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    Análise: Inertial Drift

    Inertial Drift, é a próxima aposta no mundo da condução automóvel. Saindo de moldes estabelecidos pela era atual, o jogo da Level 91 Entertainment decide tomar uma estrada alternativa, rumo à simplicidade e liberdade vividas durante a era dourada dos salões das arcadas.

    À semelhança de Automodellista, um jogo de condução produzido pela Capcom e lançado para a PlayStation 2 em 2002, Inertial Drift, também apresenta uma estética animada através de técnicas de Cellshading. Este efeito atribuiu uma identidade muito própria que o separou de qualquer uma das inúmeras referências e experiências de um jogo de corridas automobilistas no mercado. Cores vibrantes em magenta e muito néon, são os elementos predominantes e que complementam o seu impressionante aspeto visual. O jogo troca uma simulação realista a troco de uma vertente arcade que retira alguns elementos de títulos clássicos como Outrun, Crazy Cars, Hard Drivin’, Metropolis Street Racer, ou Burnout, e apresenta-nos uma jogabilidade modelar apelando a diversos públicos de uma forma interessante e dinâmica.

    Isto porque no Modo História, cada personagem tem um veículo próprio, e com base neste a sua condução irá refletir-se no mesmo. Como Inertial Drift aposta num minimalismo consciente, no fundo, e consoante a personagem escolhida, as dificuldades de jogo irão traduzir-se em: Fácil, Normal, Difícil e Profissional, consoante os seus condutores. A história de Inertial Drift, ao contrário das corridas de rua ilegais, cheias de movimento, forças policiais e muita ação, é bastante simplista e até bastante juvenil quando comparada com qualquer uma das vertentes acima mencionadas. O jogo apresenta-nos um trio de amigos protagonizado por Edward, Ada, e Viv. Estes gostam de sentir o vento enquanto deslizam a toda a velocidade por intermináveis e sinuosas curvas ao longo do seu país. Conforme, a personagem escolhida, a história também será diferente, apresentando novas provas e desafios.

    Na redação escolhemos Edward, o membro aparentemente mais jovem da equipa. Embora seja um prodigioso condutor, não partilha a mesma adrenalina que os seus amigos. Completamente sem rumo, e aceitando o conselho dos seus amigos, o jovem irá percorrer pistas, enfrentar e conquistar rivais, a tempo do Summer Grand Prix, o maior evento de desportos de quatro rodas neste mundo. A história de Edward, retira imensos apontamentos da popular série anime: Initial D,  – Até o nome do jogo é uma referência – onde certas situações decorridas com o jovem são reflexos de muitos dos eventos vividos por Takumi e seus amigos.

    Outro elemento que claramente Inertial Drift retirou da obra de Shuichi Shigeno, foi na própria condução, Inertial Drift é muito diferente de qualquer jogo de condução no mercado. Ao passo de controlarmos o nosso bólide com o analógico esquerdo, o analógico direito é um manipulo inteiramente dedicado para o drift – claro que em certas curvas também teremos de abrandar ou até mesmo travar ligeiramente. Ou seja, será possível manter a velocidade enquanto deslizamos a alta velocidade, por curvas e contra-curvas. Este efeito requer alguma prática inicial ao jogador para dominar, mas assim que é assimilado sentimos uma enorme gratificação e intensidade enquanto literalmente driftamos in the 90’s a toda a velocidade sem sair das pistas, sem chocar contra os seus ambientes, e até mesmo por vezes a sermos felicitados pelos nossos rivais.

    O grande problema deste título está na sua repetição, o jogo apresenta-nos apenas um punhado de pistas, onde em cada essencialmente vivemos os mesmos desafios contra um rival. Estes apresentam-se nas variantes de: “Corrida”, “Contrarrelógio”, “Resistência”, “Duelo” e “Estilo”. Enquanto as três primeiras são do mais clássico possível, as duas restantes são uma lufada de ar fresco no panorama das corridas a quatro rodas. Enquanto no Modo Duelo recebemos pontos conforme a nossa posição e destreza, no Modo Estilo apenas o que importa é mantermos o máximo de estilo no percurso possível, mantendo o nosso automóvel aproximado de paredes enquanto desliza a alta velocidade curva após curva. Sentimos este último como o mais desafiante e consequentemente como o mais interessante, já que a grande premissa deste título é mesmo contornar vertiginosas curvas sem importância para o realismo ou imersão. Contudo, estes modos de corrida sentem-se um tanto vazios, não só devido à repetição de eventos, como essencialmente não batalhamos contra alguém “fisicamente”, mas sim contra o tempo do nosso rival.
    Ao entrarmos na pista e partimos a todo o gás, o carro do nosso rival fica transparente, e mesmo colisões com o mesmo serão impossíveis. Este efeito causou-nos um certo dissabor, não é que fosse muito grave, mas sentimos como literalmente estivéssemos a percorrer um percurso de corrida sem pressão. O Modo História também não é muito vasto, demora cerca de quatro horas para cada personagem, e o mesmo termina de uma forma inconclusiva, talvez por deixar de futuro novos DLC para a preencher.

    Ao terminar as aventuras automobilistas do trio, o jogador poderá debruçar-se nos restantes modos. Infelizmente sentimos que são basicamente mais do mesmo, sendo que o maior incentivo aqui será desbloquear novos condutores e consequentemente novos carros. Neste momento o Modo Online, não pode ser acedido, mas pensamos não deve fugir muitos dos alicerces estabelecidos ao longo do resto do pacote. Contudo, perante o que vivenciámos, se estiverem disponíveis as corridas de duelo ou estilo, teremos um bom aliciante para voltarmos ao mundo de Inertial Drift.

    Inertial Drift, parece um produto saído dos anos 80, desde a sua estética até ao próprio desenho e personalidade dos seus pilotos. Alguns encaixam perfeitamente ao estilo californiano em obras clássicas da animação como; Denver: o último dinossauro ou Tartarugas Ninja. O mesmo não pode ser dito da sua banda-sonora que embora tenha a sua inspiração neste período é quase toda polvilhada por faixas de synthwave, curiosamente bem relaxantes quando comparadas com a ação do jogo em certos momentos. Também sem surpresa este não é um jogo exigente em nível de recursos sendo que a maioria dos PC deverá desfrutar de todo o seu potencial e qualidade visual sem compromissos na fluidez de jogo.

    Inertial Drift, é um produto que tenta inovar num mercado em falta de experiências mais imediatas. A sua premissa é claramente estabelecida e preenchida à partida, enquanto transmite aos jogadores uma sensação de liberdade e gratificação. Infelizmente e devido essencialmente à sua repetição, o jogo sofre de muito Dejá Vu e não atinge lugares mais altos do pódio. Realmente é uma pena porque já não nos divertíamos com um jogo de corridas há imenso tempo. Deixamos um apelo à Level 91 Entertainment e à PQube para continuarem a enriquecer este titulo.

    Bruno Reis
    Bruno Reis
    Vindo de vários mundos e projetos, juntou-se à redação do Otakupt em 2020, pronto para informar todos os leitores com a sua experiência nas várias áreas da cultura alternativa. Assistiu de perto ao nascimento dos videojogos em Portugal até à sua atualidade, devora tudo o que seja japonês (menos a gastronomia), mas é também adepto de grandes histórias e personagens sejam essas produzidas em qualquer parte do globo terrestre.

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