Lançado em novembro de 2019, o filme anime Human Lost, a adaptação para da novel No Longer Human de Osamu Dazai, ganhou uma exibição neste ultimo domingo (30 de julho) na Sato Cinema no Brasil. A convite da Sato Company, o OtakuPT teve a oportunidade de conferir este interessante filme, que mistura ficção científica e questões humanas atuais.

A direção executiva é de Katsuyuki Motohiro (FLCL Alternative, Psycho-Pass), a direção é de Kizaki, a animação é da Polygon Pictures. Tow Ubukata (Fafner, Psycho-Pass 2) está no roteiro do filme. Yusuke Kozaki (BBK/BRNK, Intrigue in the Bakumatsu – Irohanihoheto) é o designer de personagens, e Kenichiro Tomiyasu (Resident Evil: Damnation) é o responsável pela arte conceptual.

O filme possui no elenco Mamoru Miyano como Yozo Oba, Kana Hanazawa como Yoshiko Hiiragi, Jun Fukuyama como Takeichi, Miyuki Sawashiro como Madam, Haruka Chisuga como Tsuneko, Kenichiro Matsuda como Shibuta, Rikiya Koyama como Atsugi e Takahiro Sakurai como Masao Horiki.

Sinopse de Human Lost

O ano é 2036. Uma revolução no tratamento médico venceu a morte por meio de nanomáquinas internas e do “Sistema Shell”, mas apenas os mais ricos podem ser permitidos participar.

Yozo Oba não é o mais rico. Incomodado por sonhos estranhos, ele une-se ao grupo de motociclistas do seu amigo numa infeliz ida a “The Inside”, onde a elite da sociedade vive. Isso instiga uma jornada de descobertas aterrorizantes que mudaram a vida de Yozo para sempre.

A novel original de Dazai, No Longer Human (Ningen Shikkaku ), acompanha a separação cada vez mais profunda do jovem do resto do mundo, apesar das suas tentativas de manter uma falsa felicidade. Em Human Lost temos a abordagem sobre esse assunto de uma forma um pouco diferente, se utilizando de ficção científica para trazer um tom mais modernizado a história do romancista do século XX.

Diferente da história original escrita por Dazai, em Human Lost existe uma abordagem interessante sobre como somos influenciados a seguir determinados caminhos como sociedade e como somos pressionados a não sair de determinada linha. Isso é abordado logo no início com a questão de existir uma empresa que não permite que as pessoas morram por velhice, doenças ou por acidente. Essa abordagem também ocorre quando é citado sobre o uso de uma droga pelas pessoas que se transformaram em “monstros”, dando a entender que questões mentais também podem fazer uma pessoa sair desta linha.

A questão mental é o que ganha o maior destaque no decorrer do filme. Os protagonistas Yozo Oba e Yoshiko Hiiragi possuem um passado envolvendo violência durante a infância, já o vilão Masao Horiki carrega o peso envolvendo seu passado como médico. Os objetivos dos três personagens são desenvolvidos no longa através de pontos de vistas diferentes sobre o que é a humanidade e sobre o futuro que eles desejam. Claramente que é abordado sobre a dualidade em torno do lado positivo e o negativo do ser humano e isso é feito no decorrer do filme de uma forma que eu achei bem satisfatória.

Um outro assunto que é abordado de forma mais evidente no decorrer do filme é a questão da diferença social dentro da sociedade. Esse assunto é desenvolvido de uma forma que eu achei bem interessante, mostrando as diferenças sociais visualmente nos diversos ambientes e cenários. Essa diferença social também fica evidente em torno da questão ambiental, no decorrer do longa é citado que o ar na parte mais pobre da cidade é mais poluído do que nas áreas ricas (que possui um ar mais respirável).

Não posso analisar muito profundamente sobre o filme como adaptação por não ter lido o livro de Osamu Dazai, mas pesquisando sobre a obra foi possível identificar que o filme moderniza bem o tema envolvendo o que faz um indivíduo humano. Também foi possível identificar que o personagem Yozo Oba possui diversas características tiradas diretamente da história do protagonista do livro e algumas cenas do filme são inspiradas em acontecimentos da novel. Outra característica interessante do filme em comparação com a obra original é o longa ser separado em três “livros”, isso remete diretamente ao fato da novel original escrita por Dazai ter sua história contada também em três livros.

Em relação a animação de Human Lost eu diria que este talvez seja a melhor produção em CG feita pela Polygon Pictures. Diferente de outras produções do estúdio, este longa consegue ter uma produção diferenciada ao conseguir balancear bem um visual que mistura algo mudando, com conceitos tecnológicos e um pouco de fantasia. Ainda é possível estranhar o CG em alguns momentos do longa, mas no geral temos os personagens se movimentando de forma bem fluida. Gostei como o filme possui cenas de luta que lembram lutas de Tokusatsu, isso fica bem evidente no estilo de fotografia do longa remeter bastante ao estilos das séries/filmes Tokusatsu atuais.

No geral, Human Lost consegue modernizar a história do livro de Osamu Dazai de uma forma bastante satisfatória, trazendo não só questões sobre humanidade, mas também falando sobre assuntos envolvendo saúde mental, diferenças sociais e ambientais. Já como animação, a produção consegue ser bem competente em relação ao visual dos personagens e do ambiente e com uma animação bastante fluida, mesmo nos momentos em que o CG causa um pouco de estranhamento.

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