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    Advogado de entretenimento japonês revela o segredo por que a live-action de One Piece foi tão aclamada

    Também expõe por que o filme dos Cavaleiros do Zodíaco e Dragon Ball Evolution não correram da melhor forma

    A adaptação live-action de One Piece pela Netflix estreou a 31 de agosto em todo o mundo e rapidamente alcançou o topo das tabelas em todos países onde recebeu críticas favoráveis quer dos fãs como dos críticos. Os admiradores de longa data da série suspiraram de alívio pela fidelidade com que a adaptação live-action tratou do source material, visto que que os live-action de anime e mangá de certa forma destruíram a imagem da obra original. Até mesmo Eiichiro Oda, o autor da mangá original, hesitou em aprovar o projeto, por não acreditar na capacidade das adaptações live-action transitarem do papel para atores de carne e osso.

    Embora tenham sido apontados alguns desvios da história original, o live-action de One Piece, num cômputo geral proporcionou uma experiência fiel e muito bem realizada, que evitou muitos dos problemas que frequentemente assolam as produções live-action.

    No que diz respeito ao sucesso da série, um advogado envolvido no projeto forneceu algumas informações interessantes que podem explicar porque a série da Netflix se tornou num sucesso.

    Tudo começou quando Hiroya Oku, o famoso mangaká criador de Gantz e Inuyashiki, comentou o seguinte nas rede sociais:

    A adaptação live-action de One Piece pela Netflix foi aparentemente criada com uma estreita colaboração com o criador original e, assim, tornou-se algo que qualquer um pode concordar que é de alta qualidade. Hollywood devia aprender com isto e crie o hábito de trabalhar e colaborar com os autores originais quando adapta mangá.

    O autor de Gantz atribui o sucesso desta adaptação de One Piece ao facto de Eiichiro Oda ter estado diretamente envolvido na produção e manifesta a esperança de que este tipo de dinâmica se torne a norma no futuro.

    Fukui Kensaku, um advogado da área do entretenimento respondeu ao seu comentário da seguinte maneira:

    Deparei-me com esta publicação. Estive envolvido no contrato de One Piece, por isso não posso comentar como desejaria, mas gostaria de referir uma coisa muito importante. Tudo depende do contrato. O que quero dizer é que quase 100% dos contratos do género de Hollywood incluem a cláusula “As alterações à obra original podem ser executadas livremente e o autor não pode exercer direitos morais” de salientar que as coisas não acabam com a simples aceitação desta cláusula. Certamente que a comunicação estreita com o autor é importante, mas o segredo é incluir as chamadas condições de “Controlo de Qualidade”, tais como (1) a apresentação de cenários, desenhos, rascunhos, etc. em cada fase e a garantia de “discussões significativas” em resposta a comentários, (2) a especificação de elementos-chave que requerem a aprovação do criador original em caso de alterações, etc. Estes tratam-se de métodos mais suscetíveis de serem aceites. Uma vez que existe um precedente significativo de adaptações que vão contra as ideias do seu material de origem e que perdem o apoio dos fãs, mas existe mais espaço para negociar este tipo de condições doravante e espero não se limitem a títulos muito famosos, por isso, experimentem. (Claro que o objetivo disto não é negar que as adaptações façam aventuras criativas e melhoramentos).

    Em relação a esta afirmação, Fukui, revela que esteve envolvido na parte legal de One Piece, ao mencionar que as condições do contrato são um fator decisivo no sucesso das adaptações, sublinha que a maioria dos contratos de Hollywood dão total liberdade de quem faz as adaptações e não permite que os autores originais as contestem. Embora a cooperação com o criador original seja importante para as adaptações, é de grande importância assegurar um quadro jurídico justo ao acrescentar condições relacionadas com o controlo de qualidade. Desta forma, os autores podem ser mantidos a par do progresso e podem ter autoridade para vetar alterações que considerem estar fundamentalmente em desacordo com o material de origem.

    Embora Fukui esteja impedido de comentar o contrato da live-action de One Piece por motivos legais, as observações gerais que faz dão uma ideia de outro fator que pode ter contribuído para que esta adaptação live-action se destacasse entre as suas antecessoras -que não correram assim tão bem. As suas palavras também dão um toque de encorajamento para futuros empreendimentos que tentem adotar medidas semelhantes.

    Bruno Reis
    Bruno Reis
    Vindo de vários mundos e projetos, juntou-se à redação do Otakupt em 2020, pronto para informar todos os leitores com a sua experiência nas várias áreas da cultura alternativa. Assistiu de perto ao nascimento dos videojogos em Portugal até à sua atualidade, devora tudo o que seja japonês (menos a gastronomia), mas é também adepto de grandes histórias e personagens sejam essas produzidas em qualquer parte do globo terrestre.

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    Samuel Silva
    Samuel Silva
    22 , Setembro , 2023 21:27

    Esta questão legal é uma revelação interessante do backstage da produção. Quem detém as licenças tem trunfos na negociação, basta impor linhas vermelhas no contrato e manter-se fiel a elas. Mas, convenhamos que nem todas as IP’s têm a grandeza de One Piece e isso reflecte-se no quanto as produtoras estão dispostas a ceder na liberdade criativa, no budget e no facto de ter pessoas competentes na produção, escrita do argumento e Cast que também era fã da obra. Este live action foi uma conjugação de factores que culminou num resultado final muito satisfatório.

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