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    Entrevista a Chuya Koyama (Space Brothers)

    Depois de Hiro Mashima (Fairy Tail) e  (Gantz) aqui está uma entrevista a Chuya Koyama, um mangaka que ficou conhecido pela sua obra .

     

    Como era quando eras criança?

    Não me lembro muito. [Risos] Eu vivia no primeiro andar de um complexo de apartamentos. Havia uma varanda cercada, e eu costumava ficar lá fora, no sol.

     

    Cresceste com irmãos?

    Eu era filho único

     

    Se és filho único como consegues desenhar os irmão de ?

    Para isso, eu tive que pedir aos meus amigos que têm irmãos como é ter um irmão ou irmã. Eu também perguntei aos meus editores sobre isso. O resto é a minha imaginação. Eu acho que todos os relacionamentos entre irmãos são diferentes, então eu queria ter a certeza que as relações entre os personagens na minha história são convincentes.

     

    Tinhas algum modelo para os dois principais personagens de Space Brothers, Mutta e Hibito? Ou era completamente baseado na tua imaginação?

    Quando eu pensei pela primeira vez no personagem Mutta, eu estava a ler um livro chamado Kimi ni tsuite ikou (I Will Follow You: My Wife Wants to Go to Space) por Makio Mukai. Ele foi escrito do ponto de vista de Mukai-san, mas ele tinha um ponto de vista interessante. Ele tem muito bons olhos para observação, e com isso, ele lembra-se e analisa as impressões que as pessoas fazem. Eu pensei que era uma personalidade interessante, então eu quis fazer o personagem principal da minha história alguém parecido com ele.

     

    Mutta ou Hibito, qual deles tem uma personalidade semelhante à tua?

    Eu acho que sou mais como Mutta. Mas eu acho que também há uma parte de mim como Hibito. Eu muitas vezes estou a contemplar como Mutta, mas às vezes eu estou determinado como Hibito.

     

    Porque te tornaste num mangaka?

    No início, eu não tinha certeza se eu me podia tornar num mangaka [risos]. Mas se eu pudesse, eu queria tornar-me num. Então, para testar as minhas capacidades, eu escrevi alguns mangas e foi mostrá-los aos editores. Deles, um editor de Kodansha achou o meu trabalho interessante. Então começamos a trabalhar juntos, e criei GGG, que ganhou um prémio.

     

    Porque decidiste criar um manga sobre o espaço?

    Eu estava a falar com um editor para descobrir a próxima ideia de história, e ele sugeriu: “Que tal uma história sobre o espaço?” No começo, eu não tinha a certeza se eu conseguiria fazê-lo, porque eu não estava muito bem informado sobre o espaço. Além disso também existiam mangas famosos sobre o espaço como Planetes e Moonlight Mile. Eu sabia que iria ser comparado a esses mangas, e iria ser difícil superá-los. Mas, honestamente, eu não fiquei a contemplar por muito tempo [risos]. Alem disso o meu nome real é Chuya Koyama e o meu primeiro nome contém a palavra “Chu” [Nota: 宙 significa “espaço”]. Eu pensei que seria uma piada se Chuya Koyama trabalha-se numa história sobre o espaço. Talvez estivesse destinado.

     

    Como entraste neste assunto do espaço quando não estás familiarizado com ele?

    Como eu disse, a minha primeira introdução ao espaço foi Kimi ni tsuite Iku (I Will Follow You) por Makio Mukai. Eu também obtive alguns insights de pessoas que estão bem informados sobre o espaço e ciência. No início, há uma ideia de história. Com base nisso, entro em contacto com especialistas a pedir detalhes sobre o que eu quero saber. Então, digamos que há um exame para se tornar num astronauta. Primeiro, eu pesquiso sobre esse exame, tanto quanto posso, em seguida, vou falar com alguém que está realmente familiarizado com o exame. Quase todas as vezes, eu crio uma cena na história, e depois peço-lhes para verificarem os fatos no manga. Às vezes eu vou visitar a JAXA, às vezes eu vou assistir ao lançamento de foguetes.

     

    Há cenas em Space Brothers que ocorrem em diferentes países. Costumas ir a esses lugares e conversar com as pessoas para a pesquisa?

    Eu estive nos Estados Unidos algumas vezes para ir ver a NASA. Mas eu gostaria de poder ir a mais lugares diferentes com mais frequência e falar com as pessoas de lá. Eu sou do Japão, então as cenas passadas no Japão ainda são as mais fáceis para mim de desenhar. Em relação a lugares em que eu nunca estive, eu peço a alguém que está mais familiarizado com a região.

     

    Quando um especialista olha para o teu trabalho, que tipo de feedback recebes?

    A realidade e manga são diferentes. Manga é entretenimento, por isso tem que ser divertido. Os especialistas sabem mais sobre a realidade. Mas a realidade pode ser meio chata. A realidade poderia ser apenas sobre o orçamento do programa espacial. Eu penso um pouco sobre isso também, mas se eu estou preocupado com apenas a realidade, eu não vou ser capaz de fazer um manga. As pessoas que verificam os factos para mim também entendem isso, então eles permitem que certas coisas passem, porque é manga. Às vezes, eles apontam o que poderia ser possível na realidade, o que me faz feliz.

    Entrevista a Chuya Koyama (Space Brothers)

     

    Quando crias uma história existe algo que tenhas em mente?

    O equilíbrio entre a realidade e a ficção é a chave. Teria sido um manga totalmente diferente se ele fosse ainda mais de ficção científica, com aliens. Mas eu comecei esta série numa espécie de cenário realista. Então, eu quero pensar em algo baseado na realidade, como que tipo de pessoas se tornam num astronauta, porquê e como.

     

    Todos os personagens em Space Brothers têm personalidades únicas. Tens modelos para eles?

    Às vezes, há uma pessoa em que eu vagamente baseio os personagens, mas o resto são a minha própria criação. Por exemplo, a mãe de Mutta e Hibito é vagamente baseada na minha sogra. Ela sempre diz coisas engraçadas [Risos] Eu pensei que seria engraçado e então eu incluí coisas como essas na personalidade da personagem.

     

    Qual foi a coisa mais difícil de trabalhar em Space Brothers?

    Trabalhar uma cena no espaço é o mais difícil para mim. Eu nunca fui ao espaço, e também há pouca informação sobre isso. Por isso, é difícil imaginar como é estar no espaço. Em contraste, é mais fácil trabalhar numa cena na Terra, porque nós estamos aqui. É muito mais fácil desenhar sobre o ambiente em que estás familiarizado com a tua cidade natal. Mas quando eu tenho que desenhar uma cena na lua, eu tenho que confiar na minha imaginação. Mesmo que eu faço uma pergunta a um especialista, eu não seria capaz de obter uma resposta definitiva. Por exemplo, quando eu pergunto a um especialista, “O que aconteceria se levasses uma maçã ou melancia para o espaço?” A resposta de cada um é diferente. Um físico poderia usar o seu conhecimento e imaginação para me dizer o que teoricamente poderia acontecer. Não é como se alguém realmente tenha feito uma coisa dessas no espaço. Então começa a ser um questão de opinião. Nesse ponto, eu tenho que tomar a minha própria decisão e fazer a minha história parecer real.

     

    Tens assistentes?

    Sim, eu tenho 5 assistentes. É um local de trabalho bastante animado, porque todos gostam de conversar. Às vezes eu coloco um filme ou um anime para acalma-los [risos]. Mesmo quando estas a fazer um trabalho focado como o desenho manga, os teus ouvidos ainda ouvem sons. Algumas pessoas distraem-se quando há uma conversa em curso. É preciso um tipo diferente de cérebro para ter uma conversa e desenhar manga ao mesmo tempo. É meio difícil fazer as duas coisas.

     

    Por falar nisso, qual é a sensação de veres o teu trabalho adaptado para anime ou um filme live-action?

    Há prós e contras em tudo. Mas não é como se um fosse melhor que o outro. Um anime é feito com desenhos, por isso há uma certa qualidade de arte que eu quero que a equipe de produção siga. Um filme live-action está mais dependente dos atores, mas há outros elementos que não estão no manga, como os efeitos sonoros e música. Consegues fazer uma determinada cena, como a cena do lançamento de um foguete muito mais intensa do que no manga.

     

    Qual é o teu signo?

    Eu sou Balança

     

    Tens algum hobbie?

    Eu gosto de ouvir música. Quando eu comecei a trabalhar em Space Brothers, eu estava a ouvir Sigur Ros e fiquei realmente inspirado. Mais tarde, a canção foi realmente usada no filme live-action de Space Brothers. Isso fez-me muito feliz.

     

    Tens um determinado público em mente quando fazes manga?

    Na verdade não. Eu só quero que muitas e diferentes tipos de pessoas possam ler o meu manga. Quem gosta de manga pode lê-lo. Ou melhor ainda, eu quero que alguém que não costuma ler manga possa lê-lo. Há algumas pessoas que têm ideias negativas sobre manga. Mas eu, pessoalmente, aprendi muito com manga. É algo que torna a tua vida mais rica. Como colocar-se na pele de um personagem, e pensar em como avançar na vida, ou a pensar qual a personalidade do personagem que ressoa mais contigo. Só de pensar sobre estas coisas valem a pena para mim.

     

    Qual é a sensação de saber que existem pessoas fora do Japão que leem Space Brothers?

    Uma parte de mim gostaria que todos pudessem ler Space Brothers em japonês. Há muitos jogos de palavras na história que eu imagino são realmente difíceis de traduzir para outro idioma. A tolice combinada com as cenas sérias fazem esta história completa. Por exemplo, há um capítulo quando Mutta aprende o ditado Inglês “It’s a piece of cake”. Mas eu me pergunto se essa cena é significativa para falantes nativos de inglês, porque a frase já está em Inglês.

     

    Achas que és uma pessoa introvertida?

    Eu acho que sim. [Risos] Eu acho que a maioria das pessoas que desenham manga é introvertida. Geralmente não são muito bons com palavras e comunicação, então fazem-no através de manga. Mas os artistas são melhores a falar do que desenhar.

     

    Gostarias de ir ao espaço um dia? Onde querias ir?

    Claro que eu quero. Se eu pudesse ir a qualquer lugar no espaço, até mesmo usando um túnel do tempo, eu quero ir para um planeta distante, onde há oxigénio para respirar, e criaturas vivas pudessem viver. Espero que eu possa encontrar criaturas vivas estranhas que evoluíram de maneiras completamente inesperadas nesse planeta. Mas, novamente, há estranhas criaturas neste planeta também. Então, talvez a experiência não seja muito diferente.

     

    Irias para o espaço se só tivesses um bilhete de ida?

    Talvez se eu tivesse mais de 60, eu poderia ir. Mas pode depender de com quem eu vou. Eu definitivamente não quero ir sozinho. Na verdade, eu agora não tenho tanta certeza se eu quero ir se fosse apenas um bilhete de ida.

     

    Se alguém nunca tivesse lido Space Brothers, o que lhe dirias?

    Algumas pessoas podem pensar que é uma história complicada, porque é sobre o espaço. Mas não é verdade. É uma leitura simples, porque o criador (eu) também não sabe muito sobre o espaço e estava a tentar aprender, digerir a informação e torná-la mais fácil de entender para qualquer pessoa. Se te estas a afastar de Space Brothers, porque é sobre o espaço, pensa novamente. Pode tornar-se na tua porta de entrada para encontrar um novo interesse sobre o assunto.

    Helder Archer
    Helder Archer
    Fundou o OtakuPT em 2007 e desde então já escreveu mais de 50 mil artigos sobre anime, mangá e videojogos.

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