Neste final de semana está sendo realizado o Anime Friends 2025 e uma das atrações desta edição do evento é renomado diretor Shinichiro Watanabe, das séries anime Cowboy Bebop, Samurai Champloo e da recente Lazarus, está realizando no evento uma série de painéis falando sobre toda sua trajetória.
O OtakuPT esteve presente no segundo painel do diretor, em que foi falado sobre toda a complexa produção da série anime Cowboy Bebop.
Shinichiro Watanabe revelou que inicialmente ele teve um grande atrito com a Bandai e com a Sunrise por causa do tipo de história sombria que a série possui. A Bandai, que planejava lançar produtos da série, cancelou o patrocínio após executivos assistirem quatro episódios da série, mas uma outra empresa teve que assumir o patrocínio da obra e permitir a produção do anime.
Porém, devido todo o ocorrido envolvendo o famoso ao episódio de Pokémon que causou epilepsia em diversas pessoas, os canais japoneses se tornaram mais restritos sobre o que cada produção poderia fazer nos animes.
Por causa de suas cenas consideradas violentas, Cowboy Bebop começou a ser exibida na TV japonesa inicialmente do episódio 2, mas ocorreram diversos outros problemas de exibição por causa dos conteúdos violentos nos episódios seguintes, fazendo a história ter buracos de continuidade. Sem falar das cenas censuradas em personagens com pouca roupa ou armas.
Watanabe revelou que este tipo de censura ou modificações ocorrem com frequentemente em produções japonesas. Ele também falou que na época não existia um equivalente a classificação indicativa na tv japonesa.
Mesmo brigando para evitar os corte, o episódio final da exibição japonesa de Cowboy Bebop acabou sendo um especial que foi exibido na tv mas nunca lançado em home-video. O especial possui uma duração mais longa que o comum, mas existia uma longa cena sobre bonsai e como as pessoas fazem cortes nesta pequena planta. Mas na verdade esta cena era um tipo de protesto pelos cortes e censuras feitos na exibição para na TV de Cowboy Bebop.
O trecho final do especial (mostrado no painel) mostra cenas em locais por onde os personagens não estão ou não passaram no decorrer da história. Shinichiro Watanabe revelou que a ideia desta cena final do especial era mostrar que o universo de Cowboy Bebop tem pessoas normais mas que fazem parte do universo da obra. Ele também revelou que o encerramento da série ficou com gosto amargo para ele, principalmente por causa dos atritos envolvendo as censuras.
Depois do ocorrido com o atrito com Cowboy Bebop, Shinichiro Watanabe conseguiu parceria com um canal de TV que garantiu que o anime seria exibido na íntegra e sem cortes. Assim foi lançada a versão que conhecemos de Cowboy Bebop.
Questionado sobre a utilização de rap para suas obras, ele disse que o rap é usado como protesto e que a música do final do especial serve também como protesto contra as censuras que a série teve na exibição na tv.
Sobre o processo criativo para a criação da trilha de suas obras. Ele disse que Cowboy Bebop não era pensado como uma Space Opera, mas sim um Space Jazz. Principalmente por Cowboy Bebop ser considerado como um universo menor e por isso da escolha do Jazz como trilha.
O diretor revelou que a compositora Yoko Kanno disse que jazz era algo mais livre, que ela tinha dificuldades para compor este tipo de trilha e que inicialmente não iria aceitar trabalhar na obra. Mas após ver as artes dos personagens ela aceitou trabalhar na trilha de Cowboy Bebop. Porém ela compôs apenas três músicas de Jazz, mas o restante da trilha era tão boa que as músicas entraram como um todo para a série.