Shinobi é um clássico atemporal da Sega, que ficou marcado nas nossas memórias, principalmente a partir de The Revenge of Shinobi. A série conquistou os fãs desde os primeiros títulos, tornando-se um ícone entre os jogos de acção e plataforma da era dos 16 bits.
Com o recém lançado Shinobi: Art of Vengeance, que foi desenvolvido pela LizardCube, a série regressa numa abordagem moderna sem perder a sua natureza. O jogo combina elementos novos, como gráficos mais pormenorizados e uma narrativa mais presente, com as particularidades que definem a franquia: a ação fluida, desafios exigentes e aquela sensação de ser um ninja imparável.

A história de Shinobi: Art of Vengeance mantém a simplicidade típica da série, servindo como um fio condutor para o que realmente importa, a sua acção. Mais uma vez controlamos Joe Musashi, o protagonista desta série, que parte numa jornada de vingança contra uma ameaça que colocou em risco a sua aldeia e aqueles que lhe são próximos.
O primeiro jogo da série Shinobi foi lançado em 1987 nas arcadas da Sega.
A partir desta premissa partimos com o objetivo de eliminar todos os que estão por detrás da destruição do clã de Musashi, percorrendo fases repletas de inimigos, armadilhas e segredos escondidos. Uma das mudanças mais notáveis na exploração é a adopção de uma estrutura inspirada nos metroidvanias. Apesar de ser simplificada em comparação aos mestres do género, esta abordagem funciona muito bem em Art of Vengeance, adicionando desafios que tornam o combate e a exploração mais prazerosos. Desbloquear novas habilidades e aceder a zonas antes inacessíveis, adiciona camadas à experiência, sem quebrar o ritmo frenético do jogo.
A exploração é bem recompensadora, pois cada zona esconde tesouros significativos para a jogabilidade. Podemos encontrar baús que oferecem novos combos, relíquias de Oboro que desbloqueiam novas habilidades numa loja e desafios especiais como o Esquadrão de Elite ou as Fendas, que testam a nossa força e destreza. Em particular estes dois últimos desafios garantem recompensas únicas, além de nos incentivar a dominar totalmente as mecânicas do nosso ninja.

As fases de Shinobi: Art of Vengeance são diversificadas e muito interessantes, conseguindo equilibrar referências ao passado da série com novidades que nos conseguem fascinar facilmente. Algumas zonas lembram experiências vividas nos clássicos, enquanto outras introduzem ideias originais que dão um toque extra às missões.
Temos momentos absolutamente memoráveis, como explorar montados num lobo, deslizar por superfícies em cima de uma prancha ou percorrer ambientes iluminados por luzes neon com painéis inspirados na cultura japonesa. Uma diversidade que mantém a experiência sempre dinâmica, ao mesmo tempo que reforça a sensação de aventura que tanto apreciamos nesta série.
Como seria de esperar, o seu combate é rápido, intenso e extremamente satisfatório. O nosso protagonista possui um conjunto variado de habilidades ninjas, aliando combos com magias elementares, como fogo e raio, apresentados no jogo como ninpo. Misturar estes combos com os poderes permite realizar ataques bastante precisos e letais à medida que nos deslocamos pelos cenários, tudo em tempo real, criando uma sensação incrível nos controlos. Para complementar as nossas técnicas, temos uma barra de raiva que depois de preenchida nos permite invocar habilidades especiais. Entre elas, destaca-se a icónica invocação de um dragão de fogo que atravessa todo o ecrã, causando destruição e proporcionando um impacto visual impressionante.

Durante os combates não esperem encontrar sempre inimigos fáceis de derrotar, muitas vezes conseguem encarar-nos de igual para igual, exigindo reflexos apurados, estratégia e um domínio completo das técnicas disponíveis. No entanto, os bosses de Shinobi: Art of Vengeance não apresentam um nível de dificuldade tão elevado como estava à espera. Cada um deles tem padrões de ataque bem definidos e, depois de compreendidos, tornam-se relativamente fáceis de derrotar, apesar de serem divertidos de lutar e apresentarem um design digno de verdadeiros chefes.
Ao lado de Sonic e Alex Kidd, Joe Musashi, o protagonista de Shinobi, foi também a mascote da Sega durante os anos 80 e 90.
Em Shinobi: Art of Vengeance um dos elementos que mais rapidamente chama a atenção é o seu mundo desenhado à mão, colorido e dinâmico, que remete de imediato para o estilo de Streets of Rage 4. Cada fase possui uma identidade própria muito bem definida, destacando-se de forma inovadora e mantendo a experiência visual única como sempre.

Os efeitos, sobretudo as magias e habilidades especiais, são um verdadeiro requinte. Esse conjunto de elementos é acompanhado por uma banda sonora igualmente sonante. Da autoria do nosso compatriota Tee Lopes, a música funde-se harmoniosamente com a atmosfera, intensificando cada momento da acção. Além disso, o voice acting, embora utilizado de forma moderada, acrescenta carácter às sequências narrativas e profundidade às interações com os personagens.
Em suma, Shinobi: Art of Vengeance revela-se uma experiência cativante, capaz de honrar o legado da série e simultaneamente abrir caminho para novos horizontes. A jogabilidade fluida, a diversidade de fases, o combate explosivo e os visuais vibrantes combinam-se com uma banda sonora memorável, criando um jogo que respira identidade própria. É uma homenagem ao passado, mas com os olhos postos no presente, oferecendo uma experiência que promete conquistar tanto os fãs veteranos como os novos jogadores.