Ultraman – Análise Anime

Nesta segunda-feira (01 de abril) a Netflix adicionou em seu catalogo os 13 episódios da adaptação para anime do manga Ultraman, de autoria de Eiichi Shimizu e Tomohiro Shimoguchi e publicado no Japão na revista Monthly Hero’s desde outubro de 2011.

O anime foi produzido pelos estúdios Production I.G (Ghost in the Shell: Stand Alone Complex, Eden of the East, Napping Princess) e Sola Digital Arts (Appleseed Alpha, Starship Troopers: Invasion, Starship Troopers: Traitor of Mars), com direção de Kenji Kamiyama (Ghost in the Shell: Stand Alone Complex, Eden of the East, Napping Princess) e Shinji Aramaki (Appleseed, Harlock: Space Pirate, Starship Troopers: Traitor of Mars).

A série é estrelada por Ryohei Kimura como Shijinro Hayata / Ultraman, Takuya Eguchi como Dan Moroboshi / Ultraman Seven, Megumi Han como Seiji Hokuto / Ultraman Ace, Hideyuki Tanaka como Shin Hayata / Ultraman Original, Sumire Morohoshi como Rena Sayama, Ken Uo como Mitsuhiro Ide, Shigeru Ushiyama como Edo, Ryota Takeuchi como Jack, Eiji Hanawa como Yosuke Endo, Hirokazu Sekido como Kurata, Kenjiro Tsuda como Adad, Minoru Shiraishi como Shiraishi e Kaiji Soze como Bemlar.

Os alienígenas estão ameaçando a Terra novamente e o jovem Shinjiro herda de seu pai uma importante missão: vestir o traje metálico do poderoso Ultraman e defender o planeta.

Esta primeira temporada da série serve principalmente para apresentar a lenda do Ultraman da série Tokusatsu, criado por Eiji Tsuburaya e produzido pela Tsuburaya Productions em 1966, e estabelecer um mundo moderno que antigamente foi protegido pelo Gigante da Luz. Mesmo quem não assistiu a série original pode ficar tranquilo pois é explicado logo nos primeiros minutos da série quem foi o Ultraman Original e o que aconteceu com Shin Hayata após a partida do herói vindo da Nébula M-78. Mas o principal foco principal nesta série fica claramente na nova geração e nos dilemas que eles devem enfrentar em um mundo moderno.

Apesar de ser uma mídia totalmente diferente, o anime de Ultraman possui muitas características de uma série Tokusatsu moderna. Claramente a característica principal são as questões morais e sociais que vão sendo introduzidas no decorrer da historia do anime. É muito interessante ver a questão sobre o que significar ser um herói ser abordada de forma bastante incisiva no decorrer do anime e mostrando três formas de heroísmo bastante distintas e moralmente diferentes.

Shijinro Hayata é claramente o típico adolescente tentando descobrir o seu lugar no mundo, mas para piorar o garoto possui poderes que não sabe controlar. A primeira parte da temporada do anime serve para apresentar para Shijinro e para o público qual a função do Ultraman no mundo atual, mas também serve para desenvolver o personagem até o ponto aonde ele encontra o seu lugar e uma real função para usar os seus poderes. Dan Moroboshi segue um outro lado, aqui vemos um personagem que segue as regras à risca e isso acaba fazendo com que ele seja o oposto moral de Shijinro nas questões envolvendo o seu jeito de agir como Ultraman. Já Seiji Hokuto é o personagem mais interessante por possui mais camadas, ele segue para um lado totalmente contrário de Shijinro e Moroboshi e ficando no linear do heroísmo e do extremismo.

Para mim o melhor ponto apontado dentro da série foi a questão da dualidade entre humanos e aliens, neste ponto a historia mostra que também podem existir humanos com atitudes ruins e com intenções de prejudicar outras pessoas. Nesta parte da história também vemos existem pessoas que podem mudar de lado de acordo com o que melhor lhe convém, mesmo que aquela mudança possa de alguma forma prejudicar outra pessoa. Também é tocado no assunto do preconceito contra estrangeiros e vemos nesta parte um ponto bastante atual mostrando um isolamento dos aliens aonde eles acabam tendo que viver afastados da sociedade geral por causa de sua aparência ou modo de vida.

Este anime de Ultraman pela Netflix tem o roteiro e a edição de seu episódios claramente pensado para ser assistido em formato de maratona, tanto que a série não possui abertura e isso faz com que o publico possa assistir seus 13 episódios de forma seguida e sem paradas (algo que eu acabei fazendo). Existem muitas referências que serão pegas por quem assistiu a série Tokusatsu, mas também tem diversos momentos que lembram um anime comum de luta. Ainda assim fiquei com a sensação que algumas cenas faltaram ser adicionadas para complementar alguns acontecimentos do meio da série e que um diálogo expositivo foi algo desnecessário na tentativa de substituir estas cenas.

Ultraman acaba parecendo muito com uma enorme cutscene de jogo na maior parte do tempo por causa de sua animação em CG, a movimentação dos personagens não é dura como ocorreu com outros produções deste tipo mas existe uma dinâmica muito artificial na movimentação deles, outro ponto negativo é o CG de alguns monstros ficarem destoados do restante do cenário e de outros personagens. Já para as cenas de luta a animação em CG acaba funcionando muito bem ao mostrar cenas com golpes parecendo ter peso, outro ponto interessante é que o estilo de luta dos personagens é uma versão moderna e mais movimentada do estilo de luta utilizado nas séries Tokusatsu da Tsuburaya Productions. Outro ponto positivo para o anime é a edição de som nas cenas de luta e a atuação de voz dos atores do elenco japonês do anime.

Ultraman possui um bom inicio em sua primeira temporada ao mostrar três lados para o significado do que é ser um herói e discutir assuntos morais e sociais. O roteiro e a edição funcionam muito bem para o anime ser assistido em formato de maratona, mas cenas não expostas não podem ser compensadas por diálogos. O CG da animação acabou fazendo que a série tivesse uma cara de cutscene de jogo, mas as cenas de luta foram bem muito trabalhadas e funcionam neste tipo de animação. Por outro lado o anime possui também como ponto positivo sua edição de som e elenco de voz.