Sonic 3: O Filme – Análise

Por fim chega um dos filmes mais esperados do ano, não só porque promete assinalar uma trilogia com um sucesso crescente como comemora o ”fearless year”, um conjunto de projetos criados para assinalar o vigésimo aniversário de Shadow The Hedgehog. Vejamos se 2 anos entre filmes e uma minissérie foram suficientes para Sonic 3: Filme comandar um expansivo universo cinematográfico desenvolvido entre a SEGA Sammy e a Paramount Pictures.

O filme começa imediatamente onde o anterior parou com Shadow The Hedgehog a despertar do seu sono de 50 anos numa das instalações da G.U.N em Tóquio. Imediatamente o ouriço negro começa a sua onda de destruição na cidade e nem mesmo um exército é suficiente para o parar. Do outro lado do mundo, Sonic festeja o seu Birth”Earth”Day junto dos seus amigos, por alto está é uma data que Tom, o Donut Lord, criou para assinalar o dia em que este e Sonic se conheceram. Sonic redescobre a sua antiga casa, e no local Tom congratula o seu amigo porque mesmo perante a adversidade e perda, fez as escolhas certas. Este é um tema que talvez possa passar despercebido, mas vai ser marcante para o desenvolvimento do filme. No entanto, esta paz é absolutamente abalada com o apelo do comandante Walters, que pede à recém intitulada Team Sonic para confrontar Shadow numa missão ultrassecreta em Tóquio. Evidentemente que o trio não consegue parar o ouriço negro e o grupo tem de formar uma aliança improvável.

Esta primeira parte do filme achei um pouco apressada porque não só foram mostrados bastantes acontecimentos, como a forma com que foram apresentados também foi muito congestionada. Eis que entra em cena Jim Carrey mais uma vez como o excêntrico Dr. Robotnik que contribui a meu ver para as maiores mudanças no guião de Sonic Adventure 2, diria mesmo que a sua transformação ficou completa no excêntrico vilão, quer a nível de atuação como no aspeto visual. No entanto, assistimos a um reverso ao passo que o filme humaniza Ivo, o passado trágico de Gerald é envolto em camadas de comédia.

Se o primeiro filme foi baseado em elementos da versão ocidental do primeiro jogo e o segundo filme foi inspirado em elementos e história do terceiro jogo, este terceiro filme é fortemente construído tendo por base Sonic Adventure 2, porque não só apresenta Shadow a este universo como introduz Gerald Robotnik, o avô de Ivo Robotnik que espantosamente continua vivo por mais de um século.

Quer se goste ou não, é a atuação dupla de Jim Carrey a responsável pelas maiores mudanças da história sobre as origens de Shadow e a sua relação com Maria Robotnik. Porque essencialmente nos jogos Gerald está obviamente morto e neste filme une forças com o seu neto. São nestes momentos que surgem as melhores porções de comédia, porque a dupla desenvolve uma bizarra e hilariante relação familiar que muito sublimemente também lança o segundo grande tema do filme, a família, os laços fraternos e de amizade, e o que fazer quanto estes são desatados ou até postos de parte.

Em diversos segmentos do filme também somos apresentados à história trágica de Shadow que serve de travão para dar um descanso às fantásticas atuações duplas dos Robotniks. Keanu Reeves mesmo com poucas falas conseguiu criar uma versão muito convincente de Shadow. A sua experiência no desenvolvimento de personagens trágicas e melancólicas assentou que nem uma luva na personalidade da contraparte de Sonic, que de uma forma crescente neste filme mostra que é uma versão do que Sonic poderia ter sido, se não tivesse encontrado amigos para o apoiar e sobretudo uma família para o acolher. A maneira como o filme retrata este assunto é de certa forma bastante modelar, porque alterna entre diversos estados de espírito quer das personagens como das expetativas dos próprios espectadores.

Obviamente que este é um filme criado para os fãs de Sonic The Hedgehog e como tal é esperado um número elevado de referências aos jogos e vida do ouriço azul da SEGA. Embora existam, a maioria foi colocada de uma forma menos óbvia, porque grande parte foi introduzida na banda sonora e na caracterização das personagens. Por exemplo, Knuckles enfrenta literalmente os seus fantasmas, mesmo que esteja de pedra e cal como um membro predominante na Team Sonic. Por falar em banda sonora, vão ter uma agradável surpresa se jogaram e completaram Sonic Adventure 2. Tenho mesmo muita pena que não tivéssemos tido direito ao anúncio do Twitter do divertido Eggman de Alfred, a oportunidade esteve lá mas infelizmente não foi usada. No entanto, diálogos sobre voos de lowcost e uma deliciosa referência à velocidade da luz da SEGA Mega Drive estiveram presentes para grande deleite dos fãs.

Tal como os anteriores o filme abre caminho de imediato para uma continuação e aqui encontramos diversas encruzilhadas onde o universo cinematográfico pode caminhar. Um reformulado vilão? Mais um pé de dança de Jim Carrey ou então mais uma minissérie para expandir personagens? Uma coisa é certa, o próximo filme vai muito possivelmente apresentar um misto de Sonic CD, com talvez uma pitadinha de Shadow de Hedgehog se claro, o anti-herói não receber a sua minissérie na Paramount+, não acreditam? Fiquem até ao fim dos créditos do filme.

Tal como a minissérie de Knuckles também senti um maior cuidado com as coreografias e o CGI, não é que os anteriores filmes fossem maus neste capítulo, longe disso, mas é inegável o cuidado na animação que foi empregue nas personagens, especialmente como Shadow falou desde o início até ao fim do filme, o momento terra a terra entre ambos os ouriços foi um forte indicador deste elemento.

Sonic 3: O Filme é mais um hino ao universo cinematográfico Sonic, que promete reunir fãs e gerações nas salas de cinema em todo o mundo. Sem dúvida que a versão cinematográfica do ouriço azul da SEGA veio para ficar, resta saber no meio de tantas estradas para percorrer se vai fazer boas ou más escolhas. Uma coisa é certa, se se meter em sarilhos tal como a Team Sonic estaremos lá para assistir de olhos bem abertos e sorrisos de orelha a orelha.