Mal estreou na Netflix e Last Samurai Standing já está a fazer furor. A série japonesa, que combina elementos de Squid Game com a estética de Shōgun, conquistou 100% de aprovação no Rotten Tomatoes e não parou de subir nas tabelas da plataforma desde o lançamento a 13 de novembro. Agora, o criador Michihito Fujii revelou que tem planos para duas ou três temporadas.
Numa conversa com a Forbes, Fujii abordou o futuro da série de forma pragmática. Quando questionado sobre quantas temporadas seriam necessárias para contar a história completa, o diretor japonês respondeu: “Duas ou três temporadas. No entanto, às vezes as temporadas futuras acontecem dois ou três anos depois, e os espectadores esquecem-se do que aconteceu no passado. Como sou fã da Netflix, tento transmitir o máximo que posso numa temporada. Gosto de fazer o máximo possível. Se pudéssemos concluir toda a história com mais uma temporada, acho que essa é a nossa missão”.
A preocupação de Fujii não é infundada. Séries como All of Us Are Dead, também da Netflix, foram renovadas rapidamente mas demoraram anos a voltar ao ecrã, o que pode fazer os espectadores perderem o interesse. Esta consciência levou o diretor a construir uma primeira temporada que funciona como um todo satisfatório, mas deixa espaço para continuar.
A série, adaptada a novel histórica Ikusagami de Shogo Imamura (vencedora do prestigiado Prémio Naoki) e do mangá ilustrado por Katsumi Tatsuzawa, passa-se em 1878, durante a era Meiji. A história acompanha 292 samurais caídos em desgraça que participam num torneio brutal onde o prémio é 100.000 ienes, uma fortuna na época. O protagonista Shujiro Saga, interpretado por Junichi Okada, entra na competição para salvar a esposa e a filha doentes durante um surto de cólera.
Superpoderes podem chegar na segunda temporada
Se a renovação acontecer, os fãs podem esperar uma mudança significativa no tom da série. Junichi Okada, que além de protagonista é também produtor e coreógrafo de ação, revelou ao The Hollywood Reporter que o material original inclui elementos sobrenaturais que foram deliberadamente excluídos da primeira temporada.
“O material fonte é a novel, e depois também há um mangá, mas no original as personagens têm poderes especiais”, explicou Okada. “Para a nossa série, para a primeira temporada, não temos superpoderes, mas se Last Samurai Standing for muito popular e bem recebido, e se continuássemos para a segunda temporada, pode haver a possibilidade de introduzirmos alguns desses aspetos”.
Quanto à forma como isso poderia acontecer organicamente dentro da narrativa já estabelecida, Okada acrescentou: “Na primeira temporada, apresentámos a dança kagura, que é como um ritual espiritual, então há esse elemento de poder sobre-humano, por isso podemos ser capazes de introduzir esse poder divino”.
Uma produção que impressiona pela escala
O sucesso de Last Samurai Standing não surge do nada. A produção envolveu mais de 1.000 pessoas entre elenco e equipa técnica, com filmagens realizadas entre fevereiro e maio de 2024. As cenas de batalha no templo Tenryū-ji, em Quioto, foram filmadas ao longo de vários dias e destacam-se pelo uso de efeitos práticos em vez de CGI excessivo.
Fujii e Okada escolheram esta abordagem deliberadamente, inspirando-se em mestres do cinema como Akira Kurosawa e Buster Keaton. O objetivo era criar ação visceral e realista, onde o drama humano não fosse ofuscado pelos efeitos visuais. Numa cena particularmente perigosa, atores usaram equipamento resistente ao fogo para atuar com chamas reais.
Por enquanto, a Netflix ainda não anunciou oficialmente a renovação, mas os números parecem promissores. A comparação com Squid Game não é apenas pelo formato de jogo mortal, críticos destacam que Last Samurai Standing captura o mesmo tipo de comentário social sobre desigualdade e desespero, mas situado num contexto histórico fascinante.
Com um mangá em curso que já tem quatro volumes publicados e um criador com visão clara para o futuro, Last Samurai Standing parece ter todas as condições para se tornar a próxima grande saga da Netflix. A questão agora é saber se a plataforma vai apostar nestas duas ou três temporadas que Fujii idealiza, ou se a história de Shujiro Saga terminará mais cedo do que o planeado.
