Lost Judgment, desenvolvido pelo Ryu Ga Gotoku Studio e publicado pela SEGA, é a sequela direta de Judgment (ou “Judge Eyes” no Japão), o spin-off da série Yakuza/Ryu ga Gotoku passada no mesmo espaço emblemático de Kamurocho, versão fictícia do distrito de Kabukicho em Shinjuku, Tokyo. Bairros cheios de bares, lojas, restaurantes, discotecas, arcadas e algumas personagens com ligações aos gangues/famílias yakuza.

Diferindo do clássico Yakuza, no Judgment original vemos a história desenrolar do ponto de vista de Takayuki Yagami, um ex-advogado de defesa tornado detetive privado com ligações à família yakuza Matsugane e ao escritório de advocacia Genda, enquanto este investiga um caso de assassinatos em série em Kamurocho, acabando por desenterrar todo um complô que relaciona os esses assassinatos a uma disputa interna da yakuza, chantagem governamental e o desenvolvimento de um medicamento experimental para curar Alzheimer, AD-9.

Em Lost Judgment, passados cerca de 3 anos do incidente AD-9, Yagami continua o seu trabalho como detetive privado, resolvendo casos em Kabukicho, até receber um telefonema de Sugiura e Tsukumo, duas personagens secundárias do jogo anterior que abriram uma agência de detetives em Ijincho, versão fictícia do distrito de Isezakicho em Yokohama, pedindo ajuda a Yagami para resolverem um caso de bullying na Seiryo High School como forma de estabelecerem uma parceria.

Como seria de esperar, a coisa rapidamente deixa de ser linear, com o caso de bullying em Seiryo quase resolvido, Yagami recebe um telefonema da agência Gendo acerca de um caso que estão a defender que envolve circunstâncias estranhas – Akihiro Ehara, o pai de um aluno da Seiryo High School que se terá suicidado devido a bullying há alguns anos e um corpo encontrado num armazém abandonado em Ijincho… Com Ehara a anunciar que sabia desse corpo e onde o encontrar, apesar dessa informação ainda não ter sido divulgada pela polícia, e com Ehara a ter um álibi solido, por estar encarcerado devido ao seu próprio julgamento.

E assim se desenvolve a história de Lost Judgment ao longo de vários capítulos com plot twists incríveis, enquanto Yagami luta pelas ruas à boa maneira da série Yakuza com o seu estilo de Kung-Fu, agora com uma nova stanceSnake, a juntar a Tiger e Crane, e um sistema que parece mais polido, se bem que inteiramente familiar. Não faltam também os side-cases para investigar casos mais pequenos a troco de recompensas monetárias ou items raros, com Kabukicho e Ijincho cheios de mistérios para resolver que vão desde encontrar cães ou gatos perdidos a investigar manequins que vagueiam pelos corredores da escola à noite e avistamentos de UFO’s – o perfeito oposto da storyline principal, que lida com assuntos sérios, sendo assim uma lufada de ar fresco e variedade.

Se mesmo assim isso não vos chegar como atividades extra, Lost Judgment ainda conta com uma grande quantidade de jogos SEGA portados das arcadas como Sonic the Fighters, Fighting Vipers, Motor Raid, Virtua Fighter 5, Fantasy Zone, Super Hang-On e Space Harrier, assim como uma coleção de jogos de Master System para colecionar e ir desbloqueando, que podemos jogar no escritório de Yagami, como Alex Kidd, Fantasy Zone e Penguin Land, até um total de 8 jogos (com mais a serem potencialmente adicionados como parte dos DLCs). Depois ainda há os jogos de dardos, baseball e golf, Mahjong, Shogi, corridas de drones, Poker, Blackjack, Koi-Koi, Oicho-kabu e ainda podem andar de skateboard pelas ruas… É extremamente difícil ficar sem coisas para fazer em Lost Judgment.

Em termos técnicos, o jogo apresenta-nos duas escolhas gráficas – “Resolution Priority”, onde o jogo corre a 4k e 30fps, ou “Standard” com 60fps… mas sem aparente diminuição de resolução. Isto poderá querer dizer que a PS5 estará a renderizar em checkerboard ou outro truque técnico qualquer, mas a verdade é que Lost Judgment torna-se extremamente fluído e as texturas mantêm-se incrivelmente límpidas e regra geral, se alguma coisa está desfocada, é por efeito de câmara. Lost Judgment faz também uso das funcionalidades do DualSense como o altifalante interno e os gatilhos adaptativos para várias funções, providenciando uma experiência ligeiramente diferente do habitual.

O Ryu Ga Gotoku Studio consegue assim provar mais uma vez o quão aperfeiçoada tem a fórmula deste tipo de jogos, e apesar de não apresentar uma grande quantidade de inovação, mostra melhorias em vários pequenos pontos que fazem a diferença. Lost Judgment pode sofrer por parecer “mais do mesmo” em relação ao seu original, em vez de uma verdadeira sequela, mas isso nem sempre é mau e neste caso oferece-nos mais uma storyline fantástica, séria e bem escrita, assim como vários momentos de leveza e comédia, tudo embrulhado num pacote que mais uma vez lembra alguns dos pontos altos da série Yakuza com ligeiros toques de Phoenix Wright Ace Attorney, com um nível de fidelidade visual impressionante nesta nova geração de consolas.

(NOTA: Este jogo foi analisado na sua versão PlayStation 5)

Review por Tiago Vasconcelos.

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