Slipstream é um jogo indie desenvolvido e publicado pelo artista brasileiro ansdor, e como é costume em projectos elaborados por uma só pessoa, Slipstream é uma óbvia carta de amor ao final dos anos 80/início dos anos 90, aos seus jogos e arcadas e acima de tudo, à lendária série de videojogos OutRun da SEGA.

O clássico Ferrari Testarossa de OutRun é substituído por facsimiles automóveis claramente inspirados em alguns dos carros mais icónicos dos anos 90 (com grande tendência para o mercado japonês), mas as mecânicas serão bastante familiares a qualquer um que tenha jogado o clássico das arcadas. É só escolher a máquina certa e arrancar em direcção ao pôr do sol ao longo de várias zonas com estilos e ambientes variados numa corrida contra o tempo, com um pequeno rewind de 5 segundos para nos ajudar nos pequenos enganos, completo com um efeito de VHS!

Claro que para conseguir bater as janelas de tempo cada vez mais apertadas é preciso manter a velocidade elevada, esquivando o trânsito mais lento e derrapando pelas curvas com drifts ao mais alto estilo Initial D, com um corredor NPC rival a aparecer em cada zona para adicionar ao desafio (com personagens claramente inspiradas em várias personalidades de cultura pop).

No entanto, Slipstream conta com vários modos de jogo ligeiramente diferentes. Grand Tour será o mais parecido com o clássico OutRun, correndo por 5 zonas distintas, a começar sempre em Morning City, e com duas rotas à escolha no final de cada zona. Cannonball que nos permite escolher as regras com que queremos jogar em termos de quantidade de trânsito e rivais e correr até 30 zonas seguidas pela ordem que quisermos. Grand Prix consiste num modo torneio, com 3 divisões diferentes e uma adicional secreta, onde corremos contra vários rivais ao mesmo tempo ao longo de 5 corridas, ganhando pontos no final da corrida de acordo com a nossa classificação, sendo possível gastar o dinheiro do prémio em upgrades ao nosso carro para as seguintes corridas. Battle Royale, o modo de endurance onde lutamos pela sobrevivência, com cada piloto no último lugar em cada zona a ser eliminado da corrida. E os simples modos de Single Race e Time Trial, que fazem aquilo que seria esperado.

Os gráficos de Slipstream são completamente formados por sprites 2D pixelizados utilizados para gerar um pseudo-3D no motor de jogo original, mas que lembra perfeitamente o melhor do estilo Super-Scaler da SEGA, com os sprites a reproduzir a pista e suas decorações numa ilusão que a faz parecer tridimensional, ajudado pelos constantes 60 frames por segundo, também característicos das antigas arcadas da SEGA. É possível adicionar através das opções filtros “CRT” ou “NTSC”, que acrescentam um toque retro extra à apresentação, assim como um modo “Pixel” que diminui o framerate para 30fps e reduz o smoothing dos sprites, apresentando também os pixels de uma forma mais nítida.

Também disponível (e adicionada ao jogo gratuitamente para comemorar o seu 5º aniversário) a expansão Slipstream: Blue Hour acrescenta 5 novas zonas com novos updates técnicos ao motor de jogo, 3 novos carros com inspiração mais ocidental, bem como novas músicas para acrescentar à excelente banda sonora.

Slipstream mostra-nos assim uma alternativa retro-moderna ao original, mantendo-se super fiel nas partes mais importantes, mas acrescentando alguma profundidade em termos de jogabilidade através dos diferentes modos e dos rivais que participam nas corridas juntamente com o jogador. Inegavelmente, Slipstream consegue a sua própria identidade através do estilo visual Vaporwave/Synthpop e inclinação nipónica. Com o seu preço budget e apresentação polida, vale bem a pena dar uma voltinha!

Review por Tiago Vasconcelos.

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