Terra Nil é um jogo de 2023 desenvolvido pela Free Lives, conhecida por jogos tais como o BroForce e o Genital Jousting, pelo que este novo jogo deles é ligeiramente diferente daquilo que veio antes. Foi publicado pela Devolver Digital, conhecida também pelos seus jogos mais idiosincráticos. 

Quando eu vi este jogo pela primeira vez, fiquei imediatamente fascinada com o conceito e a ideia. Recuperar habitats destruídos, repopular com animais, e depois reciclar tudo e desaparecer? Parece-me divertido, relaxante, e fofo. 

Portanto, quando surgiu a oportunidade de fazer esta análise, eu imediatamente aceitei, pronta para ter uma óptima cozy gaming experience

Expliquem-me então porque é que tive dificuldades a passar o tutorial na dificuldade fácil? 

Reciclar é uma actividade surpreendentemente envolvida

O loop do jogo é simples: temos à nossa frente um bocado de terra completamente destruído. Nada cresce, nada vive. Gradualmente, vamos colocando máquinas para melhorar a vida aqui. Eólicas para produzir energia. Máquinas que limpam o solo, e outras que plantam relva. Fogos para criar terreno fértil para crescer florestas. Abrir novos rios para permitir a água fluir, e colocar máquinas que chupam a água da atmosfera para encher o seu caudal. 

E depois, claro, popular estes novos ambientes com animais que prosperam em cada ecossistema. E finalmente, reciclar todas estas máquinas e componentes, usando os materiais para fazer um hovercraft e pôr-mo-nos a andar. 

No entanto, ao chegar a esta fase final, em que teria de reciclar tudo o que tinha para me ir embora, não conseguia reciclar coisas suficientes para montar o meu hovercraft… o que achei um pouco estranho. 

Após investigar um pouco (obrigada, Internet!), descobri que era suposto ter criado mais rios no início para facilitar ir buscar os recicláveis às várias partes do mapa, mas eu nem sabia que ia precisar de rios para terminar o nível. Sinto que a informação daquilo que é necessário para ultrapassar cada nível é mantida um pouco no escuro, o que é estranho, quando temos todo um manual dentro do próprio jogo para nos acompanhar. 

Vamos lá tentar isto de novo!

O conceito do jogo é bom. Os gráficos são bonitos, e o sound design e a música são agradáveis. É um pouco lento a carregar na Switch, os mapas demoram imenso mesmo a serem gerados, e os controlos conseguem ser um pouco sensíveis. Talvez a jogabilidade seja mais fácil no PC, onde uma pessoa tem um maior nível de controlo. 

De qualquer das formas, armada com mais conhecimento graças à Internet, consegui completar o primeiro nível, que eu erradamente achava até que era o tutorial. Pelo que parece, Terra Nil tem apenas quatro tipos de níveis, mas sendo um jogo de puzzles, de cada vez que se inicia um destes níveis, é uma experiência diferente. 

Sentindo-me rejuvenescida, tal como a terra que tinha recuperado, decidi voltar a tentar o mesmo bioma. No final do nível, o jogo apresenta-nos com uma pequena mostra da terra que recuperamos, e eu estava decidida a tentar melhorar ainda mais! 

Bioma da floresta, completado com sucesso!

E… consegui. Consegui completar o mapa descobrindo todas as espécies de animais, com mais de 90% de hidratação, e embora não vá dizer que Terra Nil é o meu novo jogo favorito… entendo o jogo. Entendo a satisfação e o relaxamento de meter um ecossistema a funcionar, e entendo os passos a levar para fazer isto acontecer.

Ao tentar o nível do bioma tropical, sinto que o jogo fluiu muito melhor, e eu tinha muita mais noção do que estava a fazer! Mesmo quando algumas mecânicas mais complexas como o monorail foram introduzidas, senti que tinha muito mais capacidade de perceber aquilo que o jogo queria de mim, e de construir o ecossistema da melhor forma possível! 

Continuo a achar que certas mecânicas do jogo poderiam estar melhor explicadas, e tenho medo de que se estivesse a jogar numa dificuldade mais elevada, rapidamente me visse sem recursos para poder continuar, mas tenho que admitir que, ao contrário do que tinha medo na minha primeira experiência, gostei do meu tempo com o jogo. 

O monorail é um bocado confuso ao início, mas nada de grave!!

Mas a verdadeira questão, e a razão pela qual vocês estão a ler esta análise: Será que vocês vão gostar do jogo? 

Se vocês querem um jogo de estratégia super complexo, não. Isto não é um city builder, nem nada semelhante. 

Se vocês querem um jogo relaxante, em que podem só desligar o cérebro e ver paisagens bonitas?…Também não. 

Mas se vocês procurarem um jogo de puzzle, em que lentamente entendem a maneira como funciona, e vão reabilitando um ecossistema com som ambiente agradável e gráficos excelentes, então sim, Terra Nil provavelmente é para vocês. 

TL;DR: Não é um jogo de estratégia, nem um cozy game, nem um mau jogo. É um jogo de puzzles, que pode ou não ressonar convosco. Após algum tempo, e múltiplas tentativas, ressoou comigo. Ao ponto que, entre acabar de escrever esta review e a publicar, cheguei a 100% no jogo. 

E deixando esta ilha tropical limpinha, siga para a próxima!
Carolina Moreira
Com background de informática, e gosto em videojogos a combinar, mas aficionada de histórias em qualquer formato, juntou-se à equipa do OtakuPT em 2023 para dar uma opinião pessoal sobre o entretenimento que nos chega às mãos.
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