Palco Bentô trouxe o conteúdo otaku que faltava na CCXP

Realizado entre os dias 1 a 4 de dezembro na São Paulo Expo, na cidade de São Paulo, foi realizada a edição 2022 da CCXP. A primeira edição presencial do evento após dois anos em formato online ocorreu prometendo trazer o épico de volta e no decorrer dos quatro dias (cinco se contarmos a Spoiler Night) trouxe diversas atrações de quadrinhos e cinema. Os animes e mangas também ganharam o seu destaque dentro do evento com painel das editoras JBC e Panini e da Crunchyroll. Porém, o evento deste ano trouxe uma novidade que enriqueceu seu conteúdo relacionado à cultura pop oriental. 

Desde o início dos anos 2000 os fãs de animes e mangas têm no Brasil diversos eventos voltados ao público otaku. Só no estado de São Paulo existem eventos de portes variados. Recentemente os eventos de grande porte, como o Anime Friends, vem recebendo diversas críticas por terem se tornado um tipo de evento muito mais comercial e com muito pouco conteúdo, ou debates, sobre a indústria otaku. Desde o surgimento da CCXP, os diversos segmentos da cultura pop no Brasil, principalmente quadrinhos e cinema, foram quase que unificados em torno do evento, mas a cultura pop otaku sempre teve uma escala um pouco menor dentro da CCXP.

Nas primeiras edições presenciais da CCXP até 2019, os fãs de animes e mangas viram a cultura pop oriental ter diversas abordagens dentro do evento. As editoras de manga e empresas de figures, como a Bandai, chegaram a ganhar um espaço próprio, mangakas como Hiro Kiyohara (Another) e Tsutomu Nihei (Blame, Knights of Sidonia) vieram ao evento e a CCXP atualmente possui grandes anúncios pela Crunchyroll. Ainda assim, a indústria otaku não tinha um grande espaço dentro da programação nos palcos principais para a apresentação de conteúdos temáticos. Isso mudou na edição 2022 do evento com a criação do Palco Bentô.

Com comando de Moo-Chan (Maria Luiza Grantaine), Tatiana Mafort e outros apresentadores, o Palco Bentô trouxe para a CCXP 2022 diversos painéis abordando vários segmentos da cultura pop oriental. O mais legal do palco foi que os assuntos foram abordados por pessoas de dentro da área, seja trabalhando diretamente ou com conhecimento especializado. Houve painéis com mangakas brasileiros, cosplayers falando sobre diversos assuntos da área, o universo dos K-Dramas, conversa com V-Tubers e diversos painéis com os dubladores de diversas séries anime da Crunchyroll. Até a imprensa especializada ganhou seu espaço com um painel falando sobre a produção de conteúdo e jornalismo voltado a anime e manga.

Apesar de ter uma estrutura mais simples em comparação com outros palcos da CCXP, o Palco Bentô ainda assim se mostrou bastante acolhedor. Inicialmente pensava que o local em que o palco se encontrava poderia sofrer por causa de uma influência sonora do Palco Creators, felizmente a estrutura de som e a distância entre os palcos impediram que isso ocorresse, tornando a experiência de assistir aos painéis do palco muito boa. Por outro lado, achei que o palco poderia ter algum telão, isso se deve pelas TVs usadas no palco serem um pouco difíceis de ver a imagem no fundo do auditório do palco (que não era tão grande).

Em um olhar geral, o Palco Bentô teve uma ótima estreia dentro da CCXP. O palco trouxe para o evento o conteúdo otaku que faltava para o evento, abordando assuntos e debates que anteriormente não tinham muito espaço dentro dos palcos maiores. Apesar da estrutura mais simples, o palco foi bastante acolhedor e não foi atrapalhado pelo som de outros palcos próximos. Com este bom resultado, agora fica a expectativa se outros eventos voltados a anime e manga irão sair do automático dos painéis comerciais das editoras e da nostalgia dos painéis com dubladores de animes antigos (o que não é ruim quando não é repetitivo) e enfim irão se focar em trazer mais conteúdo atualizado e com pessoas especializadas.