Mais...
    InícioAnimeAnálise — Higurashi no Naku Koro Ni

    Análise — Higurashi no Naku Koro Ni

    01 Capa

     

    Atrás de onde eu olhei, não sabia quem estava a frente. Eu levantei minhas garras na escuridão e rasguei a distância na noite. Gotas de chuva tornam-se gotas de sangue e escorrem por minhas bochechas. Se não há lugar para eu retornar jamais… Pegue esses dedos, meus dedos. Eu levarei todos os seus dedos para a intocada floresta onde as cigarras choram. Não há como voltar… quando as cigarras choram.

     

    E com esse trecho longo de uma abertura de Higurashi no Naku Koro Ni, que eu inicio essa análise de uma das melhores adaptações de Novels para animes de uma obra japonesa de terror. É completamente normal qualquer pessoa começar a acompanhar esse anime com o pensamento de estar prestes a presenciar uma história de terror e ser enganado pelo primeiro episódio que vai quase completamente contra a filosofia do resto do anime. Higurashi no Naku Koro ni, tradução literária para Quando as Cigarras Cantam ou choram, é uma série de jogos produzidos pela 07th Expansion e baseados na Engine NScripter, ou seja, é no estilo Visual Novel. A Série ela foca em um grupo de amigos que estão vivendo normalmente suas vidas na vila de Hinamizawa, quando estranhos acontecimentos ocorrem pela região.

    A série é dividida em diversos arcos contando histórias quase que individuais e totalmente independentes umas das outras, histórias isoladas que se passam com os mesmos personagens, no mesmo período de tempo e na mesma região. O Primeiro jogo de PC da série, Onikakushi-Hen, foi lançado em 10 de agosto de 2002 e o seu oitavo e também último jogo, Matsuribayashi-hen, foi lançado em 13 de agosto de 2006. Não demorou para a série ganhar o seu devido reconhecimento e sucesso e assim CDs de Drama foram feitos, o primeiro baseado no Onikakushi-hen, foi lançado em 27 de maio de 2005. A série também ganhou uma adaptação em mangá, lançada em Março de 2006 na revista de mangás japoneses Gangan Powered com ilustrações da artista japonesa Karin Suzuragi – que merece os parabéns pelo excelente desenho que, na minha opinião, se encaixou bem com o clima da série.

    Após um curto período de tempo, a série ganhou a sua adaptação em anime com 26 episódios feita pelo Studio Deen – reconhecem o nome? Caso não tenham reconhecido, citarei alguns animes produzidos pelo estúdio: Beyblade, a série de TV e também o Filme. Getbackers, a série de TV cujo ganhará análise no site futuramente. Fate/Stay Night que com toda certeza ganhará análise no site, afinal eu sou um grande fã de Gen Urobushi. Hell Girl a série de TV e também continuações, que assim como os anteriores, merece muito uma análise no site. Sankarea a série de TV. Vampire Knight e sua continuação, ambas séries de TV que ganharão análise no site. Soul Hunter a série de TV, Rave Master a sua série de TV, obra de mesma autoria do criador de Fairy Tail. E para finalizar, Kore wa Zombi Desu Ka?.

    Meses após o seu anúncio, fora anunciado uma continuação para a série em anime que não adaptou todos arcos e deixou infinitas duvidas nas pessoas sobre qual era o mistério da série e o que de fato acontecia. Eis que eles lançaram HIGURASHI NO NAKU KORO NI KAI, produzida pelo mesmo estúdio e foi ao ar entre 6 de julho de 2007 e 17 de julho de 2007. Foram feitas uma série de OVAs em cinco episódios, sendo o primeiro capítulo lançado em 25 de fevereiro de 2009. A Série teve uma adaptação cinematográfica que retratava os eventos do primeiro arco, Onikakushi-hen. O filme foi estrelado por Goki Maeda como Keiichi, Airi Matsuyama como Rena, Rin Asuka como Mion, Aika como Rika e Erena Ono como Satoko. O Filme contou com uma sequência que estreou em maio de 2009 intitulado Higurashi no Naku Koro Ni Chikai.

    Curiosidade: Sabiam que o título do anime possui uma grande brincadeira em seu nome? O naku do título possui um duplo sentido e primeiro, naku pode significar fazer sons, referindo-se aos sons feitos pelo organismo não-humano. Segundo, naku também significa chorar. O Na, em vermelho no logotipo, segundo o criador original Ryukishi07, faz parte do título oficial. Infelizmente a brincadeira com o nome foi retirada em sua adaptação para os Estados Unidos que foi licenciada sob o nome de When They Cry – Higurashi.

     

    02 Sinopse e Apresentação da História

    Sinopse + História

    O Anime começa nos apresentando o personagem Maebara Keichi, que acabou de se mudar para uma vila chamada Hinamizawa e se tornou um amigo recente de suas colegas de classe: Ryuugu Rena, Sonozaki Mion, Rika Furude e Houjou Satoko. Após um curto período de tempo convivendo com suas amigas ele é convidado a participar de atividades de clube após a escola que consistem, na maioria das vezes, em jogos passivos e de entretenimento fácil. A cidade é localizada no exterior, bem longe de uma cidade grande. Aparentemente é bem pacifica mas não se pode confiar muito nisso. Toda a paz termina quando se da inicio ao festival de Hinamizawa que é realizado anualmente entitulado de Watanagashi, comemorando e agradecendo o deus local que é cultuado pelos habitantes da vila, Oyashiro-sama.

    A história de primeira instância, ela se parece muito com qualquer Harém onde temos um protagonista rodeado de personagens femininas e vivem seu dia a dia em uma escola mundana como qualquer outra. Apesar disso, todos nós somos surpreendidos quando ao fim do episódio o anime parece nos surpreender com pequenas pontas soltas de o que pode ser considerado um assassinato que não fora solucionado até hoje. Preso a esse mistério, nós ficamos ao lado do personagem principal e queremos descobrir mais sobre os eventos que sucederam os dias atuais, a fim de desvendar esse assassinato cujo o anime o tempo todo fica jogando indiretas de que talvez os culpados estejam mais perto do protagonista do que imaginamos. O grande mistério central do anime não é descobrir quem é o assassino que anda cometendo as atrocidades anualmente no festival de Watanagashi, mas sim descobrir qual o mistério que rodeia a cidade e o deus local.

    Em futuros arcos, a série nos faz acreditar realmente em uma entidade divina com desejos malignos que precisam ser saciados anualmente e aqueles que estiverem a fim de ir além do que foram impostos a eles, sofrerão as consequências. E tudo isso combinado a narrativa torna a história muito empolgante, pois quando você consegue superar os curtos momentos de cotidiano e Harém que o anime tem, a cadeira que você está sentado começa a se cansar pois você não quer mais parar de assistir o anime de tão bom que o mistério está ficando. Apesar disso, não pense que você será capaz de compreender a série toda somente pelos seus 25 episódios iniciais, pois eles não adaptarão todos os eventos que são escritos pela 07th Expansion nos jogos, deixando várias vezes em suas conclusões de arco, uma enorme duvida que permeará o telespectador sobre o que está de fato acontecendo naquela cidade. Diversos momentos ele jogará a culpa em diferentes personagens em diferentes arcos, que é outro chamativo do anime – para alguns, é um defeito: Ele não é linear e seus arcos são completamente independentes. Após um arco ser contado, temos a sensação de reboot, a história volta do início e um ciclo de mistério se reinicia no mesmo tempo, com os mesmos personagens sobre o mesmo mistério, mas tudo isso se repetindo com uma trama nova e um desenvolvimento novo. Higurashi no Naku Koro Ni consegue deixar a pessoa presa mas ele também sabe bem como decepcionar, justamente pela sua mudança de arco e recontagem de histórias que não são solucionadas no primeiro anime, mas que futuramente em Higurashi no Naku Koro ni Kai, traz praticamente todas as respostas. Infelizmente, possui furos, dando destaque para um que acontece no Tatarigoroshi-hen que cronologicamente será o terceiro arco que o telespectador verá no primeiro anime.

     

    03 Personagens e Narrativa

    Os Detalhes de Higurashi no Naku Koro Ni

    Apesar das pontas soltas que demoram para serem solucionadas e dos furos que nos fazem pensar se não teve realmente nada mais a ser contado naquele momento, o anime – eu, pelo menos, sinto isso, ele consegue nos entregar uma boa narrativa competente e capaz de desenvolver bem seus personagens ao longo dos vários arcos. Não é como se ele diminuísse a importância de um personagem e o descaracterizasse para que as continuações sejam realizadas, na verdade muito pelo contrário, todos os personagens iniciam as histórias com as suas verdadeiras personalidades sendo bem fiéis a maneira que nos foram apresentados, mesmo aqueles que o anime nos da indícios de que sabe mais do que deveria ou segredos demais são guardados por esse personagem, eles são muito fiéis aos seus papéis na história. Até mesmo as personagens que mais gerou desconforto no público inicialmente, no fim nos mostram que elas não estavam forçando suas reações ou emoções e sendo descaracterizadas, na verdade se mantiveram até o final e todas as suas sombras são reveladas ao telespectador com muita calma, afinal tiveram 25 episódios para poderem trabalhar os personagens e souberam aproveitar.

    Desenvolvimento de personagens, é um detalhe de roteiro importante para a coerência das ações e pensamentos dos personagens assim como o grande crescimento deles necessário durante uma história. Eu não diria que Higurashi faz isso com maestria, mas todas as ações daqueles personagens fazem sentido e condiz com o que eles foram propostos, pois nunca são descaracterizados e sempre são levados ao extremo em determinados arcos, não para nos mostrar seus crescimentos, é mais para nós vermos suas reações e como eles lidam com situações tão tensas e difíceis como aquelas. E combinado a isso, tem a narrativa.

    A narrativa é a grande maestria desse anime, não precisamos de explicações enormes e gigantes da própria para entendermos de primeira mão que: Existe algo muito errado com essa cidade e esses personagens, o que está acontecendo não é algo normal. Combinado a isso, temos a trilha sonora que é de se aplaudir e ela consegue construir muito bem os climas em conjunto com a construção das cenas. A direção desse anime foi muito bem-feita, as cenas não são jogadas e todas as cenas são bem colocadas, aquelas que precisamos da trilha sonora estão lá mas existem momentos onde o silêncio e o diálogo entre os personagens, misturado a trilha sonora do ambiente ao fundo que dá vida a aquele cenário, são o que nos fazem nos sentir desconfortáveis e faz jus ao gênero do anime. O design dos personagens e a animação foram bem-feitas, não veremos personagens nesse cenário utilizando roupas exageradamente bonitas ou extravagantes, eles são personagens que vivem em uma cidadezinha afastada e bem escondida, poucas roupas e poucos recursos. Graças a isso que temos personagens com roupas bem simples e como o clima é quente, roupas leves.

     

    04 Abertura e Encerramento

    Trilha Sonora, Dublagem e Abertura + Encerramento

    Os sons do ambiente, se você prestar atenção, são um detalhe que eles pensaram e conseguiram trazer de uma forma bem-feita para o anime na minha humilde opinião. O som dos corvos, o som do ambiente ao fundo, plantas se movimentando, o ar, os sons de madeira… eu não consigo colocar em palavras como eu gosto tanto da produção desse anime. Outra coisa relacionada a som e voz, é a dublagem que sinceramente, eu não conseguiria escolher dubladores melhores para esses personagens. Algumas personagens femininas possuem algumas vozes bem genéricas quando estão em seu cotidiano, para algumas pessoas são tão finas que podem até irritar e gerar uma dor de cabeça. Mas, quando estamos em momentos de tensão que exige uma preocupação maior na interpretação dos atores/dubladores, nós vemos que eles sabem mandar muito bem – destaque para toda a dublagem do último arco do primeiro anime.

    Agora vamos falar da abertura e encerramento? Sinceramente, são o outro destaque dessa série na minha opinião, músicas bem escolhidas para compor o tema do anime que não é somente o terror, mas também o romance em certa parte, assim como o desconforto, perseguição, mistério e a ambientação bem opressiva de não saber em quem confiar.

    Abertura de Higurashi no Naku Koro Ni é a musica Higurashi no Naku Koro Ni por Eiko Shimamiya. A musica da qual eu retirei o trecho que se iniciou essa análise.

     

    Encerramento de Higurashi no Naku Koro Ni é a música Why, Or why Not cantada pela cantora Katakiri Rekka.

     

    Primeira Abertura de Higurashi no Naku Koro Ni Kai é a musica Naraku no Hana, também cantada pela Eiko Shimamiya.

     

    Encerramento de Higurashi no Naku Koro Ni Kai é a musica Taishou A, cantada pela cantora anNina.

    https://www.youtube.com/watch?v=UOp0IoRwYJY

     

    A Musica tema do OVA Higurashi no Naku Koro Ni Rei, que eu considero a segunda melhor música da série apesar de fazer parte de um arco que é bem diferente dos demais em uma história quase filler e bem feliz, é a musica Super Scription of Data. Cantada por… adivinha quem? Eiko Shimamiya, é claro. Essa cantora foi feita para Higurashi.


    Considerações Finais

    Higurashi no Naku Koro Ni, assim como seu sucessor, Higurashi no Naku Koro Ni Kai, conseguem nos entregar uma verdadeira história de terror. Não daquelas que dependem de sustos para fazer o telespectador pular da sua cadeira o tempo todo com sustos previsíveis, mas também sabe nos entregar o verdadeiro mistério que animes desse gênero precisa. São 4 arcos de perguntas, 4 arcos de respostas. Apesar de ter furos no meio da história, não são o suficiente para ofuscar a experiência maravilhosa que você terá no acompanhamento dessa história. Sua narrativa é precisa e bem desenrolada, sabe nos contar uma boa história e principalmente nos enganar diversas vezes, assim como pregar várias peças em nós. Possui pequenos defeitos como deixar furos acontecerem na história, mas em sua maioria, é uma experiência que vale a pena ter. Se você nunca assistiu Higurashi no Naku Koro Ni, não se preocupe pois esse é um excelente anime a se ver, pois mais que as animações já estejam datadas nos dias de hoje. E você que já viu, deixarei um lindo sorriso da Shion (?) para você – a todos aqueles que leram essa análise, obrigado e continue nos acompanhando.

    Até a Próxima. 

    Helder Archer
    Helder Archer
    Fundou o OtakuPT em 2007 e desde então já escreveu mais de 50 mil artigos sobre anime, mangá e videojogos.

    Artigos Relacionados

    5 COMENTÁRIOS

    Subscreve
    Notify of
    guest

    5 Comentários
    Mais Antigo
    Mais Recente
    Inline Feedbacks
    View all comments
    Crys
    Crys
    11 , Julho , 2019 18:35

    Muito bom. Mas uma correção: não foi o estúdio Deen quem produziu Beyblade. Foi a MadHouse

    Bruno
    Bruno
    21 , Agosto , 2019 23:52

    O anime não é ruim, eu ainda tenho que finalizar o ultimo arco. Mas só de saber que foi baseado em jogo explica muito os arcos que no começo achei que seriam todos ligados e não historias diferentes. Alguns se completam como o primeiro e o quarto que deu sentido as personagens mion e shion, contudo os personagens não são fieis a seus determinadas personalidades, sempre a uma mudança. Pega o detetive ele muda sua personalidade dependendo o arco. De terror não existe nada, tem um suspense na história, cenas fortes não achei quase nada recomendo pra maiores de 14 anos pela historia meio confusa. Estou curioso em saber se o ultimo arco fecha tudo, vou apenas finaliza-lo.
    Obs. Não to nem levando em consideração os erros de produção, lembra da parte da ponte, rachei de rir. Olha não soltei um spoiler, fui.

    Martim Afonso
    Martim Afonso
    12 , Outubro , 2019 3:35

    é mesmo irritante quando não usam higuraxi

    NoLive
    NoLive
    30 , Junho , 2020 12:55

    Imaginem se tudo isso faz parte da maldição que liga todos jogos e arcos de formas diretas e indiretas?

    Blackthorne
    Blackthorne
    3 , Abril , 2021 18:06

    Uma coisa nao entendi: por que dizem que os arcos são independentes se, certa hora, o protagonista lembra de algo que ocorreu em outro arco? Por acaso será que é porque o anime segue como o jogo do qual foi baseado, como se o roteirista fosse apenas o jogador “em busca do final perfeito”?

    - Publicidade -

    Notícias

    Populares