Hideo Kojima é hoje uma das figuras mais icónicas da indústria dos videojogos, conhecido por jogos cinemáticos e filosóficos como Metal Gear Solid e Death Stranding. Mas tudo começou com o jogo mais simples possível: Super Mario Bros.
Numa nova entrevista com a WIRED Japan, Kojima falou sobre as suas maiores influências como criador de jogos. Quando questionado sobre qual o jogo que mais jogou na vida, a resposta foi imediata: “Super Mario Bros., definitivamente”.
O criador japonês revelou que jogou Super Mario Bros. durante um ano inteiro enquanto era estudante universitário: “Joguei-o durante um ano. Era estudante universitário. Faltava às aulas para ficar em casa a jogar”. E depois veio a declaração surpreendente: “Sem Super Mario Bros., provavelmente não estaria nesta indústria”.
Mas o que realmente impressionou o jovem Kojima não foi a mecânica de jogo, mas sim o que ela representava. Apesar da sua simplicidade, Super Mario Bros. criava uma sensação genuína de aventura sem praticamente ter história alguma.
“Quase não tinha história, mas sentia-se como se estivesses numa aventura”, explicou Kojima. “Quando vi isso, embora fosse pixel art sem história, senti que este meio um dia iria superar os filmes. Essa convicção trouxe-me à indústria dos jogos”.
Esta revelação é particularmente interessante vindo de alguém cujo trabalho é tão profundamente influenciado pelo cinema. Kojima citou realizadores como Stanley Kubrick, Alfred Hitchcock, Akira Kurosawa e John Carpenter como influências importantes no seu estilo narrativo. Mas foi Super Mario Bros., com a sua ausência de narrativa complexa, que lhe mostrou o verdadeiro poder único dos videojogos: a interatividade.
A experiência cristalizou a sua convicção de que a interatividade, em vez da complexidade narrativa sozinha, é o que dá aos jogos a sua força única. Os filmes moldaram a sua narrativa, mas Mario revelou o verdadeiro poder dos jogos.
Super Mario Bros. foi lançado para a Nintendo Entertainment System (NES) em 1985 no Japão e 1985 nos Estados Unidos. O jogo estabeleceu a Nintendo como uma potência no mercado das consolas domésticas e tornou-se num dos títulos mais influentes de todos os tempos. Desde então, a série Mario tornou-se numa das franquias pop culture mais reconhecíveis do mundo.
Kojima nota como o design simples de Mario contrasta fortemente com os mundos expansivos de Metal Gear Solid e Death Stranding. Ele desvaloriza ligeiramente Super Mario Bros. como um side-scroller básico que não consegue realmente jogar agora, embora essa modéstia reforce a importância que o jogo continua a ter na sua carreira.
A carreira de Kojima na indústria dos jogos consolidou-o como um dos criadores mais aclamados. Death Stranding 2: On the Beach, lançado em junho de 2025 para PlayStation 5, esteve entre os jogos com mais nomeações nos The Game Awards 2025, sendo finalista em sete categorias diferentes, incluindo “Jogo do Ano”. O Death Stranding original capturou o prémio de “Melhor Direção de Jogo” em 2019.
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O criador está longe de terminar o seu trabalho. Kojima revelou oficialmente OD em 2023, um novo jogo de terror a ser publicado pela Xbox Game Studios, com o popular escritor de comédia e terror Jordan Peele a co-escrever o jogo. Também está a trabalhar em Physint, um título ainda em desenvolvimento.
Vale a pena ver a entrevista completa da WIRED, Kojima discute uma variedade de tópicos, desde as suas influências cinematográficas até à sua visão sobre o futuro dos jogos e o papel da inteligência artificial na indústria. O segmento sobre Super Mario Bros. pode ser visto aos 9 minutos e 30 segundos do vídeo.
A história de Kojima serve como lembrete de que às vezes são as experiências mais simples que têm o impacto mais profundo. Um jogo sobre um canalizador italiano a saltar sobre tartarugas e a resgatar uma princesa inspirou um dos criadores mais cinematográficos e complexos da indústria. É uma prova do design intemporal de Super Mario Bros. e do seu poder duradouro de inspirar gerações de criadores.
