O mundo do anime está cheio de opiniões fortes. Há séries que carregam uma má reputação tão pesada que muita gente nem sequer lhes dá uma oportunidade. O problema? Muitas vezes esse ódio é exagerado ou baseado em aspetos específicos que não definem a obra como um todo.
10Goblin Slayer
A primeira meia hora deste anime chocou o público com uma cena extremamente gráfica de violência sexual que levantou questões sobre se seria necessária ou apenas sensacionalismo gratuito. Muitos abandonaram a série ali mesmo, o que é compreensível. Mas quem ficou descobriu algo diferente, uma história de fantasia negra que não tem medo de mostrar um mundo brutal sem recorrer constantemente aos clichés habituais. O personagem principal evolui de forma convincente, passando de um homem fixado numa missão de vingança para alguém com mais camadas emocionais. Sim, aquele primeiro episódio podia ter sido feito de outra forma, mas a série que vem depois tem mérito próprio.
9Fairy Tail
Poucas coisas irritam mais os fãs de anime do que ver vilões interessantes serem derrotados pelo “poder da amizade”. Fairy Tail faz isso repetidamente, mesmo quando apresenta antagonistas com potencial. Junta-se a isto uma quantidade generosa de fan service que muitos consideram desnecessário. Então porque é que vale a pena? Porque às vezes não precisamos de narrativas complexas. O charme está precisamente na leveza, no ritmo agradável e num elenco de personagens que funciona bem em conjunto. Natsu e Lucy criam uma dinâmica divertida, e apesar dos problemas evidentes, há algo de reconfortante em voltar a este universo. Não é perfeito, mas também não merece todo o desprezo que recebe.
8Kabaneri of the Iron Fortress
“É só uma cópia de Attack on Titan” – esta é a acusação que persegue Kabaneri desde o primeiro dia. Mesmo estúdio, mesmo compositor, monstros a atacar a humanidade… sim, as semelhanças existem. Mas reduzir a série a isso é injusto. A história segue o seu próprio caminho, com personagens que têm vida própria e antagonistas que se destacam pela forma como estão construídos. As cenas de ação são espetaculares e o conceito de sobrevivência num comboio blindado traz algo diferente à mesa. Se conseguires ver além das comparações inevitáveis, há aqui um thriller sólido que passou demasiado despercebido.
7Charlotte
Jun Maeda criou Angel Beats! e depois fez Charlotte, e desde aí que a segunda vive à sombra da primeira. Os fãs queixam-se de buracos na história, de falta de explicações claras e de um final que parece ter sido feito à pressa. Tudo isso é verdade. Mas há uma razão pela qual as pessoas ficam frustradas com o final, é porque se envolveram com a história. Charlotte tem esse dom de começar como um slice-of-life aparentemente inocente sobre adolescentes com poderes e ir gradualmente revelando algo bem mais sombrio. A transição é bem feita, e mesmo com os defeitos, consegue criar momentos genuinamente impactantes.
6Deadman Wonderland
Um rapaz é acusado injustamente de um massacre e enviado para uma prisão onde os reclusos são forçados a participar em jogos mortais. A premissa de Deadman Wonderland é forte, e o episódio de abertura é brutal na medida certa para estabelecer o tom. O problema? Nunca houve segunda temporada. A primeira termina sem resolver praticamente nada, deixando um sabor amargo. Mas mesmo incompleto, há aqui uma proposta interessante que se destaca pela atmosfera opressiva e pela forma como constrói o seu mundo distópico. É frustrante precisamente porque mostra potencial que nunca chegou a concretizar-se por completo.
5Black Clover
Asta grita muito. Demasiado, segundo muitos. A voz aguda tornou-se um meme e afastou espectadores logo nos primeiros episódios. Para além disso, a série foi acusada de copiar descaradamente Naruto: protagonista com grandes sonhos, rivalidade com um amigo talentoso de cabelo escuro, a mesma estrutura narrativa. Mas há quem valorize precisamente essa familiaridade. Black Clover não tenta reinventar a roda, mas apresenta os tropos de shonen de forma competente. Yami é uma excelente personagem secundária, o sistema de poder está bem equilibrado, e a animação, apesar de irregular, tem momentos fortes. Para quem tem saudades da era dourada do shonen, esta série acerta em pontos que importam.
4Boruto: Naruto Next Generations
Impossível competir com Naruto. Era essa a sentença de morte logo à partida. Boruto começa com uma desvantagem enorme, ser comparado com uma das séries mais amadas de sempre. E claro que perde nessa comparação, as personagens não têm a mesma profundidade, a história parece menos urgente, e o próprio Boruto não tem o carisma imediato do pai. Mas julgado pelos seus próprios méritos, longe da sombra gigante de Naruto? É um shonen perfeitamente funcional com bons momentos de ação e algumas ideias interessantes. O mangá Boruto: Two Blue Vortex está a mostrar que há espaço para crescimento, e talvez seja altura de parar de esperar que seja um Naruto 2.0 e aceitar que é outra coisa.
3The Seven Deadly Sins
A animação das últimas temporadas é má. Não há maneira de contornar isso. O Studio Deen pegou no projeto depois da A-1 Pictures e a qualidade visual diminuiu de forma tão evidente que se tornou impossível ignorar. Muitos fãs abandonaram a série por essa razão, e é compreensível. Mas por baixo da animação fraca há uma história de amor genuinamente envolvente, personagens inspiradas em lendas arturianas, e um mundo com uma estética medieval interessante. A premissa simples funciona quando a execução não sabota tudo, e há razões pelas quais a série foi popular antes de tudo descarrilar.
2Fire Force
Tamaki e as suas “falhas de guarda-roupa” constantes tornaram-se o símbolo de tudo o que está errado com fan service desnecessário. É um problema real que prejudica cenas que deviam ser sérias. Para além disso, a história demora a ganhar forma e não consegue captar a atenção de imediato como Soul Eater, a obra anterior do mesmo criador. Mas Fire Force tem trunfos importantes, a animação pela David Production é visualmente deslumbrante, o design de som é excelente, e quando as personagens interagem fora das lutas, há química genuína. Os momentos de ação são espetaculares. Não é perfeito, mas tem mais qualidades do que os críticos reconhecem.
1Future Diary
Yuno Gasai praticamente definiu o arquétipo “yandere” no anime moderno. O seu amor obsessivo e perigoso por Yukiteru dividiu opiniões, uns acharam fascinante, outros consideraram problemático e até perturbador. Yukiteru, por sua vez, passa a maior parte da série a ser um protagonista passivo que deixa Yuno tomar decisões por ele, o que frustra quem prefere heróis mais proativos. Mas Future Diary abraça completamente o seu conceito absurdo de death game com telemóveis que preveem o futuro, e fá-lo sem pedir desculpa. É caótico, sangrento, moralmente cinzento e não tem medo de levar as coisas ao extremo. Para quem procura algo diferente e está disposto a aceitar personagens imperfeitas, há aqui entretenimento genuíno.









