A dupla de jogos Uncharted 4: O fim de um Ladrão e Uncharted O Legado Perdido, finalmente chega ao PC através da Sony Interactive Entertainment com o jogo Uncharted: Legado dos Ladrões. A mesma não só permite aos jogadores da plataforma modelar saltar diretamente para a última aventura de Nathan Drake, como desfrutar da dupla Chloe Frazer e Nadine Ross que formam uma aliança para se apoderarem da presa dourada da Deusa elefante Ganesha. Embora seja redutor para a maioria -especialmente nesta plataforma- o título por si só revela um apontamento muito interesse. Este é mais que uma junção de frases que compõem títulos, visto que Uncharted 4: O Fim de um Ladrão representa o final de uma viagem e Uncharted: O Legado Perdido marca o início do legado deixado por esta.

Embora os jogadores do PC apenas possam desfrutar do final desta viagem, ao longo do jogo sentimos que estamos na presença de um ícone que os jogadores da PlayStation acompanharam ao longo de quase duas décadas. Neste período crescemos com a personagem e sentimos o seu apelo pela aventura. Uncharted 4: O Fim de um Ladrão é mais que um jogo, é um hino ao seu legado, dado que surgem imensos momentos referenciados nas primeiras aventuras.

Enquanto o primeiro jogo demonstrou que Lara Croft também pode vestir um par de calças, o segundo expandiu todos os seus conceitos de ação, introduziu secções de enigmas e uma maior dimensão cinematográfica. Finalmente, no terceiro foi-nos apresentada a possibilidade de jogarmos com uma segunda personagem. Infelizmente, os jogadores do PC não poderão descobrir o requinte de cada, visto que a coletânea Uncharted: The Nathan Drake Collection, ou seja, um título que reúne as primeiras três aventuras do eterno ladrão ainda não está disponível. Sentimos esta ausência com um sabor bem amargo, dado que em muitos momentos de Uncharted 4: O Fim de um Ladrão, eventos passados são referenciados, e este jogo na sua reta final sente-se mais como um epílogo do que como o clímax para a história de Nate. Esperamos que de futuro a Naughty Dog também lance este imenso prologo para o PC para os jogadores absorverem todo o requinte desta grande aventura.

O quarto jogo decorre alguns anos após o terceiro. Nos momentos iniciais somos apresentados ao relacionamento de Nathan Drake e Elena Fisher. Apesar de correr bem, o nosso herói recorda as suas velhas aventuras e não pode deixar de se sentir um pouco frustrado com a rotina a que foi submetido. Contudo Nate descobre que o seu irmão Sam ainda está vivo e sobreviveu à fuga da prisão no Panamá. Este recorre ao seu irmão mais novo para ajudar a encontrar o tesouro do infame pirata Henry Avery de forma a pagar uma ‘dívida’ que colocou a sua vida em perigo.

Uncharted 4: O Fim de um ladrão metaforicamente pode ser descrito como uma viagem em duas frentes, primeiro porque voltamos a acompanhar Nathan Drake pelos locais mais inóspitos do planeta, segundo porque assistimos ao final da sua viagem enquanto aventureiro. Esta última reflete a sua maturidade, o que aprendeu, o que viveu. Num cômputo geral, a história de Uncharted 4: O Fim de um Ladrão é sem sombra de dúvida a melhor da quadrilogia de Nathan Drake. Isto porque é a melhor em estrutura narrativa, e dispõe de elementos visuais e tecnológicos que a sustentam em todos os momentos e tecem uma história emotiva e comovente.

Por sua vez, Uncharted: The Lost Legacy marca o início de uma nova viagem e demonstra que a ausência de uma jogabilidade mais metódica pode ser justificada com maiores secções de tiroteios e ação. A dupla composta por Chloe Frazer e Nadine Ross a bordo do seu SUV ou de uma lancha percorre ambientes mais abrangentes que Nate, e através de um melhoramento de lutas corpo a corpo e de um gancho os jogadores podem desfrutar de um jogo mais ininterrupto. A narrativa também nos pareceu mais simplista quando comparada aos títulos anteriores.

Chloe Frazer, uma personagem subvalorizada na série está de regresso ao ativo. A aventureira de Uncharted 2 sente que para avançar na vida deve enfrentar o seu passado e para tal está disposta a sacrificar tudo. Para forjar o seu legado, Chloe deve recuperar um artefacto antigo para evitar que caia em mãos erradas. Felizmente nesta tarefa conta com a ajuda da mercenária Nadine Ross.

Ambos estes títulos foram destaque na geração passada. Será que conseguirão singrar o seu legado com este “facelift” numa nova casa? Não obstante da sua idade estamos perante um jogo belo. As texturas, iluminação e partículas, continuam a impressionar. O mesmo podemos dizer do ambiente. Embora as mudanças climáticas e as transições entre o dia e a noite sejam “fabricadas”, acontecem de uma forma muito natural, tanto que os elementos em redor também reagem a estas mudanças, tais com o vento entre a vegetação que antecede a uma tempestade, ou o por do sol a incidir sobre o horizonte de um oceano.

O tempo parece que não passou neste quesito para esta coletânea, visto que estamos na presença de animações e expressões faciais extremamente orgânicas e naturais, diríamos mesmo que estão acima de muitos jogos da atualidade.  Contudo, desta vez um título da PlayStation não recebeu o contributo da Nixxes, mas sim da Iron Galaxy. Embora não estejamos na presença de uma má port podemos sentir a ausência das suas opções gráficas. Ambos os menus dos jogos são relativamente “simples” quanto comparados aos de outros ports da PlayStation para o PC. Ao nosso dispor temos diversos “presets” que vão desde o mais baixo ao mais alto e configuram o jogo com gráficas predeterminadas. Aqui as opções são um tanto limitadas para quem por exemplo está habituado às disponíveis em Days Gone ou Marvel’s Spider-Man Remastered. Apenas temos ao nosso dispor as opções de texturas, qualidade dos modelos, filtro anisotrópico, sombras, reflexos e oclusão ambiental. Talvez as absurdas opções gráficas dos anteriores títulos, tais como qualidade da folhagem, nevoeiro volumétrico, ou qualidade dos cabelos, nos tenham habituado mal e esperássemos encontrar as mesmas nos quadros da port da Iron Galaxy.

Porém, um elemento que achamos bem interessante foi como a Iron Galaxy implementou a tecnologia AMD FSR 2.1 no jogo. Além de assistirmos à sua resolução de entrada e resolução processada nos quadros, também podemos escolher a incidência da mesma através de um slider de nitidez que permite criar híbridos entre as tradicionais opções “Qualidade”, “Equilibro”, “Desempenho” e “Ultra Desempenho”. As mesmas tornam o jogo muito mais abrangente entre sistemas, dado que permite processar uma resolução inferior através desta tecnologia com ganhos significativos sem perdas de qualidade visual, especialmente na opção “Qualidade”. Com base na mesma registamos na nossa build equipada com um processador AMD RYZEN 5950X, placa gráfica AMD RADEON RX 6900XT e 32 GB DDR 4 RAM com todos elementos visuais na sua plenitude os seguintes valores:

  • Sem AMD FSR 2.1 (4K nativos): entre 72 a 80 fotogramas por segundo
  • Qualidade: entre 110 a 120 fotogramas por segundo
  • Equilíbrio: entre 135 a 165 fotogramas por segundo
  • Desempenho: entre 170 a 185 fotogramas por segundo
  • Ultra Desempenho: 195 a 210 fotogramas por segundo

Quando transportamos o jogo para o nosso portátil Lenovo Legion 5 Pro equipado com um chipset gráfico NVIDIA Geforce RTX 3070 a 140w, estes valores naturalmente desceram, mas mesmo assim foi interessante constatar que o jogo pode ser executado a 2K a 60 fotogramas por segundo em praticamente todos os ambientes. Numa tentativa de poupar recursos e fazer com que todos os fãs do jogo se sintam em casa, a Iron Galaxy colocou a opção de barrar as aventuras de Nate e Chloe a 30 fotogramas por segundo e pintá-las com o suporte para HDR. Infelizmente nesta última apenas temos o tradicional slider de configuração sem informar o jogador da intensidade de “Nits” em cada ambiente, uma opção muito bem-vinda em Marvel’s Spider-Man Remastered.

Outro elemento muito bem-vindo foram as suas opções de localização. Nathan Drake percorreu praticamente todo o planeta e as opções de texto e áudio refletem as suas aventuras, visto que o jogo oferece umas abismais 23 opções de idioma onde naturalmente o nosso ladrão também fala em português europeu e português do Brasil. Também e pela primeira vez pudemos desfrutar dos gatilhos adaptativos do DualSense no PC. Para sentirem a aventura de Drake e Chloe na pele só têm de ligar o vosso DualSense ao PC através de um Cabo USB-C e desligar o suporte aos comandos na Steam Overlay. Esta última parte é muito importante porque se não for desligada não reconhecerá as capacidades hápticas do vosso DualSense, ao invés carregará o Xinput dos comandos Xbox e nem mesmo transitarão para o jogo os botões PlayStation.

Uncharted: Legado dos Ladrões é uma coleção imprescindível para qualquer fã de um jogo de ação. O carisma das suas personagens, uma história digna de uma superprodução de Hollywood e duas das melhores aventuras da geração passada finalmente ao alcance dos jogadores no PC são argumentos mais que suficientes para pegarem no vosso passaporte e partirem com Drake e Chloe numa viagem única que também marcou o início e o fim de uma das mais emblemáticas séries da Naughty Dog.

Pros:

  • Duas das melhores aventuras da PlayStation no PC
  • Histórias dignas de superproduções de Hollywood
  • Excelentes animações e expressões faciais
  • Suporte ao AMD FSR 2.1
  • Suporte a 23 de idiomas totalmente localizados
  • Port sólida
  • Suporte aos recursos hápticos do DualSense

Cons:

  • Menor número de opções gráficas
  • Ausência de Uncharted: The Nathan Drake Collection no PC
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