Numa altura em que remasters e remakes se tornaram numa grande tendência no mercado dos videojogos, a Bandai Namco Entertainment aproveita o vigésimo aniversário de Tales of Symphonia, um dos clássicos de culto mais apreciados pelos entusiastas de RPGs, para relança-lo numa versão aprimorada para as plataformas PlayStation 4, Xbox One e Nintendo Switch.

O ciclo de relançamentos de Tales of Symphonia não é novidade para quem os acompanha. A sua estreia começou na GameCube em 2003 e um ano mais tarde chegou à PlayStation 2. Após estas versões tivemos a oportunidades de voltar a reviver a história de Lloyd Irving na PlayStation 3 em 2013 com o nome de Tales of Symphonia Chronicles, a primeira edição remasterizada em HD composta por Symphonia e a sua sequela Tales of Symphonia: Dawn of the New World (lançada em 2008 para Nintendo Wii), chegando depois também ao PC.

Para começar, cada lançamento apresentou as suas diferenças. A versão da GameCube, a original, permitiu jogarmos em 60fps, enquanto na PlayStation 2, apesar de apostar em novos conteúdos, bloqueou o desempenho aos 30fps. Quanto ao Port da PlayStation 3, contribuiu com um aumento da resolução para 720p, no entanto, foi feita a partir da versão PlayStation 2 tanto para o bem como para o mal, onde encontramos os extras mas também os 30fps em vez dos 60fps da versão original.

Isto tudo para dizer que Tales of Symphonia Remastered poderia ser a grande oportunidade da Bandai Namco Entertainment para construir uma versão definitiva do mesmo, mas ao contrário do que esperávamos, a nova remasterização lançada atualmente para as plataformas modernas, foi baseada mais uma vez na versão PlayStation, entregando um trabalho de atualização bastante simples.

Apesar de herdar todos os conteúdos anteriormente disponíveis, desde fatos, ataques, Mystic Arts, masmorras, novas missões e vozes em japonês e inglês, continua inexplicavelmente limitado aos 30fps. O estúdio não foi além de agregar mais estabilidade no uso de algumas habilidades, controlos aprimorados, a opção de saltar eventos, sequências entre outras alterações, como pequenas melhorias visuais que se sentem com o aumento de resolução para o Full HD (1920×1080). A ausência de Dawn of the New World também foi sentida, apesar de ser dos Tales of que menos apreciei, gostaria de certa forma de o ter visto resgatado com outro encanto nesta geração, podendo assim dar-lhe uma nova oportunidade.

Depois de jogar Metroid Prime Remastered e passar para este jogo, percebi o quão diferente são estas versões remasterizadas na sua qualidade. Em modo de comparação, a atualização de Metroid Prime trouxe um título completamente novo a nível técnico e visual, muito perto do estatuto de um remake. Já Tales of Symphonia Remastered fica pela simplicidade, onde os erros anteriores permanecem expostos nesta versão e nem as melhorias feitas nas texturas e modelos dos personagens disfarçam a sua idade.

Porém, o que eventualmente vai fazer os jogadores abraçar novamente este jogo é a narrativa de Tales of Symphonia. É uma mistura incrível de humor, aventura e filosofia. Nesta jornada a história passa-se em Sylvarant após um grande colapso devido ao uso excessivo de mana pelos inimigos do jogo, os Desians. Para evitar a destruição do mundo, Collete Brunel parte nesta nobre missão na companhia de Lloyd Irving, Genis Sag, entre outros, para quebrar os selos de forma a regenerar o equilíbrio do planeta.

Ao longo do jogo vamos descobrindo que para além da missão de Collete, são abordados temas ainda mais complexos e diferentes para um RPG japonês de 2003, tais como a escravatura e certas ideologias sociais e ambientais. Mesmo assim, o clima de um modo geral é agradável e o espírito aventureiro dos JRPG’ s clássicos está latente em todos os momentos. Com um enredo que tem a sua profundidade e um elenco de personagens atrativos e interessantes de aprofundar.

Para enfrentar este conflito, temos em mãos um sistema de combate em tempo real que inseriu o Multi-Line Linear Motion Battle System nos moldes da série Tales of. Embora os sistemas de combate atuais se mostrem muito mais polidos e menos monótonos no que toca ao ritmo e à exuberância dos ataques, Symphonia não deixa de ser empolgante e desafiador na altura de enfrentar os inimigos. A diversão está na escolha certa de quando devemos atacar ou mesmo combinar as habilidades especiais que cada personagem vai aprendendo com a experiência em batalha. Por outro lado, navegar pelo mundo só para investir num melhor equipamento e também na evolução dos personagens já era algo que tinha saudades, aspeto este que com frequência tem ficado esquecido nos RPGs atuais.

Quando falamos desta série, um dos elementos que fica retido na nossa cabeça é precisamente a sua banda sonora, que neste caso continua a ser incrível de contemplar. As melodias compostas por Motoi Sakuraba e Shinji Tamura foram construídas de acordo com cada situação, disponibilizando um conjunto de músicas que ajudam numa ambientação serena assim como faixas mais energéticas em situações de combate. Mesmo que tenha uma opção com vozes em inglês, sugiro que joguem nas originais, em japonês, uma vez que o nível de interpretação se adequa mais a cada personagem.

Tales of Symphonia continua a atrair a atenção das pessoas pela sua narrativa que é complementada com o carisma marcante dos personagens. Ao mesmo tempo, a sua nova atualização falha por melhorar pouco os aspetos técnicos e visuais do jogo, demonstrando que envelheceu mal nesse aspecto. Afinal, um clássico como este merecia um tratamento especial, visto ter sido a primeira aposta mundial, abrindo portas para futuros títulos da série. Tales of Symphonia Remastered é sem dúvida recomendado para qualquer jogador assíduo do género que não teve oportunidade de experienciar este título nas versões anteriores.

Prós:

  • Uma história emocionante com bons momentos de humor
  • Personagens carismáticas
  • Combate humilde, mas divertido
  • Boa banda sonora
  • Resolução a 1080p

Contras:

  • Preço elevado
  • Ausência de Tales of Symphonia: Dawn of the New World
  • Remaster demasiado básico
  • Corre a 30 FPS em vez de 60 FPS
  • Envelheceu mal visualmente
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2 Comentários
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Dom ShidonD
Dom Shidon
6 , Março , 2023 13:43

CONTRA: Não ter legenda em português

Não se podem aceitar, numa empresa grande, este descaso!

Bruno Cavaco
Bruno Cavaco
7 , Março , 2023 16:36

Um remaster bem fraquito e relativamente desnecessário dentro da série (além de já ter tido muitas versões, quase todas chegaram ao ocidente e a versão de PC sempre esteve disponível e a metade do preço desta nova).

Boa review focando-se principalmente no fator de remaster mas dando também informação do jogo original.
Pessoalmente o sistema de batalha envelheceu mal, este jogo introduziu as batalhas em 3d na saga r já foi amplamente superado.
Na parte artística acho que continua linda, bem como na sonora.
Em termos das vozes não concordo com que as japonesas caracterizarem melhor os personagens, acho que as inglesas fazem um melhor trabalho (têm como parte negativa não haver vozes nos skits mas terem em mais momentos extras da história).

Continuem o bom trabalho.