Com estreia realizada no dia 10 de abril no Prime Video, a série baseada no jogo Fallout chegou de forma simples, mas extremamente competente. O OtakuPT teve acesso antecipado aos episódios da série e neste texto vamos falar sobre a primeira temporada da série live-action de Fallout.
A série tem produção da Amazon MGM Studios e da Kilter Films em associação com a Bethesda Game Studios e Bethesda Softworks. Jonathan Nolan e Lisa Joy são responsáveis pela produção executiva da Kilter Films como parte do seu acordo global com a Amazon. Nolan realiza os três primeiros episódios desta épica série. Geneva Robertson-Dworek e Graham Wagner são os produtores executivos, guionistas e showrunners de Fallout. Athena Wickham, de Kilter Films, também é produtora executiva em conjunto com Todd Howard, de Bethesda Game Studios, e James Altman, de Bethesda Softworks.
A série é protagonizada por Ella Purnell (Yellowjackets), Walton Goggins (Os oito odiados), e Aaron Moten (Desajustados). O resto do elenco inclui nomes como Moisés Arias (Os Reis do Verão), Kyle MacLachlan (Twin Peaks), Sarita Choudhury (Homeland), Michael Emerson (Person of Interest), Leslie Uggams (Deadpool), Frances Turner (The Boys), Dave Register (Heightened), Zach Cherry (Severance), Johnny Pemberton (Ant-Man), Rodrigo Luzzi (Dead Ringers), Annabel O’Hagan (Lei & Ordem: Unidade Especial) e Xelia Mendes-Jones (A Roda do Tempo).
Os jogos “Fallout” acontecem num mundo onde o futuro imaginado pelos americanos no final da década de 1940 acontece mesmo devido a uma guerra nuclear em 2077. O primeiro jogo foi lançado em 1997 e o jogo prequela Fallout 76 foi lançado em 2018.
Sinopse de Fallout
Baseada no franchise de videojogos mais vendido de todos os tempos, Fallout é a história dos que têm e dos que não têm, num mundo onde não há quase nada para ter. 200 anos depois do apocalipse, os tranquilos habitantes dos luxuosos refúgios anti nucleares vêm-se obrigados a regressar ao mundo infernal cheio de radiação que os seus antepassados deixaram e ficam surpreendidos ao descobrir que os espera um universo incrivelmente complexo, alegremente estranho e muito violento.
Pessoalmente, quando é anunciada uma adaptação de um jogo para uma outra mídia vejo a nova versão seguindo para três rumos: o primeiro é uma adaptação quase fiel, com poucas mudanças e algumas adições (como ocorreu com a série de The Last of Us). O segundo rumo é mesclar conteúdo original do jogos com coisas novas originais para a nova mídia (o que aconteceu com os filmes de Sonic). O terceiro rumo é partir para um conteúdo 100% original se utilizando apenas da base dos jogos. É exatamente neste terceiro quesito que a série live-action de Fallout se encaixa, mas ela vai além.
Um dos principais problemas em adaptações é apresentar e prender pessoas que não conhecem a obra. Assim como em um jogo, em uma série uma boa primeira impressão logo de cara é essencial para prender o telespectador e Fallout faz isso com maestria ao mesclar o conteúdo original com a adaptação de coisas do jogo. Isso é realizado através de um trio de protagonistas que são carismáticos (cada um à sua forma) e uma produção bem feita de roteiro, efeitos visual e montagem.
Partindo da visão de mundo de três pessoas diferentes, a série aborda de forma interessante questões atuais como especulação imobiliária, extremos políticos e fanatismo. Isso ocorre questionando muito de ditos símbolos americanos dos anos 50, experiências em humanos e como a radiação possui benefícios como energia, mas tem um grande malefício como arma de destruição. O texto da série foi escrito de uma forma em que estas questões são abordadas de uma forma em que fãs novos não precisam ter jogados aos jogos para começar a entender o lore da franquia, ao mesmo tempo os fãs dos jogos recebem a adição de itens a história de Fallout. Além do arco envolvendo o trio principal, a série possui um arco dentro do Vault 33 atrelada diretamente a história principal da série e deixa bastante mistério para o futuro da série.
O trio de protagonistas da série serve para apresentar ao público como funciona o mundo de Fallout. Lucy (interpretada pela Ella Purnell) é a personagem equivalente a um dos protagonistas dos jogos, saindo do Vault 33 e descobrindo como funciona o mundo e as tramas em torno de sua missão principal, gostei como a personagem possui uma inocência ao mesmo tempo que consegue se virar muito bem. Maximus (com atuação do Aaron Moten) serve como a pessoa que deseja poder para mudar o mundo, mesmo que ele tenha diversas decisões que não agradem a todos, achei ele um personagem bastante interessante. Já o Ghoul (interpretado pelo Walton Goggins) funciona como o elo entre o passado e o presente da história, o Ghoul é o melhor personagem da série e é interessante como o Walton Goggins possui um carisma próprio em suas cenas no passado e no presente. Junto do trio de protagonistas a série possui um elenco de apoio que funciona muito bem no decorrer da obra, o destaque é claramente para Norm (Moises Arias), que possui um desenvolvimento bem interessante no decorrer da série desvendando os mistérios envolvendo o Vault 33.
Um dos principais fatores positivos no decorrer de Fallout é a produção dos cenários, com os cenários sendo tão bem produzidos as cenas acabaram ficando muito críveis. Os efeitos visuais no decorrer da série também funcionam muito bem, existem pequenas coisas com qualidade menor mas nada que atrapalhe. O uso do gore também foi um fator positivo, mesclado com o sarcasmo bem desenvolvido do roteiro, o gore foi muito bem utilizado e sem exageros. A trilha e efeitos sonoros também são extremamente positivos, com músicas que remetem ao período dos anos 50/60 e casando bem com a temática da série.
Mesmo fazendo todos os elogios a série de Fallout eu ainda tenho uma reclamação, achei completamente sem sentido a série de Fallout ter todos os oito episódios lançados de uma vez. Com uma estreia justo na semana em que uma outra série ganhou destaque pelo lançamento de um episódio trágico, Fallout acabou completamente escondida pela mídia e pelas redes sociais. Mesmo com muitos falando bem, a série não ganhou muita tração de destaque nas redes após o seu lançamento, o que poderia ter ocorrido caso o seu lançamento fosse realizado de forma semanal durante o período de oito semanas.
No geral, a série live-action de Fallout é recomendadíssima para quem já conhece os jogos e para quem deseja conhecer um novo universo. Com elenco carismático, a série possui roteiro que traz o desenvolvimento de uma boa trama e mistérios para a futura temporada. Os efeitos visuais e especiais são bem produzidos, mesmo com alguns poucos momentos mais fracos. Com trilha temática dos anos 50/60, muito sarcasmo e uma pequena mescla de comédia, o único real defeito da série foi não ter lançamento semanal no Prime Video.
