The Pathless, desenvolvido pelo estúdio Giant Squid (ABZÛ) e publicado pela Annapurna Interactive (Journey, Gone Home, Ashen), é um jogo de aventura onde o jogador assume o papel de um “Hunter” (caçador), que tem como objetivo curar uma maldição colocada sobre o mundo, maldição esta que tem origem numa ilha longínqua onde o reino dos espíritos se intersecta com o reino dos humanos. Muitos outros caçadores já tentaram ir à ilha com o mesmo objetivo, mas nenhum regressou. Será esta viagem uma que vale a pena tomar?

Algo imediatamente aparente quando se começa a jogar The Pathless é que uma componente muito importante do jogo é o movimento. Em The Pathless, o jogador percorre o mapa a alta velocidade, velocidade esta que é mantida com disparos periódicos sobre pequenos alvos espalhados por todo o mapa. Disparar sobre estes alvos não só devolve uma percentagem da barra de Stamina ao jogador, como também aumenta a sua velocidade com uma pequena erupção que acelera o Caçador. Isto pode soar irritante, mas em The Pathless o jogador não tem de “apontar o arco” como seria tradicionalmente esperado de um jogo como este, em vez disso a pontaria é feita automaticamente e o jogador tem de simplesmente manter pressionado o botão para disparar e soltar o botão na altura certa. Isto cria uma sensação de fluidez muito satisfatória que torna a exploração e movimento muito mais cativantes do que o habitual. Isto é particularmente importante neste jogo, uma vez que a exploração compõe a maioria do gameplay de The Pathless. O jogador tem um mundo vasto para explorar onde procurará por “Lightstones“, colecionáveis que são necessários para progredir no jogo, usados para “limpar” a maldição de várias torres espalhadas pelo mundo.

O jogo não tem mapa, e o jogador tem de aprender a se orientar pelo mundo, no entanto o jogo faz um ótimo trabalho a guiar o jogador na direção certa com pequenas dicas visuais que são notáveis o suficiente para chamar a atenção do jogador, mas que existem de forma simbiótica com o ambiente em que se encontram. Para além disso, no início do jogo, o jogador faz um amigo animal que o acompanhará durante toda a viagem: uma águia que lhe dá a capacidade de observar elementos do mundo espiritual. Esta mecânica é usada extensivamente durante o jogo para guiar o jogador e para resolver os vários puzzles espalhados pelo mundo. Estes puzzles envolvem usar a águia para visualizar elementos escondidos e movimentar objetos para que o jogador consiga disparar sobre botões que abrem caminho para a recompensa final. Em The Pathless, os puzzles são variados o suficiente para manter o jogador interessado em fazer mais, pois aumentam em dificuldade gradualmente e forçam o jogador a pensar “fora da caixa”. Esta águia dá ainda ao jogador a habilidade de flutuar, podendo assim explorar ainda mais recantos do mundo.

Outro elemento de destaque do jogo são os encontros com as 4 enormes bestas que andam pelo mundo, chamados “Corrupted Spirits” (espíritos corruptos). Como mencionei anteriormente, estão espalhadas pelo mundo várias “Lightstones“, que devem ser usadas para limpar a área onde uma das bestas vagueia, só aí a besta será enfraquecida o suficiente para o jogador a poder enfrentar, ou “caçar”. Antes da área ser limpa, o jogador pode ser sugado por uma tempestade que o leva à área onde a besta se encontra. Estas sequências não são de combate, mas sim de “stealth”, pois o jogador é separado da sua águia e deve encontrar um caminho até ela sem ser descoberto pela besta. Estas sequências são talvez um dos pontos menos interessantes do jogo, quebrando até às vezes o fluxo do jogo, pois em algumas ocasiões interromperam-me enquanto fazia um puzzle. Felizmente, quando terminam, somos enviados para o mesmo sítio onde estavamos antes, por isso nunca são um problema realmente grande, apenas uma inconveniência.

Após “limparmos” a área da maldição, podemos então enfrentar a besta num encontro épico. Os encontros com estas bestas são divididos em duas partes, a “caça”, onde o jogador persegue a besta a alta velocidade numa tentativa de a abrandar, e um combate direto, ao estilo de Breath of the Wild, onde o jogador deve esquivar os ataques da besta enquanto a enfraquece para eventualmente poder limpar a maldição dela. Estes combates utilizam a mesma mecânica de disparo que o resto do jogo, portanto o foco está em evitar os ataques do inimigo e atacar os pontos fracos da besta quando estes são expostos. São combates intensos e divertidos, que adicionam variedade e uma experiência muito diferente da do resto do jogo.

O jogo tem um estilo de arte próprio, e uma palete de cores muito deliberada, que é usada com sucesso para guiar o jogador na direção certa. A arte em si faz lembrar um pouco a arte presente em desenhos animados Americanos como Samurai Jack, e é muito apropriada para o jogo. Em The Pathless, o jogador explorará florestas exuberantes, montanhas cobertas em neve, entre outras áreas que se enquadram muito no estilo do jogo. O foco aqui não está em visuais fotorealisticos impressionantes, mas sim num estilo cartonesco que é esteticamente agradável à vista e divertido de explorar.

Para concluir, The Pathless é uma das experiências mais relaxantes que joguei, e é um título essencial e altamente recomendado para quem gosta de jogos indie, ou mesmo para quem goste de um jogo de ação/aventura onde o foco está na exploração.

The Pathless está disponível para PlayStation 4, PlayStation 5, Windows, macOS e iOS (iPhone).

Subscreve
Notify of
guest

0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments