A Ubisoft foi questionada numa reunião de acionistas sobre a sua posição relativamente à campanha “Stop Killing Games“, uma petição que já recolheu quase 1,4 milhões de assinaturas na União Europeia e que exige legislação para impedir que as editoras tornem os jogos inacessíveis após terminarem o suporte.
O movimento ganhou força após o encerramento de “The Crew” pela Ubisoft no ano passado, que deixou milhares de jogadores sem acesso a um jogo pelo qual pagaram. A decisão gerou uma onda de indignação e até ações legais, levando a empresa francesa a anunciar planos para criar modos offline para “The Crew 2” e “The Crew: Motorfest“.
Durante a assembleia anual, Yves Guillemot, CEO da Ubisoft, foi confrontado de forma “agressiva” por um acionista sobre a campanha e os planos da empresa para a preservação de jogos no futuro.
“Sempre que lançamos um jogo, fornecemos muito suporte para esse jogo. Também disponibilizamos muitos serviços para garantir que o jogo seja acessível e permaneça jogável 24 horas por dia, 7 dias por semana“, defendeu Guillemot, acrescentando que a empresa informa os jogadores sobre a possível descontinuação futura dos títulos.
Iniciativa “Stop Killing Games” visa terminar com o encerramento de videojogos
O executivo reconheceu que este é um desafio transversal à indústria: “Este tipo de problema não é específico da Ubisoft. Todas as editoras de videojogos enfrentam esta questão. Fornecem um serviço, mas nada está gravado em pedra e, a certa altura, o serviço pode ser descontinuado“.
Guillemot comparou os videojogos a outras ferramentas de software, argumentando que “muitas ferramentas tornam-se obsoletas 10 ou 15 anos depois” e que “nada é eterno”. No entanto, garantiu que a empresa está a trabalhar para “minimizar o impacto nos jogadores”.
A campanha “Stop Killing Games” pretende pressionar os legisladores a introduzir regulamentação que impeça as editoras de “destruir” videojogos que venderam aos consumidores. A petição na UE ultrapassou já o limiar necessário para ser considerada oficialmente pelas instituições europeias.
Indústria de videojogos europeia opõe-se ao movimento “Stop Killing Games”
A polémica em torno da preservação de jogos digitais intensificou-se nos últimos anos, com muitos títulos a tornarem-se completamente inacessíveis quando as editoras desligam os servidores. Os defensores da preservação argumentam que os consumidores devem ter acesso permanente aos produtos que compraram, mesmo após o fim do suporte oficial.
A resposta da Ubisoft reflete a tensão crescente entre as práticas da indústria dos videojogos e as expectativas dos consumidores, numa altura em que os jogos dependem cada vez mais de serviços online para funcionar.