No dia 08 de fevereiro deste ano o filme anime Child of Kamiari Month (Kamiari no Kodomo / Filha de Kamiari) foi lançado mundialmente no catalogo da Netflix. O longa foi lançado anteriormente no Japão em 08 de outubro de 2021 e resulta de 3 angariações públicas de dinheiro de março de 2019 a junho de 2020.
O diretor representante da Liden Films, Tetsuro Satomi, é o produtor de animação do projeto. O diretor Kazuya Sakamoto “She and Her Cat -Everything Flows-” é o “diretor de criação”. Toshinari Shinohe é o responsável pelo planejamento e creditado pelo trabalho original, enquanto Takana Shirai é creditado com o conceito original e como diretor de animação. Michihiko Suwa (filmes de Detetive Conan) e Teppei Mishima são os planeadores e produtores do projeto. Haruka Sagawa é responsável pelo design de personagens. Tetsurō Takita e Ryūta Miyake estão a escrever a história. O cantor e compositor miwa é responsável pela música do filme.
Adju Makita interpreta a protagonista Kanna, Maaya Sakamoto (Hitomi de Escaflowne) é Shiro e Miyu Irino (Haku de Spirited Away) é Yasha. O filme ainda tem no elenco Kou Shibasaki (Yūko Ichihara no live-action de xxxHOLiC) como Yayoi Hayama, Wataru Takagi (The Way of the Househusband) como Ryūjin e Akira Kamiya (City Hunter the Movie: Shinjuku Private Eyes) como Ookuninushi.
Sinopse de Child of Kamiari Month
Um ano depois de perder a mãe, uma menina descobre que deve atravessar o Japão para a reunião anual de deuses na terra sagrada de Izumo.
Apesar de ter um lado fantasioso com deuses, templos japoneses e a cultura de comidas de diversas regiões do Japão, o longa usa do estilo road movie para falar sobre o luto.
É muito interessante que a história do filme faz essa abordagem através de um olhar infantil, mostrando como que uma criança também pode ter dificuldades para passar por este momento. Kanna mostra o lado egoísta dos humanos ao sair inicialmente em uma jornada pensando em um suposto resultado que pudesse beneficiar apenas ela em uma tentativa de tirar o peso de uma culpa que não lhe pertencia. Mas, no decorrer da história o longa acaba revelando uma mensagem sobre como podemos manter os laços com pessoas queridas através de ações que nos fazem lembrar delas. Isso ocorre através de pequenos diálogos que revelam um pouco mais de um lado que Kanna não conhecia sobre sua mãe e com a ligação que outros personagens têm com seus pais mesmo estando separados.
Por outro lado achei que o filme acaba falhando em mostrar a relação entre Kanna e seu pai. Acho que seria necessário mostrar um pouco mais da relação deles para desenvolver de forma completa o plot do luto de Kanna após a morte de sua mãe. Isso também acaba fazendo com que o questionamento que ele faz sobre ser um bom pai fique completamente de lado, afinal não existe uma cena em que eles falam sobre a morte de Yayoi.
Mesmo sendo usado apenas como um pano de fundo, o lado fantástico do filme é bastante interessante. Gostei que é utilizado um artifício simples para justificar a história do longa ser um road movie e isso funciona muito bem, apesar desse artifício ser meio que ignorado no clímax no final, algo que não é ruim mas que acaba não fazendo sentido. A jornada pelos templos para pegar as oferendas do banquete dos deuses acaba servindo para ressaltar os templos que ainda existem no Japão, mas falar das versões das diferentes versões animadas que alguns deuses ganham e que ressaltam sua importância dentro da cultura japonesa.
A animação de Child of Kamiari Month é bastante simples, mas ainda assim ela se destaca no visual dos deuses e em por ter uma fotografia mais intimista. Gosto que o longa se utiliza de cores mais simples quando está no terreno humano e cores mais vivas quando vai mostrar os deuses ou locais sagrados. A trilha sonora possui músicas mais sentimentais e que casam muito bem com as cenas. A edição do longa funciona na maior parte do tempo, mas achei que na cena em que Kanna descobre a ligação dela com sua mãe a edição acaba ficando um pouco estranha ao mesclar um momento com música, ter um corte seco para uma cena sem música nenhuma e logo depois ter outro corte e a música voltar. Já o elenco de voz do filme é bastante básico, não tendo nenhum personagem com uma atuação de destaque, porém, senti que a atuação de Adju Makita para a personagem Kanna ficou um pouco estranha em alguns momentos, como se a voz do atriz não se encaixasse no personagem.
Child of Kamiari Month é um bom filme para se assistir de forma despretensiosa, sua jornada sobre o luto com um lado fantasioso no fundo acaba funcionando como um todo no estilo de uma jornada road movie. A história de Kanna funciona muito ao mostrar o lado egoísmo dos humanos e no final descobrir mais sobre sua mãe e sobre como manter seus laços com ela, porém o filme acaba falhando em trabalhar a relação entre Kanna e seu pai. Já o lado fantástico é bem interessante ao ressaltar os templos que ainda existem no Japão. Mesmo possuindo uma animação simples, o longa se destaca no visual dos deuses e em uma trilha mais sentimental.
