Às vezes queremos ajudar alguém, mas não temos condições de oferecer apoio, quer seja por incapacidade ou por falta de coragem.
A Shoko passou por dois momentos distintos nos episódios seis e sete. No sexto episódio a personagem mostrou sua coragem ao declarar sua amizade incondicional à Satou, mas no episódio seguinte hesitou num momento crucial. A oportunidade de provar que o sentimento de amizade de Shoko pela sua amiga e companheira de trabalho é verdadeiro foi perdida.
A amiga da protagonista parece uma das poucas personagens “normais” da história, não que isso signifique que ela não tenha problemas. Ela mesma confessou que tem problemas em casa e na escola, mas encontrou em Satou uma verdadeira amiga em que ela poderia contar.
Deixando de lado a rotineira temática do amor, o sentimento de amizade da Shoko para com a Satou foi algo interessante visto nos dois últimos episódios. Já dizia uma famosa frase que a amizade é como uma semente que precisa ser regada para poder crescer e se tornar forte. Pois bem, Shoko construiu uma amizade aparentemente sólida, mas descobriu que tal sentimento não era tão sólido assim por parte de sua preciosa amiga. Sem querer, ela acabou olhando para o abismo que a vida de Satou, logo o mesmo olhou de volta para ela, e a mesma se assustou e ficou sem reação.
O diálogo entre as duas protagonistas do anime no final do sétimo episódio é intrigante, pois as duas respondem que não sabe o que é um amigo. Suponho eu que a relação da Satou com as outras pessoas, ou seja com o mundo externo é superficial, simplesmente uma fachada que ela precisa usar para esconder e preservar sua verdadeira vida.
Shoko teve a oportunidade de cruzar a fronteira e conhecer a verdadeira Satou, mas isso a colocaria dentro de um abismo em que a mesma poderia não voltar mais.
Outro personagem importante a ser comentado é o Asahi (irmão da Shio). O fraco e desesperado garoto é corajoso o suficiente para aguentar os maus tratos do pai. Aliás, a visão assustadora e demoníaca que nós espectadores temos do pai da pequena protagonista, é um recurso interessante para ilustrar a personalidade do personagem. Por falar em recursos visuais, a introdução do sétimo episódio com o professor contando uma hipotética história da Satou como se fosse um conto de fada, foi interessante e criativo.
Já era notório que a tia da protagonista aparenta ser a responsável por todo trauma e distorção emocional que a garota sofre até agora. Ela (a tia) é uma masoquista perturbada e manipuladora, que acha que atendendo e suportando os desejos alheio está oferecendo amor. Isso não passa de uma atitude egoísta de via dupla. Primeiro, há atitude masoquista de gostar do sofrimento por parte dela, ou seja, ela usa alguém para atender seus fetiches e vontades carnais. Segundo, o objeto de afeto dela acaba descontando todas as suas frustrações e desejos reprimidos nela. Resumindo não há amor, pois o mesmo não visa o mal, pelo contrário, o amor é generoso e não há malícia. O amor é uma via de mão dupla que consiste em dar e receber.
Por mais que exista uma relação de troca de sentimentos entre Satou e Shio, os sentimentos não são exatamente os mesmos. De um lado temos o sentimento de posse e do outro um sentimento ingênuo de alguém que ainda está em fase de crescimento (tanto físico como mental e emocional).
