10 animes modernos marcados pela polémica

A última obra de Akira Toriyama chegou em outubro de 2024, meses após a morte do criador. Ver Goku transformado em criança outra vez era suposto ser uma aventura nostálgica pelo Reino Demoníaco, mas a receção foi morna. As queixas multiplicam-se: a história arrasta-se, os perigos nunca parecem reais, e há contradições gritantes com o que já conhecemos da saga. Pior ainda, sendo o último trabalho do Toriyama, há quem esperasse algo memorável, e Dragon Ball Daima simplesmente não é isso. A franquia está parada, há disputas legais sobre direitos de autor, e esta série acabou a ser mais um motivo de divisão do que de celebração.

A Science Saru acertou na animação, mas Dandadan tornou-se impossível de recomendar sem ressalvas. O primeiro episódio chocou muita gente com cenas de agressão sexual envolvendo alienígenas, e a coisa não melhorou muito. Ao longo da primeira temporada, a série continua a usar ameaças sexuais como recurso dramático, algo que muitos consideram completamente desnecessário.

A A-1 Pictures gastou uma fortuna na animação e nota-se. O problema é tudo o resto. Solo Leveling é mais uma fantasia de poder onde o protagonista começa fraco e fica imbatível, sem grande desenvolvimento pelo meio. O mundo não faz sentido, as personagens são rasas, mas o hype foi tão grande que qualquer crítica parece heresia. Há animes muito mais interessantes a passar despercebidos enquanto este recebe atenção desmedida só porque tem bons efeitos visuais.

Depois de 8 temporadas, My Hero Academia da Bones terminou a história do mangá com um final que deixou muitos fãs frustrados. O problema não é só como certas personagens acabaram, mas sim como o mundo construído durante anos parece inconsistente quando olhamos para o conjunto. Kohei Horikoshi tentou corrigir algumas coisas com epílogos adicionais, mas o estrago estava feito. Continua a haver discussões acesas sobre se a série mereceu o estatuto icónico que alcançou.

Este é provavelmente o anime mais desconfortável desta lista. A Asahi Production adaptou um mangá onde magical girls menores de idade, algumas com 15 anos, são colocadas em situações extremamente sexualizadas e de dominação. Muita gente questiona abertamente se esta série devia sequer existir.

Quem diria que o anime mais aclamado de 2024 ia gerar este tipo de polémica? Frieren da Madhouse apresenta demónios como criaturas inerentemente más, incapazes de empatia genuína, que apenas imitam emoções humanas para enganar e matar. É um tropo clássico de fantasia, sim, mas a linguagem usada e a forma como são retratados levou a interpretações muito desconfortáveis. Grupos extremistas começaram a usar Frieren como exemplo para as suas próprias ideologias, traçando paralelos entre os demónios e minorias reais. A discussão deixou de ser sobre fantasia e tornou-se um campo de batalha ideológico onde até comentários inocentes sobre a série são dissecados politicamente.

O final de Attack on Titan em 2023 continua a provocar discussões violentas. À medida que a história da MAPPA se tornava cada vez mais uma alegoria política, com facções que espelham claramente regimes fascistas, os fãs dividiram-se entre apoiar diferentes lados, algo que a própria narrativa questiona. Juntem-se escolhas narrativas polémicas no arco final e têm uma receita para discórdia permanente.

A TMS Entertainment conseguiu criar algo que muita gente não gista. O protagonista é insuportável, as personagens femininas não têm personalidade além de arquétipos básicos, e o ritmo é tão lento que ver um episódio parece uma eternidade. O pior? À medida que a série avança, tudo piora. Cada temporada traz novas formas de frustrar quem ainda tinha esperança. Tornou-se para muitos o exemplo perfeito de como não fazer um romance anime.

O Studio Bind criou um mundo de fantasia visualmente deslumbrante com worldbuilding impressionante. Mas há um problema gigante que a série nunca resolve: Rudeus é um pervertido assumido! A narrativa nunca o confronta verdadeiramente sobre isto, nunca há consequências reais. É frustrante porque há qualidade técnica genuína aqui, mas está permanentemente manchada por escolhas narrativas que muitos consideram indefensáveis.

Se há um anime que personifica toxicidade fandom, é Boruto. O Studio Pierrot criou uma sequela de Naruto que se arrasta eternamente, trata mal personagens queridas e introduz outras que ninguém pediu. Mas o verdadeiro problema não é a série em si, é a guerra civil que criou. Temos fãs que defendem cada episódio como se fosse ouro e atacam violentamente qualquer crítica. Do outro lado, há quem trate qualquer fã de Boruto como inimigo. As redes sociais tornaram-se campos de batalha onde discussões racionais simplesmente não existem. É, sem dúvida, um dos animes mais controversos da era moderna.