Asterigos: Curse of the Stars é um RPG de ação e aventura com elementos soulslike elaborado pela tailandesa Acme Gamestudio e publicado pela tinyBuild que teve o seu lançamento neste mês de Outubro para PlayStation 5, Xbox Series, PlayStation 4, Xbox One e PC (Steam).

Em Asterigos: Curse of the Stars a nossa jovem heroína, Hilda da Legião do Vento Norte, parte para a cidade antiga de Aphes com o propósito de encontrar um grupo de legionários ao qual pertence o seu pai. Já no interior da cidade, ela descobre a partir de um grupo chamado de Aderentes, que esta foi corrompida por uma maldição milenar, que para além de atribuir a vida eterna aos seus habitantes e de modificar os seus aspectos, levou a cidade à destruição devido à ganância pelo Pó Estelar (a moeda utilizada em jogo). Ao entrarem em concordância, a jovem decide colaborar com a elite para salvar a cidade da maldição em troca de também a ajudarem a encontrar o paradeiro do seu pai.

Ao mesmo tempo que a narrativa se foca na descoberta da verdade por trás da maldição, Asterigos: Curse of the Star manifesta também os problemas que assolam ferozmente esta cultura, falando das civilizações nas quais o jogo se inspira, a Grega e a Romana. Diferenças entre classes, luta pela independência, xenofobia e os conflitos políticos e religiosos são temas debatidos em abundância. Além disso, os eventos são alimentados por um elenco díspar guiado pelas suas motivações, que contam as suas histórias e partilham as suas próprias experiências pessoais passadas em Aphes. Para complementar, temos documentos espalhados pelo mundo que enriquecem o nosso conhecimento sobre o passado próspero e agora sombrio que se pode experienciar neste jogo.

Devo referir que fiquei impressionado com o cuidado e detalhe que o estúdio teve ao planear o lore de Asterigos, no entanto, o problema está na quantidade, talvez excessiva, de diálogos e informações presentes nos documentos, que acaba por vezes por quebrar o ritmo da ação e da aventura.

Debaixo da cidade de Aphes, temos acesso a um abrigo, um gênero de hub que interliga todas as áreas da cidade. Na presença dos Aderentes, temos aqui a única zona segura do jogo onde podemos melhorar as nossas armas, criar acessórios que aumentam os status de defesa, física ou magia e até, comprar itens de cura e mana. Temos ainda a mesa de guerra ao nosso dispor que nos permite aceder ao mapa e ler informações importantes sobre as missões que recebemos ao longo do jogo. É a partir dessas demandas que temos a liberdade para explorar as impressionantes áreas da cidade. Cada uma das regiões proporciona uma experiência visual única, influenciada pela estética grega e romana em torno de uma atmosfera enigmática com um estilo de desenho cartunesco.

Relativamente à construção do mundo, o estúdio não esconde que retira apontamentos da fórmula “Souls”, apresentando uma estrutura labiríntica que ao longo da progressão vai resultando na abertura de vários caminhos alternativos. Como seria de esperar, a ausência de um mapa, incentiva os jogadores a redobrar a sua orientação e a explorar o desconhecido com um cuidado especial. As áreas escondem inúmeros itens e colecionáveis assim como fragmentos da história que descobriremos apenas se sairmos fora do percurso principal. O grande problema da exploração está relacionado com as semelhanças que os cenários apresentam, especialmente no centro da cidade, que pode baralhar com facilidade os jogadores.

Hilda, desde o início que tem ao seu dispor seis armas diferentes – A espada e escudo, adagas, bastão mágico, martelo, lança e braceletes. Durante os confrontos podemos utilizar duas armas à nossa escolha, e alternar a qualquer momento. Para além disso, cada arma tem o seu próprio conjunto de habilidades, bem como respetivas vantagens e desvantagens. O martelo, por exemplo, é muito mais eficaz do que uma espada ou lança contra aqueles que empunham um escudo ou uma armadura robusta, enquanto o bastão mágico será mais indicado para atacar as criaturas à distância. Entretanto, ao longo do jogo surgem quatro elementos, desde o fogo ao gelo, que combinados com as nossas armas, conseguem explorar as fraquezas elementares dos inimigos ou até resolver puzzles ambientais que desbloqueiam caminhos anteriormente inacessíveis.

Por sua vez, ao progredir o nível da nossa protagonista adquirimos pontos de atributos que podem aumentar (ataque, vida e o poder dos ataques especiais) e pontos de talento que podem ser investidos na árvore de habilidades. A partir deste sistema – teremos acesso a novas habilidades, vantagens, e aprimoramentos ligados a cada uma das armas. Tanto as habilidades como as vantagens podem ser adaptadas de modo a elaborarmos a nossa própria abordagem durante os confrontos e ao mesmo tempo incentiva-nos a descobrir o potencial e combinações do nosso arsenal. É percetível que a Acme não tenta gerar algo novo, sobretudo quando soube como aproveitar o que já fora feito por outros estúdios, mas à sua maneira, notando-se este feito no seu sistema de combate convidativo e agradável de personalizar.

O jogo apresenta três graus de dificuldade que oferecem liberdade ao jogador na altura de escolher como quer encarar a sua jornada. No meu caso, optei pelo modo aventura, que mesmo que se possa considerar de nível intermédio, não senti que fosse tão desafiante quanto isso. Apesar de termos uma panóplia de inimigos em jogo, os mais comuns em combate são um pouco simples. Os seus ataques e movimentos tendem a ser repetitivos e lentos, mas em compensação, os chefes oferecem uma experiência única que exige estratégia para os derrotar.

Visualmente, estamos na presença de um título esteticamente bem conseguido que joga a favor com os seus ambientes variados. Podemos dizer que esta obra se aproxima do estilo artístico de Immortals Fenyx Rising, embora este seja mais sombrio e tenha locais nem sempre tão pormenorizados. As animações das habilidades são também pouco fluidas, mas o que me causou mais confusão foi mesmo a inexistência de lip sync, já que no geral temos um bom voice acting em inglês.

Onde Asterigos: Curse of the Stars impressiona na integra é na sua banda sonora criada por Weifan Chang. Para um estúdio independente, temos uma série de músicas orquestradas de grande qualidade que retratam bem a mitologia e fantasia exibidas nesta aventura. E ainda temos a presença das encantadoras vozes de Emi Evans (Nier) e Asja Kadric (Guild Wars 2) que fazem um trabalho soberbo. Por fim, o jogo ainda conta com legendas em português do Brasil, facilitando assim a vida a quem não se sente muito à vontade com a língua inglesa.

Sendo esta a primeira proposta da Acme GamesStudios, Asterigos: Curse of the Stars entrega aos jogadores uma proposta familiar que combina mecânicas de RPGs tradicionais e de Soulslike mas com um desafio mais inteligível. Com várias armas à disposição e um leque enorme de habilidades, Asterigos oferece tudo o que precisamos para termos acesso a um sistema de combate intuitivo e variado o suficiente para os confrontos não se tornarem monótonos. Apesar dos seus problemas, aspetos como a variedade de inimigos, a exploração agradável e o cuidado que tiveram com a construção da narrativa, conseguem compensar tudo o resto. Em suma, a Acme GamesStudios apresenta em Asterigos uma boa base para continuar a evoluir, mas isso só o futuro o dirá.

Pros:

  • Narrativa e exploração
  • Quantidade e variedade de armas e habilidades
  • Diferentes modos de dificuldade
  • Mundo mitológico
  • A heroína

Cons:

  • Pouca fluidez nas animações
  • Demasiado texto e informação
  • I.A fraca
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