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    Criticam a música japonesa por depender em demasia do Anime

    Eiga Given Hiiragi mix. Centimillimental pv 1 screenshot sing

    Takuya Chigira, o CEO da Cloud Nine, conhecido por gerir grandes artistas como Ado, numa entrevista expressou a sua preocupação com o estado atual da música japonesa, referindo que a sua crescente dependência do anime pode estar a limitar o seu alcance global.

    Takuya Chigira comentou, “Não podemos depender apenas do anime”. Embora o anime tenha servido como uma importante plataforma para a música japonesa, permitindo êxitos globais como “Idol” (YOASOBI) e “KICK BACK” (Kenshi Yonezu), o executivo salientou que esta estratégia tem os seus limites. O anime continua a ser um meio de nicho quando comparado com a música como entretenimento de massas, o que reduz as oportunidades de exposição ao público em geral que não está familiarizado com os media.

    Segundo Chigira, esta situação está a criar uma crise: a música japonesa está a tornar-se sinónimo de “música de anime”, o que pode classificá-la e reduzir o seu potencial de crescimento internacional. “O teto para o anime como mercado musical é muito baixo comparado com o tamanho do mercado musical global”, explicou.

    Outro ponto crítico observado por Chigira foi o crescente domínio do K-pop na perceção global da música asiática. Países como a Indonésia, a Malásia e a Tailândia começaram a exportar música inspirada no K-pop, e Chigira teme que esta tendência possa consolidar o conceito de “pop asiático” como um género onde o J-pop é relegado para um nicho.

    Chigira deixa o aviso:

    Se o ‘pop asiático’ se estabelecer como uma categoria global, há uma hipótese de que o J-pop que fazemos se torne um nicho dentro desse género.

    Cantora Ado no Brasil em Agosto 2025

    Esta situação pode comprometer a posição do Japão como o segundo maior mercado musical do mundo, de acordo com o relatório da IFPI, uma vez que o seu impacto internacional é notavelmente baixo em comparação com outros países.

    Chigira tem grandes esperanças em Ado como a figura que pode levar a indústria J-pop e Vocaloid para o panorama global. “Ado é a única artista japonesa a solo que pode competir no panorama global e atingir o seu pico nos próximos 3 ou 4 anos”, afirmou. A sua próxima digressão mundial em 2025 será fundamental para demonstrar o potencial do J-pop no panorama internacional e posicioná-lo como concorrente do K-pop e de outros géneros emergentes.

    Apesar da sua dimensão enquanto mercado, o Japão enfrenta desafios significativos na sua expansão internacional. Um relatório do METI destacou que o Japão não dispõe de um sistema padronizado para calcular as suas exportações de música para o estrangeiro, dificultando a elaboração de uma estratégia eficaz para utilizar os seus recursos. Além disso, os dados do governo japonês mostraram que a receita de licenciamento de música no estrangeiro foi de apenas 10 milhões de dólares em 2021, em comparação com os 680 milhões de dólares na Coreia do Sul em 2020.

    Num mercado global onde o streaming permite aos consumidores descobrir música de todo o mundo, a música japonesa precisa de estabelecer uma identidade própria que não dependa apenas do anime. Sem esta estratégia, corre-se o risco de ficar diluído num conceito genérico de música asiática.

    Embora o anime continue a ser uma ferramenta importante para promover a música japonesa, Chigira pede aos criadores e produtores que olhem para além deste meio. O desafio é claro: fazer com que o J-pop seja reconhecido pelo seu próprio valor no mercado global e evitar que fique confinado como um subproduto do anime.

    Helder Archer
    Helder Archer
    Fundou o OtakuPT em 2007 e desde então já escreveu mais de 60 mil artigos sobre anime, mangá e videojogos.

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    Rygar
    Rygar
    13 , Janeiro , 2025 19:22

    muito estupido isso ser levado como “critica” tipo a indústria da música e uma bagunça sempre tem alguem ou não pra criticar artista por depender muito de collab então qual a diferença tudo e uma bagunça em relação a música de qualquer forma.

    J.JB
    J.JB
    13 , Janeiro , 2025 19:37

    Vejo os animes como uma porta para muitas bandas… Tudo bem a ambição de querer ir alem do K-Pop. Mas ele não pode descartar que o animes ajudam tambem…

    Mais uma coisa boa que querem estragar
    Mais uma coisa boa que querem estragar
    14 , Janeiro , 2025 15:37

    Quero ver quem vai ouvir musica japonesa sem ser através dos animes.

    Não quero dizer que não ouçam mas o alcance do anime é enorme.

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