao primeiro episódio é fácil identificar os paralelos entre as referências de anime, mangá, jogos e o live-action. Porém, no final do episódio, a série pega na sua mão e fala: “Sabe o que você conhece de Scott Pilgrim? Vamos começar uma jornada nova”.
Assim como ocorreu nas outras mídias em que Scott Pilgrim foi lançado, as principais bases da história estão lá. Mas agora a história ganha um formato completamente diferente que possibilita que pessoas novas e antigas da obra Scott Pilgrim tenham acesso a um conteúdo completamente novo e que muitos podem considerar até melhor que as adaptações anteriores.
Scott Pilgrim Takes Off usa de toda a estética lúdica dos jogos e animes para falar de assuntos mais profundos, como relacionamento e crescimento. Esses assuntos são abordados constantemente no decorrer da história de forma bem natural através dos diálogos e ações dos personagens em diversas situações absurdas, mas que funcionam dentro do contexto da obra. Gostei bastante que a maioria dos personagens possuem um arco próprio que são desenvolvidos no decorrer de toda a série.
Ramona Flowers ganha um grande destaque nesta série, a personagem passa por todos os núcleos da obra e tem sua história desenvolvida através de sua interação com seus ex-namorados e outros personagens. A personagem é bem interessante e vai além de seu estilo e cabelos coloridos, Ramona mostra bastante um lado inseguro sobre tentar manter um relacionamento e como isso afeta as pessoas em torno dela. Os membros da liga de ex-namorados também ganham um destaque maior, com muitos deles mostrando um lado de insegurança que era escondida por um fino escudo de poder ou de fama.
Scott Pilgrim é claramente o ponto fora da curva nesta série, o personagem é utilizado para debater sobre imaturidade. Mesmo sendo utilizada a comédia para falar dos problemas de maturidade de Scott, podemos dizer que o arco do personagem é justamente aprender como esta característica pode afetar a vida dele negativamente no futuro. Já do lado dos coadjuvantes, gostei como a série desenvolve Knives Chau e a forma como ela reage após passar por uma determinada situação. Já com um bom tom da comédia, Young Neil, Wallace Wells e Julie Powers ganham bastante destaque ao gerarem as melhores situações no decorrer dos episódios.
Infelizmente existem alguns pontos negativos em torno da série, esses pontos não afetam a história central da série como um todo, porém achei que elas não foram abordadas por uma questão de tempo dos episódios. Estou me referindo a trama dos gêmeos ser completamente ignorada e da personagem Stacey Pilgrim ficar bem jogada de lado.
Indo completamente para um lado contrário de um anime comum, a produção da estúdio Science SARU se mostrou extremamente competente em Scott Pilgrim Takes Off. O visual dos personagens é muito bem produzido, sendo bem interessante eles terem estilos bem variados dependendo da situação. A animação é bem fluida para as cenas comuns e bem estilizadas para as cenas de lutas, com muitas cores e efeitos visuais. A edição é outro item de destaque na série, com cada episódio tendo um dinamismo próprio, inclusive o episódio cinco sendo o melhor episódio da série justamente por ser bem diferente de um episódio comum.
A trilha sonora do anime é absurda de boa, com diversas músicas com estilo de rock indie, indo para músicas épicas e com temas em estilo 8bits. O tema de abertura da série também fica na cabeça, com uma música gostosa de ser ouvida e com uma guitarra emulando acordes 8bits de música de video game. O retorno do elenco original do filme live-action também foi um acerto e funcionou muito bem para a série anime.
No geral, Scott Pilgrim Takes Off foi além do básico de uma adaptação, surpreendeu ao abordar de forma satisfatória sobre relacionamento, crescimento e maturidade. Desenvolveu seus personagens através destas temáticas e usando bem do lúdico e da comédia. Com uma animação muito bem produzida pelo estúdio Science SARU, o anime merece entrar como destaque deste ano por sair do básico e trazer um visual estiloso, divertido e com muitas referências a animes e jogos.
