
A Samsung lançou uma versão desktop do seu navegador web para Windows. A decisão de trazer o Samsung Internet, tradicionalmente um browser mobile, para computadores pode parecer estranha numa altura em que o mercado já está saturado de opções. No entanto, a empresa deixa claro que o objetivo passa pela integração de inteligência artificial.
Ao apresentar o produto, a Samsung descreveu o Samsung Internet como algo que está a “evoluir de um navegador de PC que espera por comandos para uma plataforma de IA integrada”. A mensagem não poderia ser mais explícita sobre as verdadeiras intenções por trás deste lançamento.
Esta não é tecnicamente a primeira vez que a Samsung disponibiliza o seu navegador para Windows. Em 2024, a empresa lançou brevemente o Samsung Internet para o sistema operativo da Microsoft, apenas para o retirar da Microsoft Store pouco depois, sem qualquer comunicado ou explicação pública.
A razão exata para essa retirada nunca foi oficialmente esclarecida, mas a rapidez com que desapareceu sugere problemas técnicos significativos ou uma mudança estratégica de última hora. Agora, menos de um ano depois, a Samsung regressa com uma proposta aparentemente mais robusta e com objetivos mais claramente definidos.
Como seria de esperar num navegador moderno que opera em múltiplas plataformas, o Samsung Internet para Windows suporta sincronização de dados entre dispositivos. Favoritos, histórico de navegação e informações de preenchimento automático acompanham o utilizador entre smartphone e computador.
A empresa destaca também o foco em privacidade e segurança, oferecendo funcionalidades padrão como bloqueio e um painel de controlo de privacidade. No entanto, estas funcionalidades dificilmente justificam por si só o lançamento de mais um navegador num mercado já dominado por Chrome, Edge, Firefox e Safari. A verdadeira aposta da Samsung reside noutro território.
Corrida aos navegadores com IA
O timing do lançamento coincide com uma onda de novos navegadores centrados em inteligência artificial. A OpenAI lançou recentemente o ChatGPT Atlas, a Microsoft atualizou o seu Edge com novas funcionalidades do Copilot Mode, a Opera disponibilizou o Neon em acesso antecipado, e o navegador Comet da Perplexity chegou à disponibilidade geral.
Esta súbita explosão de navegadores focados em IA não é coincidência. As empresas tecnológicas acreditam que a próxima grande mudança na forma como interagimos com a web passará por assistentes inteligentes que antecipam necessidades em vez de simplesmente responderem a comandos diretos.
A Samsung posiciona o seu navegador como parte da “visão para IA ambiente”, conceito que implica tecnologia que trabalha discretamente em segundo plano, antecipando necessidades e oferecendo assistência personalizada sem exigir interação constante do utilizador.
Se a Samsung pretende competir seriamente neste novo paradigma de navegação assistida por IA, não pode limitar-se aos dispositivos móveis. A maioria das pessoas ainda realiza trabalho sério e sessões de navegação prolongadas em computadores desktop ou portáteis.
Estar presente apenas em smartphones significaria ceder terreno crucial aos concorrentes que já dominam o espaço desktop. A Microsoft, em particular, tem vantagem óbvia através do Edge pré-instalado no Windows, enquanto o Chrome da Google mantém quota de mercado esmagadora em todas as plataformas.
A sincronização entre dispositivos torna-se especialmente importante neste contexto. Se o navegador com IA realmente aprende padrões e preferências do utilizador, essa aprendizagem precisa de acompanhar a pessoa independentemente do dispositivo que esteja a usar naquele momento.
Disponibilidade através de programa beta
O Samsung Internet encontra-se disponível através de um programa beta para utilizadores de Windows 11 e Windows 10 versão 1809 ou superior. Esta abordagem de lançamento gradual permite à empresa recolher feedback e identificar problemas antes de uma disponibilização mais ampla.
A decisão de começar por uma beta sugere que a Samsung aprendeu com a experiência de 2024. Em vez de um lançamento completo que depois tem de ser retirado, a empresa opta por uma fase de testes mais controlada com utilizadores dispostos a tolerar potenciais instabilidades.
As inscrições podem ser feitas diretamente na página do produto. Não foram revelados timings para quando o navegador sairá da fase beta para disponibilidade geral, embora isso dependa provavelmente da receção inicial e da estabilidade demonstrada durante este período de testes.









