Depois de os jogadores terem sido conquistados pelas caçadas colossais do sucessor de MH World, Monster Hunter Rise, a CAPCOM no passado dia 9 de Julho trouxe-nos Monster Hunter Stories 2: Wings of Ruin, uma sequela do spin-off da 3DS que a partir da Nintendo Switch, promove uma experiência distinta que tem todos os atributos suficientes para satisfazer os fãs de JRPG’s e anime.

É deste modo que começo por reconhecer a versatilidade da CAPCOM, com Monster Hunter Rise, ao entregar ao público, em pouco menos de quatro meses, uma aventura competitiva e apropriada para os veteranos da série, que até aos dias de hoje estão adaptados ao modelo tradicional, no qual os visuais realistas e a ação em tempo real contra dragões impetuosos predominam. Enquanto que com Stories 2 entrega uma proposta próxima à de Pokemon, sem perder a natureza selvagem de Monster Hunter com um desafio mais acessível mas não menos competitivo, assim como o retorno de um mundo alternativo com um elenco entusiasmante, no qual os jogadores uma vez mais têm de criar amizade com as criaturas já conhecidas da série e usufruir das suas características em combate com elementos tradicionais de um RPG por turnos.

Esta nova aventura começa precisamente durante o festival da vila de Mahana quando observamos um grupo de cavaleiros a perseguir pela floresta uma misteriosa Wyverian, que depois de encarar o guardião da região Rathalos, é encarregue de proteger o ovo do monstro. No mesmo instante, uma forte luz irradia do oceano, o que provoca o descontrole de todos os Rathalos que enigmaticamente começam a desaparecer da ilha.

É a partir daqui que começamos a dar os primeiros passos como “Rider”, onde o/a nosso/a protagonista descendente de um lendário “Rider” chamado red, aceita desvendar aliado a outros companheiros os acontecimentos nefastos por detrás da luz vermelha que coloca em causa o equilíbrio do ecossistema de toda ilha.

Monster Hunter Stories 2 leva o seu tempo a alcançar o auge, contudo a sua história apresentada neste mundo de fantasia pré histórico, que levanta questões sobre as ideologias entre os Riders e Hunters, segue um enredo que captura a nossa atenção pela forma como é apresentada. Ainda assim, desde a abertura que o foco está relacionado com a construção dos personagens, especialmente com o retorno do pequeno felídeo Naviru, que está responsável pelos momentos de maior humor. O maior problema é a existência de um “herói” sem voz num jogo que utiliza a narrativa como um dos pilares principais, um pormenor, que no meu ponto de vista, retira valor à presença do protagonista e gostaria de chegar a ver alterado no futuro da série.

Em conjunto com a campanha principal, existe uma infinidade de missões secundárias situadas nas aldeias e cidades que aumentam a longevidade do jogo. Estas tarefas não se estendem para além de solicitações habituais, como alcançar um ovo específico ou derrotar determinadas criaturas, no entanto é uma das melhores formas de intensificar a nossa experiência e angariar a moeda do jogo. É também um dos modos de obter outros recursos, que podem ser de igual forma colhidos durante a exploração e que têm um papel fundamental para a criação de itens e dos nossos equipamentos.

O mundo semi-aberto de Stories 2 está interligado por regiões, sendo vasto e complementado por vários tipos de cavernas e tocas de monstros que surgem de forma aleatória. Dentro destas dungeons, para além de habitar várias espécies, podemos encontrar também um dos elementos fundamentais da jornada, os ninhos onde habitam os ovos de onde nascem os nossos companheiros Monsties. Quando alcançamos um ninho, seja por meio da batalha ou silenciosamente para não acordar a criatura que protege os seus ovos. Com a ajuda da especialidade de Naviru, somos capazes de capturar um ovo de melhor qualidade e levá-lo até a aldeia mais próxima. Salienta-se que ovos de alta qualidade são fáceis de identificar. Seja pelo seu cheiro, peso e por alguns elementos específicos, como o formato das marcas do ovo e as cores, contribuindo para reconhecer qual a criatura que nele contém.

Dentro dos estábulos conseguimos eclodir os ovos, analisar as diferenças dos nossos Monsties, e mais à frente, aproveitar uma mecânica elogiável que foi herdada do título original que possibilita o jogador de desfrutar dos diferentes genes ligados a cada criatura. O Rite of Chanelling permite que transfiram determinados genes de um Monstie para o outro, uma vez que assegura a criação de criaturas exclusivas, fortes e versáteis adequadas para encarar qualquer monstro ao longo do jogo.

Determinados Monsties têm determinadas especialidades que são fundamentais no momento em que navegamos ou quando precisamos de descobrir recursos e alcançar outros trajetos. Ranmar por exemplo, consegue saltar entre plataformas designadas, enquanto outros Monsties, como Kulu Ya-Ku, têm o potencial de localizar cavernas e ovos nas proximidades do mapa com a sua habilidade chamada Nest Search.

Ao contrário da série principal, estamos na presença de um sistema amigável caracterizado por um combate por turnos, no qual a estratégia é habitualmente o ponto principal para atingir o sucesso. Por isso é importante ter os conhecimentos básicos sobre as criaturas, as suas fraquezas e explorar as armas e equipamentos mais adequados para os confrontos.

À nossa disposição temos os seguintes ataques: força, velocidade e técnica. Estes baseiam-se de forma semelhante ao conhecido Jankenpon (pedra-papel-tesoura), onde cada ataque se sobrepõem um ao outro. Neste caso, a força vence contra a técnica, mas é fraca contra a velocidade. A velocidade vence contra a força, mas em contrapartida é fraca contra a técnica, enquanto a técnica tira vantagem da velocidade mas perde contra a força. Apesar de ser consideravelmente simples, ao longo da progressão somos desafiados por criaturas que para além de seguirem um padrão conectado a um destes tipos de ataque, têm também tendência a beneficiar de mais do que um atributo quando alteram o seu comportamento, o que deixa claro a importância de ter em nossa pose mais do que um companheiro Monstie relacionado a cada um destes três atributos mencionados acima, para conseguirmos trocar por um que seja mais adequado a dominar o nosso oponente.

Graças às vitórias que podemos tirar dos confrontos directos e dos ataques duplos que usufruímos quando entramos em sincronia com o nosso companheiro Monstie, conseguimos carregar a energia do medidor de afinidade. Esta mecânica introduzida no combate é utilizada para aproveitar os ataques especiais do nosso protagonista e para emitir ordens diretas aos nossos Monstie. Da mesma forma, quando o medidor de afinidade é carregado por completo, permite-nos subir as costas do nosso Monstie durante os confrontos. Para além de sermos capazes de invocar um super ataque que difere da criatura que montamos, a vida de ambos é restaurada e o Ataque e Defesa aumenta consideravelmente. As animações adjacentes são incríveis e demonstram bem a personalidade de cada Monstie.

Outro aspeto interessante que pode ser acessado através do menu de habilidades é a possibilidade de alterarmos até máximo três armas em combate. Armas estas que pelo seu efeito, categorizado pelo corte, contusão e perfuração, serão vantajosas contra a fisionomia peculiar das criaturas maiores do jogo. Durante a campanha é possível também que outro rider se junte a nós acompanhado do seu Monstie. A sua presença enriquece a batalha e é um alicerce importante para nos dar apoio em combate com as suas técnicas contra os oponentes, assim como para manter a nossa vida intacta.

Wings of Ruins consegue facilmente estimular os jogadores com os seus confrontos desafiantes e incentiva-nos a conhecer o bestiário surpreendente ao qual a série tem vindo acrescentar.

Ao mesmo tempo, tudo é enquadrado dentro de uma bela ilha que consegue impressionar com os seus biomas que vão de florestas tropicais, a desertos quentes e tundras geladas, que combinam perfeitamente com apresentação dos dragões e exploradores que nelas habitam. Estes detalhes são acentuados por meio dos tons vibrantes baseados em anime, oferecendo uma animação fluida, sobretudo nos interlúdios narrativos que vão dirigindo os momentos importantes da história durante o jogo. Todavia, é necessário nomear que existem quedas de fps que são mais evidentes quando entramos em áreas com mais elementos, transparecendo menor qualidade nas texturas. A enfatizar, temos uma banda sonora desenvolvida por Masahiro Ohki, Yuko Miyata e Marika Suzuki que nos oferece melodias orquestradas intensas durante as batalhas, até às melodias mais ambiente e emocionais que estão ligadas aos vários momentos da história de Wings of Ruins. Decididamente que experiência não seria a mesma sem as melodias que acompanham esta aventura.

Monster Hunter Stories 2: Wings of Ruin dá-nos a conhecer o outro lado da moeda da série principal, abordando uma nova linha narrativa mais emocionante, embelezada por um mundo visualmente expressivo e cheio de monstros por colecionar. A sua apelativa jogabilidade com elementos e mecânicas familiares são uma óptima evolução do original que certamente conquistará os principiantes e da mesma medida, os caçadores que se mantêm até então dentro do universo de Monster Hunter.

Monster Hunter Stories 2: Wings of Ruin já está disponível para Nintendo Switch e PC via Steam.

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