
A AMD notificou os seus parceiros de que irá aumentar os preços de toda a sua linha de placas gráficas em pelo menos 10%, segundo relata a publicação taiwanesa UDN. O aumento será o segundo implementado pela fabricante em poucos meses e afetará todos os modelos da gama Radeon, incluindo as recém-lançadas RX 9070 e RX 9070 XT.
A decisão surge na sequência de uma escalada acentuada nos preços da memória DRAM, componente essencial em todas as placas gráficas. A GDDR6, a memória utilizada na maioria das placas gráficas, aumentou cerca de 30% à medida que os fabricantes redirecionam mais capacidade de produção para DDR5 de servidores, HBM e hardware de inteligência artificial.
Segundo a UDN, traduzido automaticamente, “a subida contínua nos preços da memória levou a um aumento acentuado nos custos das placas gráficas. Fontes da indústria indicam que a AMD, o segundo maior fabricante de placas gráficas, notificou os seus parceiros de um segundo aumento de preços em toda a sua linha de produtos. O aumento está estimado em pelo menos 10%”.
O timing não poderia ser pior para a AMD. As placas Radeon RX 9070 e RX 9070 XT apenas recentemente atingiram os seus preços recomendados de 549 e 599 dólares, respetivamente. Durante quase todo o ano de 2025, os modelos foram vendidos acima do MSRP devido à escassez de componentes e forte procura.
A crise da memória DRAM
Os preços da DRAM subiram 171,8% ano após ano, empurrando os custos deste componente essencial para novos máximos históricos. A DRAM é crucial para cada GPU, smartphone, PC e consola. Os principais fabricantes sul-coreanos de memória, incluindo Samsung e SK Hynix, são atualmente incapazes de satisfazer todas as encomendas, cumprindo apenas 70% delas.
OEMs mais pequenos e distribuidores foram aconselhados a antecipar apenas 35-40% de cumprimento durante o primeiro trimestre de 2026. Mesmo alguns AIBs maiores, como a PowerColor, podem enfrentar escassez de fornecimento de DRAM, potencialmente deixando as suas GPUs sem módulos DRAM instalados.
A situação é particularmente grave porque a procura de memória para datacenters de inteligência artificial continua a crescer exponencialmente. Os fabricantes de memória estão a redirecionar a produção para produtos mais lucrativos destinados ao mercado empresarial e de IA, deixando menos capacidade disponível para o segmento de consumo.
A PowerColor, um dos principais parceiros da AMD, aconselhou publicamente que a melhor altura para comprar uma nova placa gráfica seria durante a Black Friday, antes dos aumentos de preços entrarem em vigor no próximo ano. Um representante da empresa mencionou posteriormente que as suas publicações foram mal interpretadas, esclarecendo que a AMD não vende apenas GPUs isoladamente, mas sim pacotes que incluem memória e GPU em conjunto.
O aumento de preços não se limitará apenas às placas gráficas dedicadas Radeon RX 7000 e 9000. Este aumento de preços não só afetará as placas Radeon RX 7000 e 9000, mas também quaisquer produtos que incluam tanto GPU como memória. Isto inclui os chips Ryzen Z1 e Z2, consolas Xbox e PS5, e processadores portáteis com GPUs integradas (APUs).
Esta situação coloca os fabricantes de consolas numa posição delicada. A Xbox e a PlayStation 5 utilizam chips semi-personalizados da AMD que integram CPU e GPU com memória dedicada. Rumores sugerem que a Microsoft poderá ser forçada a aumentar os preços das suas consolas, e a Sony poderá enfrentar condições semelhantes no próximo ano se os relatos atuais se confirmarem.
Nvidia também deve seguir o mesmo caminho
Embora a AMD tenha sido a primeira a confirmar o aumento aos parceiros, espera-se que a Nvidia enfrente pressões similares. Relatos indicam que a Nvidia está a considerar um aumento de preços semelhante no início de 2026. A fabricante terá mesmo adiado o lançamento da série RTX 50 SUPER devido ao aumento de custos dos módulos de memória GDDR7 de 3GB.
Ambas as empresas não estão a impulsionar os aumentos por vontade própria, mas sim apanhadas no mesmo aperto de fornecimento de memória. A situação recorda a crise das criptomoedas que atingiu o mercado de GPUs há alguns anos, embora desta vez o culpado seja a inteligência artificial.
Os fabricantes de memória também são relutantes em aumentar massivamente a oferta. Foram queimados por bolhas no passado, ficando com vastos inventários de memória que acabaram por ter de vender a preços baixos. Nem a Samsung, nem a Micron, nem a SK Hynix querem ficar com stocks excessivos se a bolha da IA rebentar.
Para quem está a considerar atualizar a placa gráfica, a janela de oportunidade está rapidamente a fechar-se. As ofertas da Black Friday e Cyber Monday podem representar a última hipótese de adquirir uma GPU a preços razoáveis antes dos aumentos entrarem em vigor.
Como é habitual com este tipo de relatórios, pode demorar semanas até que qualquer mudança apareça no retalho. As placas já fabricadas e em stock podem manter os preços atuais durante algum tempo, mas uma vez esgotado esse inventário, os novos lotes chegarão com os custos mais elevados.









