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    Porque devemos jogar a série The Legend of Heroes: Trails

    Existem muitas séries de videojogos com personagens complexas que tecem narrativas incríveis, como Metal Gear, a série Xeno, ou The Witcher. Contudo, existem muitas que ficam infelizmente no esquecimento e não recebem a devida exposição e reconhecimento, The legend of Heroes: Trails, é um destes casos.

    Tudo começou em 2004 quando The Legend of Heroes: Trails in the Sky, foi lançado no mercado. O jogo apresentou-nos a província de Liberl, e os seus vibrantes protagonistas Estelle e Joshua.

    Trails of Cold Steel IV, vai brevemente ser lançado no ocidente para a PlayStation 4, e ainda continua uma história deixada a quase duas décadas atrás. Infelizmente, o ocidente não recebeu todos os jogos, Zero no Kizeki e Ao no Kiseki, incluídos no arco de Crossbell, apenas foram lançados no Japão. Felizmente a Geofront lançou um patch nos PC para o resto do mundo viver (para já) a primeira história de Lloyd e da SSS.

    A série The Legend of Heroes, é para já, essencialmente dividida em três arcos; Liberl, Crossbell, e Erebonia. Trails in the Sky, conta com três jogos, Trails of Zero e Ao são uma duologia, e finalmente Trails of Cold Steel, conta quatro jogos. Porém, será lançado um jogo extra no Japão em agosto deste ano, sob forma de epilogo das séries apresentadas até a data, e que também semeará as primeiras sementes do arco de Calvard, um nome com grande impacto na série, mas que ainda não foi devidamente explorado.

    Embora cada um destes arcos possa ser reproduzido de forma independente, todos culminam e alcançam o seu verdadeiro valor quando são jogados em sequência. Neste segmento a sua narrativa torna-se incrivelmente abrangente, e conceitos são mais inseridos e fluidos na mesma.

    O elemento mais comum entre todos, é a organização Ouroboros. Trails in Sky apresentou-nos esta organização, e que está por trás de todos os problemas que acontecem na trilogia. No entanto, a mesma não deixou de existir, e continua a tecer a sua história e eventos nos arcos de Crossbell e Erebonia. Ao longo de todos destes, recebemos informações sobre a organização com a introdução também de novos membros, como o trio Sthalritter.

    No entanto, as conexões entre os jogos The legend of Heroes, são muito mais profundas, e não se resumem a um vilão ou vilões entre jogos, literalmente todos os eventos decorrem ao mesmo tempo, particularmente, com os jogos de Crossbell e Cold Steel. Enquanto a cidade de Crossbell está arrasada, com o conflito em Zero No Kiseki, a Frente Imperial de Libertação está a executar os seus ataques terroristas contra Erebonia durante os eventos no primeiro episódio de Cold Steel. Enquanto em Ao No Kiseki, a cidade é conquistada pelo vilão do jogo, enquanto a guerra civil Ereboniana alcança o seu auge em Cold Steel II.

    Estes jogos referenciam diretamente eventos que estão a acontecer uns nos outros, tanto pela história principal como pelo conteúdo opcional, tais como a leitura de jornais ou livros que relatam o que se passa no resto de Zemuria. Como não bastasse Trails in the Sky: The 3rd, preparou muitas bases para o que viria. Este terceiro episódio é muito importante já que nos apresenta personagens como O Major Lechter e Gillith Osborne, e que mais tarde se tornam peças vitais nos jogos de xadrez Erebonianos.

    Estes são apenas alguns exemplos, a série está repleta de referências e enlaces. Mesmo as missões secundárias por vezes transitam entre os jogos.

    Por exemplo, nos jogos Crossbell, encontramos um NPC chamado Anton. Este é um jovem romântico sem esperança em busca de amor em todos os lugares errados, e Lloyd acaba por oferecer-lhe ajuda numa série de missões opcionais. Em Cold Steel II, voltamos a encontrar este NPC, ligeiramente mais velho, regressado ao seu país de origem, Erebonia, ainda à procura de amor. Desta vez é Rean quem o ajuda, por vezes até menciona um dos membros o ajudou diversas vezes da mesma forma noutra cidade. Este é simplesmente um exemplo simples, como já foi descrito a série meticulosamente está a construir a sua narrativa ao longo de uma década, e através de vários sistemas.

    Uma das reviravoltas mais interessantes ocorre perto do final de Cold Steel II, numa seção do jogo chamada Divertissement.

    Nos jogos de Cold Steel, encarnamos Rean Schwarzer, um estudante da Academia Militar de Thors, no continente de Erebonia. No entanto, nesta seção, repentinamente assumimos o controlo de Lloyd Bannings, o já referenciado protagonista dos jogos Crossbell. Para quem jogou o seu arco, esta seção é genial, a banda-sonora muda, torna-se a mesma que Zero no Kiseki, e visitamos as mesmas localizações, mas em ambientes 3D. A verdadeira reviravolta, no entanto, ocorre quando enfrentamos Rean em batalha, o personagem que acompanhamos desde o primeiro Cold Steel.

    A tradição continua, com o terceiro Cold Steel III, onde é nos é introduzido Juna Crawford, uma vibrante habitante da cidade Crossbell, e que ingressa na nova Class VII. De início Juna mostra imenso desdém a Rean, que neste jogo emerge como instrutor da nova Class VII. A jovem sabe dos eventos da guerra civil, e como o Ashen Chevalier esteve evolvido. Juna apenas abre o seu coração quando se apercebe que o seu herói, Lloyd Bannings, encontra-se preso noutra cidade devido aos caminhos de ferro estarem bloqueados. Este evento foi meticulosamente orquestrado pela sociedade de forma a impedir que um novo conflito decorra em Crossbell, sem os seus maiores defensores.

    Com base nestes eventos, Juna, teve de engolir o seu orgulho e admitir as suas fraquezas aliando-se ao seu professor para juntos derrotarem as ameaças. Mais tarde no regresso a academia de comboio, podemos assistir aos protagonistas numa colina já em Crossbell, a acenar a Juna e Rean, agradecidos pela libertação da cidade. Este mini-arco da história de Crossbell é referenciado em Ao no Kiseki, mas só em Trails of Cold Steel III, sabemos do seu desenvolvimento e conclusão.

    Através de eventos como estes, a série Trails faz um trabalho fantástico em fornecer ao mundo e ao jogador uma escala real e mostrar como os seus personagens se inserem na mesma e no mundo.

    A série é meticulosa quanto à sua construção e, liberalmente, leva o seu tempo para construir a sua narrativa e desenvolvimentos de personagens. O primeiro jogo de cada parte é deliberadamente muito mais lento, de forma a construir uma base sólida para o contexto na área introduzida no continente.

    Mesmo assim as partes posteriores são resgatadas e atuam como apoio na narrativa geral onde geralmente se dividem em três frentes; divulgam mais detalhes sobre o objetivo final de Ouroboros, a história de Zemuria e o encontro de vários eventos simultâneos no enredo. Como já foi referido, existem muitas séries de jogos de longa duração no mercado, mas raras conseguem alcançar o mesmo grau de simbiose encontrado na série da Falcom, e como é articulada a mais de 15 anos.

    Sim, podemos jogar qualquer um dos arcos de forma independente, aliás até referi que na minha análise que Trails of Cold Steel III, é um bom exemplo para uma introdução na série. No entanto, a verdadeira força é encontrada se percorreremos desde Trails in the Sky, até Cold Steel, e pelo caminho acompanhar e testemunhar as suas referências e pontos de interseção, acompanhar personagens que seguimos durante anos serem introduzidas num jogo.

    A série Trails, também é conhecida pelos seus fãs, por ser bastante imersa em política, e monarquia enquanto constrói o seu mundo. Na sua série mais recente, teceu toda a sua narrativa e conceitos, que cada jogo apresenta um tema e eventos principais num mundo de fantasia. Por exemplo, o Primeiro Trails of Cold Steel, é imerso em imperialismo, o segundo em colonialismo, e o terceiro, e último até a data no ocidente tem como tema de foco o patriotismo. Também e de maneira muito interessante, a série explora os diversos reversos de uma guerra, existem consequências e as personagens vivem com as mesmas quer para o bem como para o mal.

    O compromisso destas séries são assentar-se numa narrativa maciça e com a mesma criar o seu mundo e desenvolvimentos, isto é algo de notável e que certamente merece mais atenção neste mercado.

    Não deixem que grafismos mais inferiores, façam-vos passar ao lado de uma série incrível, cheia de momentos únicos, uma das melhores bandas-sonoras num jogo e viverem desenvolvimentos mirabolantes para lá de fantástico. A série pode ser adquirida quase na integra através da PC Steam e GOG.

    Bruno Reis
    Bruno Reis
    Vindo de vários mundos e projetos, juntou-se à redação do Otakupt em 2020, pronto para informar todos os leitores com a sua experiência nas várias áreas da cultura alternativa. Assistiu de perto ao nascimento dos videojogos em Portugal até à sua atualidade, devora tudo o que seja japonês (menos a gastronomia), mas é também adepto de grandes histórias e personagens sejam essas produzidas em qualquer parte do globo terrestre.

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    Mystogan Caixeta
    Mystogan Caixeta
    19 , Julho , 2020 16:28

    Melhor franquia que já tive o prazer de jogar. Obrigado Nihom Falcom por criar um universo tão bem feito e incrível.

    E
    E
    19 , Julho , 2020 16:28

    Cara, não consigo levar fé nessa série.

    Febaxmann
    Febaxmann
    19 , Julho , 2020 16:28

    Essa série é muito boa, principalmente para quem quer entrar no mundo dos JRPG, mas quer um jogo com menos grind e um pouco menos denso; tem uns que tem umas histórias muito enroladas.
    Único ponto negativo é o preço, mesmo para os primeiros jogos ainda tá alto e os descontos não são lá essas coisas; isso quando entra, ainda to para comprar o segundo lançamento, mas o preço não ajuda.

    E
    E
    Reply to  Febaxmann
    20 , Julho , 2020 13:30

    E a falta de concorrência.

    Febaxmann
    Febaxmann
    Reply to  E
    21 , Julho , 2020 12:32

    Falta de concorrência?

    Entra na Steam, clica na tag JRPG e tu vai ver quantos títulos tem, alguns de alto calibre. J-RPG é bem concorrido, assim como RPG’s em geral, sempre tem ótimos títulos e alguns de alto calibre.

    Só de cabeça:
    Franquia Atelier
    Final Fantasy
    Dragon Quest
    YS franquia
    Qualquer um da franquia Tales of
    Persona
    Disgae franquia (para quem quer um jogo mais hardcore)
    Ni no Kune

    Fora os indies, clássicos e muitos outros que de cabeça fica difícil lembrar.

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