Estreando em janeiro de 2025 e sendo finalizado em 12 episódios neste último domingo, 23 de março, a série anime ZENSHU trouxe um grande desafio para o MAPPA (Chainsaw Man, Jujutsu Kaisen, The God of High School, Dororo, Dorohedoro) ao conta uma história original à volta de uma animadora.

A obra possui direção de Mitsue Yamasaki (Sleepy Princess in the Demon Castle, Tada Never Falls in Love), a história é de Kimiko Ueno (Carole & Tuesday, Astro Note) e o design de personagens é de Yoshiteru Tsujino (FLCL: Grunge) com esses designs a serem colocados em animação por Kayoko Ishikawa (Sarazanmai) que é também diretora de animação juntamente com Shuuji Takahara, Kazuko Hayakawa e Etsuko Sumimoto. A música é da responsabilidade de Yukari Hashimoto (Komi Can’t Communicate, March comes in like a lion).

O elenco de voz do anime contou com Anna Nagase como Natsuko Hirose, Kazuki Ura como Luke Braveheart, Rie Kugimiya como Unio, Minori Suzuki como Memmeln e Akio Suyama como QJ.

Sinopse de ZENSHU

Depois de terminar o ensino médio, Natsuko Hirose inicia a sua carreira como animadora. O seu talento floresce rapidamente e ela estreia-se como diretora em pouco tempo. O seu primeiro anime torna-se um grande sucesso, desencadeando um fenômeno social e ganhando o seu reconhecimento como uma diretora genial em ascensão. O seu próximo projeto será um filme de comédia romântica com o tema do primeiro amor! No entanto, por nunca se ter apaixonado, Natsuko esforça-se para entender o conceito de primeiro amor e, como resultado, não consegue criar o storyboard, paralisando a produção do filme.

ZENSHU anime teaser screenshot

Imagina você ter a oportunidade de reescrever sua obra favorita, acertar coisas na história que não gostou ou impedir a morte de personagens que gostava. Este é o conceito inicial que ZENSHU aborda no decorrer de sua história e que acaba sendo uma forma interessante de falar sobre diversos assuntos no decorrer de seus 12 episódios. Mesmo a série não abordando de fato a parte da indústria da animação, gosto como a obra vai para um lado mais intimista ao focar em assuntos emocionais que cercam animadores e pessoas que trabalham com criatividade.

Se utilizando de forma criativa do tematica isekai, ZENSHU traz a personagem Natsuko Hirose para dentro de sua obra favorita no mundo fictício de “Perishing Story” em uma oportunidade de reescrever os acontecimentos de sua história favorita e referência para ela se tornar animadora. É bem interessante como vemos a história de Perishing Story pelos olhos de Natsuko, através da interação dela com os personagens daquela história e as aventuras que ela vai passando no decorrer da série.

O público passa a conhecer a história de Perishing Story pelos olhos da Natsuko, mas a história da Natsuko o público que está assistindo a série conhece pelo olhos de pessoas foram influenciadas de alguma forma pelo seu jeito de mostrar o seu amor pela animação de Perishing Story. É uma forma bem diferente de mostrar o passado de um personagem, mas que eu achei bem criativo e que acaba casando com a temática principal da série. Mas ao mostrar o passado da personagem vemos uma abordagem das partes mais complexas emocionalmente da série, principalmente em torno do complexo de perfeição que Natsuko passa a buscar ao ponto de se isolar socialmente e no trabalho. Olhando de fora como está a indústria anime atual, principalmente sobre os animadores, essa questão acaba não sendo uma crítica direta ao formato atual de produções com poucos staff ou com baixo tempo de produção, mas acaba revelando um outro problemas que ocorre com quem trabalha de alguma forma com criatividade: o bloqueio criativo.

Falando com as minhas palavras, o bloqueio criativo é como se as ideias para um trabalho criativo, como texto, desenho, etc, sumissem da mente quando mais precisamos. Em ZENSHU vemos a questão em torno do bloqueio criativo sendo apresentado em diversas situações em que Natsuko precisava desenhar algo novo para resolver algum problema. Problemas psicológicos, como depressão ou burnout, também podem causar bloqueios criativos e isto é apresentado na história de uma forma indireta e como uma analogia ao “grande vazio”, inclusive colocando em paralelo a história de Natsuko e do personagem Luke Braveheart, que cai em depressão após determinados acontecimentos no final da segunda metade da história.

Se por um lado eu falei muito bem de como ZENSHU aborda muito bem algumas questões e o desenvolvimento de Natsuko, por outro lado eu tenho que criticar como a primeira metade do anime é esticado de forma demasiada. Os primeiros episódios do anime possuem muitas repetições de ideias, mesmo trazendo alguma apresentação de universo, a primeira parte da obra demora bastante para trazer algum desenvolvimento real para a obra. Mas no geral a história da obra não surpreende, mas diverte ao ponto de ser uma boa série para passar o tempo.

A produção de ZENSHU é muito bem animada, com muitos pequenos detalhes que são perceptíveis visualmente. O anime possui uma vasta quantidade de personagens visualmente marcantes, com estilos próprios que mescla bem o moderno e o clássico de animes de fantasia medieval. É bem interessante como funciona a animação dos desenhos de Natsuko, se destacando visualmente do restante da animação. A fotografia e cenários de fundo da série também são muito bem produzidos, com o uso de cenários variados e com tom de cores bastante específicas dependendo do local e da condição do clima da cena, um tipo de detalhe que normalmente vejo mais cuidado em filmes anime. A edição e montagem também é bastante dinâmica, mas nada muito corrido e dando o tom casual que casa bem com a trilha.

Um outro ponto de destaque na série é a sua trilha sonora. O tema principal da série é só tocado em momentos chave, mas chega a ser meio repetitivo no decorrer do episódio do anime. Ainda assim, a série também possui uma trilha que passa bem o tom mais casual que a obra possui. Existem muitos temas em piano, mas isso é algo que parece ser bem característico de Yukari Hashimoto (Komi Can’t Communicate), mas que funciona muito bem. 

Gosto do elenco de voz japonês funciona muito bem e consegue passar bem o clima das cenas, mas desta vez vou destacar também o elenco de voz da versão dublada brasileira, que teve direção de Erick Bougleux, produção de dublagem no estúdio Som de Vera Cruz e teve lançamento simultâneo na Crunchyroll junto do episódio original.

No geral, ZENSHU é uma série anime que não surpreende, mas, mesmo com um inicio longo, ele possui uma história que diverte ao ponto de ser uma boa série para passar o tempo e ainda aborda temas interessantes relacionados a trabalhos de criatividade. A animação é muito bem produzida, com montagem e edição dinâmica e até sua trilha casual funciona muito bem.

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