Japonês de 49 anos passa semanas a viver com a sua mãe que morreu em casa

O Japão cada vez mais enfrenta o problema dos Hikikomori, um termo que designa um comportamento de extremo isolamento doméstico. Os hikikomori são pessoas geralmente jovens, entre 15 a 39 anos, que se retiram completamente da sociedade, de modo a evitar o contacto com outras pessoas. 

Se eles nunca deixam as suas casas, ou, no caso de alguns hikikomori extremos, até mesmo os seus quartos, como é que eles obtêm comida e roupas, ou pagam as contas sozinhos?

Normalmente, a resposta é que os seus pais lhes fornecem as suas necessidades fundamentais de vida, em grande parte devido às atitudes sociais no Japão em relação à responsabilidade e não causando sobrecarga para aqueles que estão fora do seu grupo social imediato. Mesmo que os pais estejam dispostos a continuar a apoiar os seus filhos até à idade adulta, muitos preocupam-se com o que acontecerá com os hikikomori quando os seus pais morrerem.

No entanto, esta semana, a polícia de Kanagawa deparou-se com o problema do que acontece quando a mãe de um hikikomori morre. Oficiais prenderam um hikikomori de 49 anos que mora na Ala Kanazawa, de Yokohama, acusado de abandono de cadáver já que ele simplesmente deixou o cadáver da sua mãe na casa que dividia enquanto continuava a morar lá.

Os investigadores estimam que a mãe, que tinha 76 anos, faleceu em meados de outubro, quando estava em casa com o filho. Quando a sua filha, de 45 anos, veio visitá-los no dia 4 de novembro, ela viu apenas o seu irmão, antes de descobrir que ele tinha colocado o corpo sem vida da sua mãe no seu quarto semanas antes.

A irmã contactou as autoridades, que prenderam o filho a 5 de novembro. A polícia descreve o filho, que está desempregado, como sendo quase inteiramente incapaz de conversar com outras pessoas, e ele fez uma declaração por escrito, dizendo: “Eu não pude fazer nada [depois da minha mãe morrer], então decidi esperar até à próxima vez que minha irmã viesse”.

O corpo da mãe não tinha ferimentos visíveis, e a polícia acredita que a sua morte foi devido a doença ou causas naturais, e não o resultado de intenção homicida pelo seu filho. Dada a sua condição psicológica, é improvável que ele enfrente qualquer tipo de punição rígida, apesar da falha em comunicar a morte da sua mãe ser um crime.

Esta não é a primeira vez que o corpo de um pai de um hikikomori não é comunicado pelos seus filhos por um longo período de tempo, e agora sem a sua mãe, o filho enfrenta uma transição difícil e, sem dúvida, necessitará de ampla assistência se algum dia se tornar quase auto-suficiente.