O grupo de pressão australiano Collective Shout assumiu publicamente a responsabilidade pelas recentes mudanças nas plataformas Steam e Itch.io que resultaram na remoção massiva de jogos com conteúdo adulto.
A situação, que tem gerado controvérsia na comunidade gaming internacional, começou quando as plataformas digitais se viram forçadas a apaziguar processadores de pagamento como a Visa, que subitamente demonstraram interesse no tipo de conteúdo disponível nos seus serviços.
Numa declaração no Facebook, o Collective Shout esclareceu: “Apresentámos as nossas objeções aos jogos de violação e incesto na Steam durante meses, e ignoraram-nos durante meses. Abordámos os processadores de pagamento porque a Steam não nos respondeu“.
A campanha teve início em março, quando o jogo “No Mercy”, que envolve violência sexual extrema, foi denunciado ao grupo. Através de petições, emails e lobbying, conseguiram que fosse removido da venda em abril.
Contudo, o grupo australiano continuou a enviar centenas de emails à Valve sobre outros jogos considerados problemáticos. Foi apenas quando começaram a pressionar diretamente processadores de pagamento como Visa, PayPal e MasterCard que as mudanças se tornaram visíveis.
Consequências além do pretendido
As ações do Collective Shout tiveram repercussões mais amplas do que inicialmente previsto. A Itch.io optou por remover completamente todo o conteúdo NSFW das suas páginas de pesquisa e navegação, enquanto a Steam introduziu novas regras vagas sobre conteúdo adulto e removeu diversos jogos.
Esta abordagem preocupa a comunidade gaming, especialmente os criadores de jogos LGBTQ+, que temem ser apanhados numa censura mais alargada devido aos valores cristãos que, alegadamente, orientam o Collective Shout.
Resposta da comunidade gaming
A reação não se fez esperar. Surgiram esforços coordenados para contra-pressionar as empresas de pagamento, incluindo cartas abertas à Visa onde os utilizadores expressam preocupação com o que consideram ser censura excessiva.
Uma carta-modelo partilhada no Reddit declara: “Estou preocupado como cliente sobre os recentes esforços da Visa para censurar conteúdo adulto em retalhistas de jogos online proeminentes (…) A Visa não tem o direito de ditar o meu comportamento ou o de outros consumidores“.
Em resposta, a Visa terá alegadamente negado estar a moderar conteúdo, insistindo que não faz “julgamentos morais” sobre compras legais e que apoia a venda de todo o conteúdo considerado “legal”.
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Um debate sobre limites e liberdade
Embora ninguém lamente a remoção de jogos como “No Mercy”, o caso levanta questões importantes sobre os limites entre a proteção de valores morais e a liberdade de expressão no mundo digital.
A situação demonstra como grupos de pressão podem influenciar o ecossistema gaming através de canais indiretos, neste caso os processadores de pagamento, quando as plataformas principais não respondem às suas preocupações.
O debate continua, com a comunidade gaming dividida entre aqueles que apoiam a remoção de conteúdo extremo e outros que temem uma censura mais alargada que possa afetar criadores legítimos e diversidade de conteúdo nas plataformas digitais.
Cada dia que passa, cada problema que surge. E com isto temos jogos como Mouthwashing que estão agora inacessíveis na itch.io.
Como alguém que o jogou recentemente eu tenho que perguntar, qual é o problema? Que razão é tão forte para levar a censura de um jogo que ensina mais sobre o psicólogo humano de uma forma cativante e que dá que pensar?
Este grupo claramente não interage com nenhum dos produtos que estão a censurar, simplesmente viram um screenshot que os incomodou, uma tag que julgam problemas ou simplesmente receberam uma queixa de um “caçador de bruxas” incomodado. E se ninguém puser um fim a esta campanha de censura podem ter certeza que eles jamais irão parar ou ficar satisfeitos com a situação porque para eles apenas a perspectiva e opiniões deles é que contam.