Há sensivelmente um ano, a ASUS lançou o seu primeiro dispositivo portátil para jogos no mercado, a ROG Ally. Embora fosse um aparelho sofisticado ainda sofria de alguns problemas e para os retificar com apoio prestado pelos jogadores e pela comunidade a empresa de Taiwan decidiu lançar no mercado a ROG Ally X, uma versão vista e revista do seu galardoado PC form factor. Contudo, o panorama mudou imenso desde há um ano, diversas concorrentes de componentes de PC, tais como a Lenovo, MSI e ACER também lançaram aparelhos semelhantes para obterem uma quota neste novo mercado. Vejamos se com uma concorrência feroz a ROG Ally X ainda é relevante para os jogadores.
Em primeiro lugar é preciso salientar que tal como a sua antecessora, a ROG Ally X está equipada com o chipset AMD Ryzen Z1 Extreme e um ecrã IPS de 7” polegadas com VRR e uma taxa de atualização de 120hz. À partida estes dois grandes elementos parecem oferecer poucos motivos para os jogadores comprarem este upgrade à sua ROG Ally. No entanto, quanto mais exploramos o aparelho mais depressa chegamos à conclusão que esta não é uma atualização assim tão simplista e que todos os seus elementos convergem num grande núcleo para oferecer a maior experiência PC form factor até à data.

Indiscutivelmente o maior “problema” da ROG Ally foi a sua autonomia, tal como puderam ler na nossa análise a bateria do aparelho esfumava-se em tempo real em jogos AAA quando obviamente não estava ligada à corrente. A ASUS esteve muitíssimo atenta aos desejos dos seus fãs e decidiu erradicar este problema por completo ao instalar uma enormíssima bateria de 80Wh no aparelho para oferecer pelo menos 3 horas de gameplay a 25w em títulos AAA, tais como Street Fighter 6, The Last of Us: Parte I, Marvel’s Spider-man Remastered, Horizon Forbidden West ou God of War Ragnarok Quando passamos para jogos indie ou para jogos com elementos gráficos menos exigentes, o mesmo acontece com os títulos The Legend of Heroes: Trails Through Daybreak e Granblue Fantasy Versus Rising a alcançarem a cifra das 4 a 5 horas de autonomia na mesma frequência energética ou ligeiramente superior.
Para além de uma bateria maior, a ASUS também deu especial relevo à ergonomia do aparelho. Existem duas grandes diferenças em termos de design na carcaça das portáteis da ASUS. O elemento mais óbvio é a sua cor, uma vez que a ROG Ally X abandona o corpo branco em favor de um negro. Na minha opinião este elemento é simplesmente uma questão de gosto, uns utilizadores preferem aparelhos em preto outros em branco por isso até penso que devia ter sido mantido o branco do modelo anterior. No entanto, as superfícies pretas geralmente não acumulam facilmente impressões digitais, e com o tempo não ficam amareladas como acontece com as brancas. O segundo aspeto no parágrafo de estética são punhos maiores e arredondados. Este é uma característica com a qual senti bastante desconforto na ROG Ally original porque os seus punhos eram ríspidos e bicudos, o que irremediavelmente me levava a fazer pausas ocasionais numa sessão de jogo mais extensa porque sentia cãibras nas mãos.
Mas as atualizações externas não se ficam só na ergonomia. Isto porque também passam pelas ligações do aparelho e na ROG Ally X a ASUS livrou-se do conetor XG Mobile e substituiu-o por duas portas USB-C padrão. Uma destas suporta o padrão 4.0, portanto pode ser usada para placas externas de outras marcas, o que significa que a ROG Ally X é muito mais versátil quando atua como um PC normal conectado a um monitor. Claro que também já era possível fazer esta operação com a ROG Ally original, mas agora podemos carregar e ligar discos externos ou Pens USB-C simultaneamente ao aparelho. O botão de energia novamente atua como um scanner de impressões digitais para fácil início de sessão, mas o aparelho continua a não estar equipado com uma webcam.
O problema do leitor de cartões microSD, que tantas dores de cabeça deu aos jogadores e à própria ASUS também parece estar erradicado. A sua slot continua a estar comodamente acessível na parte superior no aparelho e consegue uma excelente taxa de transferência, os carregamentos são rápidos e para já não existem relatos de ficar danificada devido ao excessivo calor expelido por outros componentes internos.
O módulo Wi-Fi e Bluetooth também se mantem inalteráveis, o que significa que a ROG Ally X não suporta a mais recente norma Wi-Fi 7. No entanto, isto não representou um grande problema visto que o cliente Steam obteve transferências bastante rápidas quando transferiu um jogo de PC para o dispositivo. A ROG Ally X está equipada com um SSD M.2-2280 PCIe 4.0 com 1 TB, e tal como a sua antecessora permite repormos unidades com quantidades maiores. Contudo, desta vez o formato é mais comum, mas mesmo assim deixo a recomendação da atualização ser feita por técnicos de informática ou alguém com experiência no ramo ou em eletrónica.
Para além do ecrã tátil de 7” de 120hz, um aparelho de jogos digno desse nome requer bons botões e manípulos analógicos. A ASUS alterou alguns componentes e nota-se de imediato o aumento da resistência dos analógicos o que permite movimentos mais precisos. O D-pad também foi reformulado, aumentado e apresenta diversas semelhanças com o da SEGA Mega Drive ou SEGA Saturn, por ser essencialmente em círculo com a cruz do d-pad destacada. Quanto aos botões laterais e face buttons não senti mudanças significativas, afinal se não existe um problema porquê criar um?
Contudo, é possível personalizar todos os controlos de forma abrangente no software Armoury Crate SE. Tudo começa com o simples mapeamento dos botões e continua com curvas de reação para os manípulos analógicos, zonas mortas, curso dos gatilhos, vibração e controlos de giroscópio. De salientar que podemos personalizar e guardar vários perfis para utilizar em cada jogo se for necessário.
Os dois botões “M” na parte de trás do aparelho estão mais pequenos e continuam a ativar funções extra em combinação com o D-pad e os outros botões. Este é um aspeto bem importante porque a utilização do Windows num pequeno ecrã tátil, mesmo alguns botões e analógicos, continua a ser bastante complicada, realmente a Microsoft devia pensar em lançar um sistema ou modo otimizado para operações neste tipo de aparelhos. Depois de estar configurado e à semelhança da ROG Ally original, os jogos podem ser acedidos na biblioteca de jogos independentemente do cliente visto que não existem diferenças de estrutura de ficheiros entre a ROG Ally X e um PC de secretária ou portátil, mas o Armoury Crate SE não se fica por aqui. Tal como os controlos, é possível definir perfis de desempenho para cada jogo e ajustar de forma rápida e intuitiva as definições gráficas sem recorrer a opções de drivers complicadas na ótica do utilizador comum.
O botão inferior esquerdo junto ao ecrã abre o Command Center a qualquer momento, que pode ser configurado com 23 opções. Esta é uma forma muito fácil e cómoda de ajustar definições importantes, tais como o perfil de energia, a luminosidade, o volume, a resolução, as opções gráficas, etc… a qualquer momento dentro e fora de um jogo.
Uma destas opções é a monitorização em tempo real com três definições de apresentação diferentes “Minimalista”, “Em Linha” ou em “Box”. Cada opção aumenta o número de dados apresentados no ecrã e todos os dados de desempenho importantes são apresentados. O monitor de fotogramas é muito fiável e é uma grande ajuda quando tentamos encontrar as definições certas para o nosso jogo sem recorrermos a programas de terceiros tais o célebre Riva Tuner Statistics Server.
Não senti atualizações no ecrã IPS 500 nits 1080p de 7”” no aparelho. Este pode ser um ponto dececionante para alguns visto que a Steam Deck tem disponível uma versão com um ecrã OLED com suporte para HDR, algo que nenhuma versão da ROG Ally tem. No entanto, como apresenta um modo de “paisagem” também suporta VRR e possui uma taxa de atualização 120 hz, dois elementos que num aparelho portátil fazem um mar de diferenças especialmente quando se jogam jogos com fotogramas comparativamente baixos. Felizmente a memória RAM também sofreu uma grande atualização para o aumento de fotogramas, porque de 16GB LPDDR5 (6400MT/s em dual channel) passou a 24 GB LPDDR5X (7500MT/s em dual channel), o que a equipara a ROG Ally X ao desempenho da Legion GO.
A ASUS ajustou todos perfis de energia para a ROG Ally X e quer o perfil Silencioso de 10 a 13 W como o Desempenho de 15 a 17 Watts possuem um consumo mais elevado. O modo Turbo ainda utiliza 30 W quando está ligado à corrente e 25 W quase utiliza a bateria interna. O AMD Ryzen Z1 Extreme, que é basicamente o Ryzen 7 7840U, tem oito núcleos Zen4 e 16 threads com uma frequência máxima de 5,1 GHz, o que torna superior ao desempenho do Intel Core Ultra 7 155H que bate no coração da Claw. Por exemplo, com o recente God of War Ragnarok, o modo Turbo fez toda a diferença porque juntamente com a tecnologia AMD FSR 3.1 ofereceu um equilíbrio constante de 60 fotogramas a 1080p. O modo Desempenho também conseguiu bons resultados, uma média de 70 fotogramas juntamente com a mesma tecnologia da AMD, que no modo Silencioso requereu baixar bastante as opções gráficas nas definições do jogo para atingir os mesmos registos de fotogramas. Devido a estes valores e para obter o melhor equilíbrio entre desempenho, ruido e portabilidade, julgo que o modo desempenho é a via mais indicada para este jogo e uma utilização mais vertical.
Em modo “Idle” as duas ventoinhas estão normalmente desligadas. Neste modo recomendo desativarem o “turbo” porque ao navegar na internet, fazer operações simples ou desfrutar de jogos silenciosos o ruído das ventoinhas pode ser desagradável, arrisco-me a dizer que o aparelho é muito menos quente ao toque quando comparado ao seu antecessor.
Em suma, as palavras de ordem da ROG Ally X são “Mais” e “Melhor”. Mais desempenho, Melhor ergonomia, Maior autonomia e Maior Preço, porque a ROG Ally não possui modelos com o chipset AMD Ryzen Z1 e só está à venda por 899€, ou seja, é 100€ mais cara quando comparada ao modelo original. Porém, como retificou todos os problemas do ano passado e introduziu imensos extras, o seu preço é justificado. Num mercado cada vez mais extenso e competitivo, e onde a portabilidade é rainha, a ASUS volta novamente a subir à posição da Consola PC form Factor mais poderosa e requintada do mercado.