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    Flip Flappers – Review por Bruno Reis

    Com Keijo!!!!!!!! Assistimos a um desabrochar de imaginação e originalidade sem precedentes. Mas muito subtilmente também tivemos outra serie nessa temporada que por motivos completamente diferentes também injetou originalidade no já referido poço seco, é precisamente uma essa obra que analisaremos nesta crítica.

    A História de dá-nos a conhecer duas jovens reunidas pelo destino com personalidades completamente distintas. Enquanto Papika é energética, alegre e age sem pensar, Cocona é mais calma, ponderada e com os pés bem mais assentes na terra. As duas possuem a chave para viajarem até a uma dimensão paralela chamada Pure Ilusion. Nesta dimensão o imaginário ganha forma, e as duas começam a procuram pelos fragmentos de Mimi, um item que é conhecido por realizar qualquer desejo. Conseguiram descobrir e realizar o seu desejo ou sucumbir as mãos das criaturas fantásticas desta dimensão?

    é uma obra muito estranha nos melhores sentidos. Por um lado não tenta criar algo que já não fosse criado, por outro lado é uma lufada de ar fresco não só na industria do anime, como no panorama de animação no geral. Originalidade não é uma meta fácil de alcançar mas parece que com Papika, e Cocona é algo tão real que consegue ser quase palpável. Isto porque ao longo dos seus 13 episódios apresentou dezenas de elementos e personagens moldando e transformando o que já conhecemos, mas apresentando tudo numa perspetiva diferente. Inicialmente os episódios são conclusivos explorando várias temáticas e elementos do mundo ocidental. Imaginem uma versão alternativa do capuchinho vermelho dos Contos de Grimm, uma mansão assombrada habituada por bonecas assustadoras que apenas procuram identidade, ou testemunharem uma versão feminina de Mad Max, que rapidamente desenvolve-se num show de Mahou Shoujos. No que toca a originalidade é um hino a imaginação, joga um jogo muito interessante com o espectador transmitindo um sentimento de vulgar e bem espectável, mas que desenvolve-se de uma maneira que nem mesmo a mente mais imaginativa chegaria a tais acontecimentos.

    Flip Flappers

    Isto porque no seu staff encontram-se alguns membros dos estúdios e , muita visão do visualmente especular do estúdio de e do mestre encontram-se em . Claro que adotando ideias tão distintas umas das outras, causou muito ruído e confusão. Como já sabem a história é inicialmente muito simples, duas raparigas em busca de umas pedras preciosas num mundo imaginário com elementos paralelos ao nosso. Mas sem aviso prévio introduz diversos elementos narrativos e personagens que causam demasiada confusão. Muitas das dezenas de personagens apresentadas atuam em prol do desenvolvimento da história sem apresentarem motivos para tal. Temos o Bu-chan, um robot com um cérebro humano que adota diversas formas e mais tarde transforma-se num mecha gigante, uma história complexa de um amor não correspondido, transformações de mahou shoujo, e uma viagem no passado, que interpolou-se num futuro sem causa nem efeito.

    Como muitas das mentes que trouxeram-nos obras como e () encontram-se nesta série, foi comum assistir a referências não só dessas mesmas obras como também de Diebuster, Panty and Stocking With Garterbelt, ou do já referido Neon Genesis Evangelion. Contudo a maior fatia vai para porque não só é a mais relacionável, como as duas apresentam os mesmos valores, e uma alusão ao Yuri constante. As duas com o passar do tempo desenvolvem sentimentos uma pela outra, mas acho que aqui a produção exagerou, imaginem ouvir Cocona umas 200 vezes por episódio, só para cimentar o que a jovem ruiva sente pela sua amiga, se compilassem todas as vezes que Papika disse “Cocona” devem chegar a um vídeo de uns 10 minutos. Não interpretem-me mal eu gosto de ver uma sociedade fora dos padrões de velhos de Restelo e de Panda Biggs, mas vamos ter um pouco mais de contenção, porque o resultado embora inocente foi altamente cansativo. Infelizmente por enveredar por caminhos mais tumultuosos, como dezenas de sub enredos dentro da história principal, muito do simples e agradável foi perdido na segunda parte da história contribuindo para não só causar confusão no seu desenvolvimento como o espectador perder o fio a meada do que se passava. Também o título tem alusões escondidas ao seu enredo, Flip Flap é um movimento de ginástica no qual o seu praticante dá uma série cambalhotas sucessivas, parece familiar não é? Pois é mesmo o movimento que o futebolista Nani realiza quando marca um golo. Rapidamente pode ser associado as sucessivas cambalhotas dimensionais que as nossas meninas realizam, este fator ainda tem mais sentido se associarmos as suas transformações. Também Flip Flap são aquelas plantinhas de plástico que dançam alimentando-se a energia solar, aqui podemos associar a personalidade energética da Papika. Flappers também foram um grupo de mulheres da geração de 1920 que usavam saias curtas, liberais e que usavam o mesmo corte de cabelo que a Cocona, para finalizar pode ser associado ao movimento de bater as asas e voar, faz imenso sentido quando o ponto mais alto desta história é verdadeiramente a imaginação e originalidade.

    São diversas as conotações que podemos tirar de e do seu título mas no final Flip Flappers é uma espécie de FLCL, polvilhada com umas pitadas de Jinrui wa Suitai Shimashita aqui e acolá, culminando num conto de fadas com muita imaginação e originalidade, tanta, que por vezes até perdeu o seu rumo!

    foi uma série produzida pelo estreante , que outrora apenas brindou-nos com (Method of the Heavens) e , pelo que parece adora produzir obras com dimensões alternativas. No seu elenco também pudemos encontrar não só veteranos do lendário estúdio Ghibli como também nomes soantes tais como Kiyotaka Oshiyama, e Masumi Itou, que por coincidência foram responsáveis por algumas obras já referidas. foi um autêntico deleite visual e aqui vem a direção de Miyazaki ao de cima, todo o seu grafismo é digno de uma obra do seu estúdio de animação. Animação essa que quase parece desenhada a mão, super fluída com destaque para as roupas e explosões, uma arte super cuidada que soube ambientar-se ao seu espaço. Por exemplo num episódio que Papika e Cocona são sugadas para uma dimensão alternativa e viajam dentro de um corpo humano, e quase dei por mim a pensar que estava a assistir ao “Era uma vez o corpo humano” porque arte sem contornos e nublada muito anos 80 voltou a marcar presença. Não é todos os dias que assistimos a uma série que transforma um elemento mau em bom. Cortes rápidos, transições de cena, ângulos de câmara escondidos parecem elementos péssimos no papel, mas acreditem neste ponto brilhou demasiado, porque deu a entender o falso e fantasioso que o mundo de Pure Ilusion na verdade era. Para finalizar o contraste de cores entre o mundo presente e a realidade alternativa é sublime, no mundo “real” temos cores mortas, ambientes escuros um pouco pessimistas e tecnológicos, ao passo que na Pure IIusion assistimos ao contrário e a cores vivas e quentes. No que toca a direção e arte, apenas encontrou rivalidade este ano na obra do , é realmente raro encontrar uma dedicação e compromisso tão grandes numa série, ainda mais quando nem é sequer uma adaptação.

    Relativamente a Banda Sonora o mesmo pode ser dito, muito anime clássico com contrastando instrumentos como clarinetes e xilofones com faixas mais tecnológicas ambientando e diferenciando os dois mundos, a abertura Serendipity é bastante energética enquanto o encerramento FLIP FLAP FLIP FLAP, apresenta uma melodia mais calma, inserida num estilo gráfico contos de fadas e curiosamente Papika e Cocona vestem-se da mesma forma que encontramos as personagens em obras clássicas dos anos 70 como Heidi e Marco. Mais uma vez o contemporâneo vem ao de cima em Flip Flappers.

    sem dúvida é uma série que não terá o destaque merecido muito pela sua irreverencia e frescura, uma autêntica jóia criada com uma incrível dedicação e compromisso. Quem não conhece esta dupla de heroínas deixe a sua imaginação navegar e FLIP FLAPPING!

    Helder Archer
    Helder Archer
    Fundou o OtakuPT em 2007 e desde então já escreveu mais de 50 mil artigos sobre anime, mangá e videojogos.

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    Ronnie Salum
    Ronnie Salum
    13 , Julho , 2019 4:30

    foda pra caralho, me surpreendeu bastante… ^^

    zepi
    zepi
    13 , Julho , 2019 4:30

    review boa nas partes técnicas, mas em termos de dar a entender o enredo falha um bocado, talvez pelo mesmo ser complexo.
    de resto, discordo com a contenção pedida à Papika abusar de chamar Cocona pelo nome, ela fá-lo exatamente por ser energética e chata até, é propositado e bem executado, não achei exagerado.

    Thiago Silva
    Thiago Silva
    13 , Julho , 2019 4:30

    Pra uma obra original foi uma das séries que mais curti, divertida, diferente, complexa e teve uma história bem diferente na minha opinião, uma pena muitas vezes as pessoas não darem chances para obras originais, apesar de muitas serem ruins, tem as que são boas, como Flip Flappers por exemplo, que por sinal me deixou saudades…

    Lucio
    Lucio
    13 , Julho , 2019 4:30

    Gostei
    Apontou ótimas referencias e informações da staff que nem eu sabia.
    De fato é um anime que nunca será reconhecido como se deve apenas pela sua capa superficial que faz parecer algo qualquer, quando na verdade é um anime com várias mensagens ocultas por simbolismo, nem eu as entendi direito mas sei que tem e bastante.

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