Há um tempo atrás nunca poderíamos imaginar que a Nihon Falcom fosse conseguir alcançar atualmente o estatuto de um dos melhores estúdios do género RPG japonês. No fim de contas, o estúdio é o responsável de duas grandes propriedades, a série YS e a série Trails, que têm vindo a ser recebidos com muito amor pelos fãs ocidentais.

Depois do lançamento de The Legend of Heroes: Trails Through Daybreak, no dia 25 de Outubro chega-nos a décima parte de Ys, Ys X: Nordics para PlayStation 4PlayStation 5Nintendo Switch e PC (Steam).

Ys X Nordics acontece entre os eventos de Ys II e Ys: Memories of Celceta, onde o jogador mais uma vez assume o papel do herói intrépido Adol Christin numa idade tenra e inexperiente. A aventura começa nas águas do Golfo de Obelia com Adol e o amigo Dogi dentro de um navio a caminho de Celceta, mas rapidamente são atacados por um grupo de piratas vikings conhecidos pelo nome de Normans. É neste momento que Adol conhece a princesa Norman, Karja Balta, uma guerreira habilidosa capaz de controlar um poder chamado neste mundo de Mana. Depois deste acontecimento, o grupo que habita o navio é transportado para a ilha de Carnac. No entanto, o nosso herói é guiado até à praia por uma voz misteriosa, chamada Lili, que acaba por lhe oferecer os poderes da Mana. Porém, o momento fica marcado pela invasão dos Griegrs, uma raça de imortais que destrói a vila e captura os habitantes da mesma. É aqui que o destino de Adol é unido ao de Karja por um fio mágico, fazendo-os atuar em conjunto perante o mistério por trás da voz e para salvar os habitantes daquela vila.

A princesa dos Normans

Dividida por capítulos, a história de Ys X: Nordics comparada às parcelas anteriores, Ys IX e especialmente Ys VIII, não me convenceu completamente. Não quer dizer que seja má ou menos empolgante, sobretudo quando apresenta algumas viragens na narrativa, um elenco em parte diferenciado e ainda ótimos momentos em combate. No entanto, nem todas as personagens tiveram o mesmo tempo de desenvolvimento e nem todas são igualmente carismáticas, em especial o Adol que continua a apresentar-se como um protagonista silencioso que desta vez parece ser um simples alicerce para auxiliar no combate. As motivações que levam os heróis a viajar pelo oceano estão sempre evidentes, mas em certos casos os eventos arrastam-se por demasiado tempo, com diálogos extensos e que nem sempre são interessantes.

Ys X: Nordics foi lançado para o Japão no dia 28 de setembro de 2023

Apesar destes pontos menos positivos, a presença da nova heroína Karja traz ânimo à narrativa. Durante a aventura mostra ser uma líder nata, com uma presença forte e personalidade muito vincada, tornando-se possivelmente uma das minhas protagonistas favoritas da série. A juntar a isso, enquanto navegamos também se vai tornando normal partilharmos histórias e informações com os nossos companheiros, como também encontrarmos uns monólitos antigos espalhados pelo mapa que acrescentam matéria à narrativa, apresentando memórias/histórias de guerreiros Normans do passado

Sandras

Como não deixa de ser habitual, o melhor ficou guardado para a exploração e para o combate. Diferente dos jogos anteriores, os jogadores nesta parcela não vão encontrar áreas interconectadas, mas sim um vasto oceano dividido por ilhas que pode ser explorado com o apoio do nosso navio, Sandras. Embora que no início tenhamos um navio antigo sem grande potência, aos poucos vamos poder desbloquear melhorias e um arsenal variado, aumentando por exemplo a sua velocidade e o poder de ataque. Para isso, também precisamos de salvar os aldeões de Carnac que foram transformados em criaturas, para se juntarem à nossa tripulação e nos auxiliar nesta viagem.

Apesar das limitações iniciais, com o desenrolar torna-se gratificante melhorar aos poucos a intensidade do nosso barco, para que nos sintamos cada vez mais à vontade com os combates navais. Como já mencionei, as pessoas que salvamos ao longo do jogo serão não só importantes para melhorar o nosso navio, mas também para melhorar a nossa aventura. Cada uma tem a sua especialidade e quando damos conta já temos a bordo do nosso navio uma loja de armas e armaduras, um espaço para cultivar vegetais, uma cozinha e até um espaço para criar poções. É um sistema acessível que vai ganhando forma naturalmente, beneficiando a nossa exploração e também o combate.

À medida que navegamos pelo oceano, as missões levam-nos ao encontro de inúmeras ilhas. Algumas são ocupadas por vilas, enquanto a maioria apresenta pequenas masmorras ocupadas por criaturas e baús. O jogo oferece uma boa variedade de dungeons, que se tornam mais profundas consoante desbloqueamos as habilidades de deslocação provenientes da mana. Estas habilidades como a prancha ou o binóculo são necessárias para aceder a diversos pontos ou descobrir objetos e itens ocultos.

Com o desenvolvimento, as dungeons vão-se transformando cada vez mais num quebra-cabeças, onde será preciso usar frequentemente as habilidades dos dois protagonistas para os ultrapassar. A dungeons nunca se tornam muito difíceis, mas de certa forma são uma lufada de ar fresco que fazem com que o jogo não se torne repetitivo. Em relação aos ambientes, estes conseguem ser relativamente simples, sem grandes disparidades no que toca a paisagens e isso acontece igualmente com as criaturas que se repetem demasiadas vezes.

Uma das vítimas dos Griegrss

Já o combate, é o ponto mais robusto de Ys X: Nordics. Continuamos a desfrutar de um combate intuitivo repleto de adrenalina que ganha nova dimensão com o atual sistema do jogo. Apesar de só termos Adol e Karja em campo, o combate mantém-se rápido e fluido, continuando a combinar as esquivas, defesa e as habilidades especiais para cortar brevemente os inimigos.

Para além de cada um ter as suas características e habilidades, em combate também temos acesso às habilidades conjuntas, as “duo skills”. Estes ataques são o grande trunfo dos dois heróis para derrotar vários inimigos em segundos, mas também são fundamentais para encarar os Griegrs especiais que tem incorporado na sua barra de vida um escudo. Para tirar um melhor proveito deste sistema, devemos recorrer à defesa no momento certo para carregar o medidor “Revenge gauge” que impulsiona o nosso poder de ataque. Ys continua a trazer diversidade e diversão para as lutas, sem nunca pôr de lado a estratégica que os jogadores precisam para encarar os desafios recorrentes.

A progressão dos personagens passa ainda por uma árvore de habilidades chamada de Release Line, que vai buscar inspiração ao sistema de combate da série Trails. Da mesma maneira, devemos desbloquear os slots para lhes inserir diferentes gemas que aumentam as estatísticas dos nossos personagens, como o ataque edefesa, entre outros. Além disso, é a partir deste sistema que recebemos a maior parte das nossas habilidades especiais. Apesar de não ser tão minuciosa como a de Trails, esta é uma abordagem mais direta e bem apreciada para quem busca algo mais simples e descontraído.

Adol na sua prancha

Uma das primeiras coisas que reparamos quando começamos Ys X: Nordics é que não houve uma evolução muito forte na parte visual. As principais melhorias passam pela arte e modelos dos personagens que se encontram mais pormenorizados e apelativos. Fora isso, percebe-se que as texturas dos cenários, como por exemplo das casas, rochas e vegetação, carecem de algum pormenor, ficando atrás do mais recente lançamento, Trails Through Daybreak.

A banda sonora foi criada mais uma vez pela equipa da Falcom Sound Team jdk

O que me deixou feliz foi a presença de uma banda sonora diversificada munida de melodias espetaculares tais como as anteriores. Há temas para variadas situações, desde as mais calmas até as mais elétricas que acompanham maravilhosamente a nossa aventura. Por fim, embora prefira o voice acting original japonês, as vozes em inglês neste título também soam bem, ainda que tenha notado que nem todos os atores transparecem perfeitamente as emoções que os personagens e diálogos querem entregar aos jogadores.

Ys X: Nordics continua a transmitir a sensação de aventura e descoberta ao longo do jogo vivida na série, apostando num combate igualmente atrativo e intuitivo quanto os anteriores. Desta vez a narrativa e a diversidade de paisagens não me convenceram como esperava, no entanto, diverti-me a explorar o vasto mar e ilhas do jogo, procurando os seus segredos e a salvar os habitantes de Carnac. Esta nova aventura agradará especialmente aos fãs de YS, mas para primeira impressão, não será certamente a melhor escolha para quem quiser iniciar-se nesta série.

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Lucis
Lucis
20 , Outubro , 2024 17:23

Ys era bom mesmo quando era 90% gameplay e 10% plot
Falcom é muito ruim escrevendo história