A estrutura física de um lar pode ser vista como uma representação visível e palpável de uma família. É claro que o significado de família vai além das paredes de uma casa, mas o ponto onde quero chegar é que a preocupação da Satou com todos os detalhes, a fim de proteger sua “happy sugar life”, inclui cuidados com o lar, implicando na manutenção da mesma e na segurança.
Aliás, a proteção excessiva da pequena Shio é literalmente um estado de cárcere privado, entretanto a vítima não percebe, pois seu lar de origem era mais prejudicial do que sua nova casa.
Por motivos diferentes, as personagens principais são quebradas, e estão buscando uma segunda chance juntas, porém não de uma forma legal, afinal a garotinha possui um responsável pela sua guarda.
É obvio que a Satou não capacidade emocional e mental para cuidar da Shio, pois todo amor que ela jura ter é simplesmente obsessão. É chocante a mistura e a confusão de sentimentos da protagonista. O que ela pensa ser amor romântico (mas na prática lembra um pouco amor maternal), na verdade é um sentimento egoísta, pois a beneficiária dessa relação de posse é a própria Satou.
A inocência da Shio contrasta com seu psicológico arrasado. Agora Shio manisfesta sua alegria e inocência como se fosse uma criança normal, mas existe um porém, que é o fato da inocência da garotinha estar aprisionada num jardim onde apenas a Satou pode contempla-la e ter o seu afeto. Assim como na mentalidade de quem prende um pássaro numa gaiola, a menina aparentemente está protegida do perigo do mundo externo, mas na verdade o aprisionamento é apenas um capricho. Sim, o amor da Satou é apenas um capricho emocional de uma garota que está aprendendo a lidar com sentimentos que a mesma não conhecia.
O mundo é assustador para qualquer pessoa, imagina para uma criança, ainda mais se essa criança tiver problemas emocionais iguais ao da Shio. A aventura da menina pelo mundo exterior foi algo um pouco perturbador, pois além de sozinha, a garotinha não encontrava alguém realmente confiável para ajuda-la. Seu único contato foi outra pessoa perturbada que poderia fazer um mal grande a ela.
Para o Mitsuboshi, a Shio é um anjo que pode purifica-lo de seus traumas, mas como alguém quebrado como a pequena personagem principal, pode curar alguém igualmente quebrado emocionalmente. O mesmo vale para a Satou.
Outra personagem que vale a pena ser mencionado é uma das colegas de trabalho da protagonista, que também tem uma visão doentia do seja amor, pois a garota tem uma admiração tão excessiva por ela que a mesma gostaria de ser a própria Satou. A afeição dessa funcionária é distorcida e reforça a baixo auto-estima da menina que para se sentir realizada tem que se tornar igual ao seu objeto de afeto.
O cerco está se fechando, ou seja não dá para manter uma farsa por muito tempo, pois uma hora ou outra ela cai, por mais que a Satou tente evitar brechas. Ela se convenceu que leva uma vida feliz ao lado do amor de sua vida, enquanto a Shio encontrou uma família de verdade.
Embora a Satou jure ter encontrado o amor verdadeiro, com meios e motivações erradas sua vida feliz não ficará intacta por muito tempo, pois a intenção desse tipo de história não é mostrar a felicidade, e sim o contrário.