Numa altura em que ansiamos por mais detalhes sobre o paradeiro de Metroid Prime 4, somos surpreendidos pela Nintendo e pela MercurySteam com um trailer revelação a anunciar a sequência de Metroid Fusion para a híbrida Nintendo Switch a tempo de comemorar os 35 anos de vida da franquia japonesa. Este novo jogo denominado de Metroid Dread, é o renascer de uma ideia com altos e baixos de Yoshio Sakamoto, que ficou no limbo durante mais de 15 anos, e que no entanto, veio em boa altura para provar que os visuais característicos da série e a icónica caçadora de recompensas intergaláctica, Samus Arus, continuam em grande forma.

Metroid Dread começa após os eventos de Fusion. Nesta nova missão a protagonista depois de superar os perigos do Planeta SR388, é convocada pela Galactic Federation para investigar um outro Planeta chamado ZDR, onde através de imagens em vídeo ficam a saber que o parasita X continua vivo. Antes de Samus, foram enviados pela organização uma unidade especial composta por sete robôs E.M.M.I., que por factos desconhecidos, deixam de responder às transmissões. Ao chegar ao Planeta é surpreendida por um poderoso descendente da tribo Chozo que durante o confronto a faz perder todas as nossas habilidades e equipamentos, fazendo-nos assim começar a nossa aventura do zero.

Daqui para frente, a missão principal passa por explorar as profundezas dos territórios de ZDR, recuperar as nossas habilidades e encontrar forma de descobrir o que se passa neste mundo. Vamos enfrentar ao longo da nossa jornada criaturas alienígenas que se escondem no vasto habitat do planeta, os Chozo que são uma espécie ancestral com forma de pássaro altamente avançada na tecnologia, e os E.M.M.I., esta unidade especial que tem um papel central tanto ao aterrorizar assim como dificultar a nossa missão.

Ao longo das 8-10 horas, durante o desenrolar de Dread, somos abordados por breves cutscenes que não fragmentam o ritmo e a ação do jogo. A MercurySteam deixou tangível o fecho de um ciclo ao entregar o final do arco narrativo que teve começo com o primeiro Metroid, debruçando-se neste capítulo sobre as origens da heroína e da sua ligação com a tribo e as espécies Metroids, resultando no apurar de pontas soltas que até hoje estavam por desvendar.

Em Metroid Dread estamos diante de um jogo de ação e aventura, com um sistema de progressão Metroidvania. Sendo esta saga a grande propulsora deste subgénero, a conjunção das áreas intersectadas com um mapa labiríntico funcionam de forma exímia quanto à sua exploração e ação nele integrado. Dividido por 9 regiões, cada uma é distinta pela representação de uma fauna e flora exótica, ajudando facilmente a identificar onde nos encontramos. Estas áreas são construídas sobre a sua própria identidade ambiental, encontrando no seu interior inúmeras criaturas, temperaturas diferentes e obstáculos perigosos que podem atrapalhar muito a nossa investigação.

À medida que atravessamos o planeta e encontramos as habilidades especiais e o arsenal perdido de Samus, vai-se tornando possível abrir novos caminhos para outras áreas, desbloquear atalhos que têm um papel crucial para a nossa deslocação ou para descobrir as numerosas áreas ocultas. Cada uma destas áreas escondidas contém recursos valiosos, sejam melhorias para atualizar as nossas armas ou habilidades físicas, assim como expandir o número de mísseis e energia vital da protagonista.

No entanto, o decorrer da aventura é mais sistemático do que possa parecer à primeira vista. Com a presença de Adam (o AI que nos fornece conhecimentos e outras informações relacionadas à história) somos transportados pelos cenários de forma subtil, principalmente quando adquirirmos uma nova habilidade, em direção ao nosso próximo objetivo e isto sem deixar de lado a hipótese de voltar atrás e de poder explorar por nossa conta os cantos que antes nos eram inacessíveis. Uma característica visual que pode agradar aos jogadores mais recentes da série.

É também mais simples examinar os cenários com a ajuda do mapa virtual que está mais detalhado em comparação com os seus antecessores. Desta forma, somos recompensados com liberdade suficiente para alcançar o objetivo de completar a aventura a 100%. Não quer dizer que alcançar o 100% seja de forma direta, pelo contrário, muitos dos itens colecionáveis são apresentados como quebra-cabeças que requerem o conhecimento necessário do ambiente e o controle preciso das habilidades da nossa caçadora. Chegar na primeira volta aos 100%, pode ser frustrante, mas é muito provável que o objetivo da produtora seja criar um desafio mais estimulante e gratificante para os jogadores.

Para além da agradável exploração, o controle sobre Samus está mais polido. Para além das ações básicas como correr, saltar e disparar, foram feitas adições e aperfeiçoamentos importantes que acrescentam agilidade e precisão aos movimentos, tanto na exploração como no combate. Por exemplo, poder deslizar pelos espaços estreitos, mover, disparar e até contra-atacar enquanto estamos fixados nas superfícies magnéticas ou ter controlo sobre o ângulo de disparo na direção em que corremos, proporcionando uma segurança e liberdade nas constantes situações de confronto.

Contudo, não podemos esquecer que estas são algumas combinações que se juntam a inúmeras outras habilidades como o Morph Ball, Wide Beam ou particularmente o retorno do Counter Attack que é vital para a derrota da maioria das criaturas e chefes em Metroid.

Como já referimos, uma das grandes novidades são as zonas especiais do mapa, onde temos que lidar com a presença dos E.M.M.I., uma ameaça perigosa que nos persegue freneticamente com um único propósito, o de nos eliminar sem piedade. Nos momentos que acedemos às zonas labirínticas de patrulha destas máquinas, é necessário usufruir da capacidade furtiva e agilidade da protagonista para passar e evitar ser detectados à medida que exploramos as zonas dos E.M.M.I. A acrescentar, a mais recente habilidade Phantom Cloak é um elemento vantajoso para esta situação, que nos torna invisíveis com o uso da energia Aeion. Em contrapartida, é fundamental traçar rapidamente um plano de fuga, isto porque ao circularmos com a habilidade ativada a energia esgota rapidamente e quando esgota começa a consumir a nossa vida.

Para avançar na história, temos de passar diversas vezes por estes territórios, portanto até chegarmos à situação em que conseguimos deixar os robôs indefesos, a ansiedade e as tentativas de fuga sem sucesso são uma constante. Um aspeto menos positivo associado a esta sensação, é que depois de nos adaptarmos, sentimos que vai tornando-se repetitivo e menos intenso a cada encontro.

Não posso também deixar de referir o quanto desfrutei dos confrontos com os chefes colossais de Metroid Dread, onde morri muitas vezes nas várias fases que eles apresentam, mas que no final me deixou profundamente satisfeito. Cada batalha ostenta a sua grandeza e desafio, que ao contrário dos E.M.M.I., continuam a ser sinónimo de diversidade e que acaba aqui por funcionar como um revivalismo que vai de encontro à estrutura característica dos clássicos.

A estrutura de Metroid Dread baseia-se essencialmente numa perspetiva lateral, denominada também como side-scrolling, bastante evidente de uma geração 2D que é aqui reconstruída num ambiente tridimensional, onde saliento as transições de planos de câmera demonstrando um grande dinamismo no que toca a jogabilidade. Olhando para este elemento visual, facilmente ficamos impressionados com o mundo diversificado de ZDR, havendo o cuidado com o detalhe dos cenários, criando um planeta rico e vivo onde a atmosfera natural da série está presente em todos os instantes.

A acompanhar, temos uma banda sonora que tal como os gráficos, intensificam a relação com o título original Metroid de 94, para além de conseguir criar uma atmosfera que se adapta plenamente a todos os momentos experienciados no jogo.

Este jogo serve como um incrível “aperitivo” enquanto aguardamos pelo futuro título da série Metroid, Prime 4, adicionando ao catálogo da Nintendo Switch o universo Metroid e ao mesmo tempo trazendo de volta o carisma de outrora.

Os E.M.M.I. criam uma tensão evidente, embora em algumas circunstâncias se possa tornar repetitiva. Num todo, esta é uma aventura que deixa um gosto muito aprazível nas nossas memórias, fazendo Metroid Dread um dos jogos obrigatórios de 2021 para os jogadores da Nintendo Switch.

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Elivelton Silva
Elivelton Silva
27 , Outubro , 2021 18:53

Prefiro pagar 200000000000 conto em um jogo de Switch do que comprar hardware de empresa VAGABUNDA com marketing enganoso (Sony)!

madmonkey mcknight
madmonkey mcknight
27 , Outubro , 2021 20:49

O meu maior problema com Metroid Dread é o facto de ser muito curto. Eu vejo muita gente online a dizer que jogaram 8, 9 ou 10 horas, ou até mais, mas eu acabei o jogo em menos de 6. Na minha segunda aventura, em modo difícil, demorei apenas 3 horas e meia e nem estava a fazer speedrun, simplesmente já conhecia os caminhos.
E concordo que as zonas EMMI se tornam repetitivas e ao mesmo tempo também quebram o ritmo do jogo porque passamos de uma gameplay fluida e rápida para uma lenta.
Eu gostei de Metroid Dread mas acho que não é nem sequer o melhor jogo Metroid 2D, sem falar sequer dos Prime que são todos melhores que Dread na minha opinião.
Tal como dizem na análise, para mim Dread é como um aperitivo para Prime 4 porque esse jogo para mim é que de facto me traz imensas expectativas.