EuRecomendo! — Ratana Satis.

Sejam muito bem-vindos a inauguração do quadro EuRecomendo!, criado para não somente esse que voz fala mas também outros criadores de conteúdo aqui no site recomendarem seus gostos de inúmeras culturas e mídias diferentes para que vocês, nossos queridos leitores, possam adentrar ao nosso meio e também se divertir com aquilo que recomendamos.

Lembrando desde já: Essas recomendações são particulares daqueles que escrevem, não representando a opinião geral do site OtakuPT como um todo, mas sim somente o gosto e opiniões daqueles que o criou.

E sem querer arrastar esse artigo, vamos para as recomendações. Mangas bem de fácil entendimento e com propostas bem claras desde o seu primeiro capítulo. Uma trama bem fácil de ser compreendida porém que aborda um assunto bem interessante que cada vez mais tem se tornado parte do nosso dia a dia e que, infelizmente, outras obras ao nosso redor acabam por executarem de uma maneira infeliz ou sem a devida sensibilidade. Eu recomendarei as obras de Ratana Satis.

Ratana Satis é uma autora de manhua que significa literalmente desenhos irresponsáveis, são um estilo quadrinhos chineses e hoje eu recomendarei uma autora independente chamada cujo seus trabalhos se consistem no desenvolvimento de relacionamentos homo-afetivo entre duas mulheres. Pouco sei sobre essa autora além de ser uma excelente desenhista e também desenvolvedora de histórias simples mas que sabem cativar devido um toque de sensibilidade bem humano que é dado durante as suas narrativas. Sendo mais especifico, recomendarei três obras escritas dessa pessoa, começando pela que está mais quente em minha cabeça, chamada Lily Love.

Sinopse: Donath é uma jovem garota que tem ideia fixa de que seu corpo, estilo e jeito de ser não aguçam o interesse de qualquer homem, também não acreditando na possibilidade de haver uma alma gêmea para si. Seguindo em frente com sua vida pacata ela conhece uma linda, despojada e excêntrica garota chamada Mew, que dará a Donath uma nova visão sobre si mesma e o mundo o qual ela não conhece, e assim começa a história de amizade e amor entre as duas.

Aqui em Lily Love nós temos uma obra bem de fácil entendimento – não vamos encontrar histórias complexas que tentam te contar uma mensagem forte, na verdade encontramos uma simples história de amor entre duas personagens femininas que é bem desenvolvida ao longo dos capítulos com uma narrativa bem simples e de certa forma, rápida. As vezes uma sensação estranha passará por você como “Nossa, isso é estranho, está rápido”, mas na verdade é a experiência de ver uma história Yuri – o termo conhecido por definir romance lésbico dentro da cultura Otaku, em um ponto de vista mais pessoal das personagens sem que uma trama mirabolante ou forçada esteja ocorrendo entre elas.

Acontecerá um momento onde o relacionamento das personagens entrará em conflito e talvez continue a acontecer isso pois a história ainda está sendo escrita e publicada, mas que logo são amarradas pois a autora consegue dar um carisma a mais para todas as personagens, seja as principais como também as secundárias que dizem bastante sobre o ambiente que a protagonista se encontra e também sobre ela. E parte da magia dessa obra está dentro do carisma dessas personagens lidando com essas situações de descobrirem seus sentimentos internos e até mesmo com pequenos discursos levantados de o quanto isso é certo dentro de uma sociedade como a nossa, sem parecer um discurso e sim uma forma natural e com uma extrema sensibilidade colocada na narrativa.

Mentality não possui uma Sinopse propriamente dita pois acredito que ela é um grande inicial para a criação de trejeitos e personalidade de uma personagem que seria aproveitada logo depois na obra que eu recomendarei em seguida, sendo lançada um ano depois. Essa história eu não recomendo para menores de dezesseis anos por conter encenações, diálogos e também cenas curtas de um relacionamento íntimo entre duas personagens no sentido sexual, mas que diz bastante sobre a personagem principal que iria ser carregada para uma série mais trabalhada. Uma história rápida e também descompromissada de qualquer coisa, mas com uma narrativa bem instigante e que alguns até mesmo ligam diretamente com os próximos lançamentos da história criada um ano depois.

Dentro dessa pequena One Shot nós conseguimos ver o quanto a caracterização e narrativa mental de uma personagem melhorou dentro da escrita de Ratana Satis. Seus enquadramentos e como ela traça o corpo de suas personagens e o que viria a ser um dos maiores chamativos de Pulse um ano depois, o fato de como ela consegue intercalar momentos de romance com pensamentos nada jogados e sim bem narrados que contribui para contar uma história e uma parcela da personalidade daquele personagem que estamos acompanhando. Então… Que tal parar de demora e focar nele agora? O Resultado que Mentality gerou.

Sinopse: Mel é uma cirurgião cardíaco de renome, vive uma vida despreocupada se utilizando do sexo como sendo uma ferramenta para se sentir mais alegre ou se enganar em vez de uma demonstração de carinho. Durante um tempo de folga após um trabalho, ela conhece alguém que transforma sua visão do amor e da vida aos poucos, fazendo-a ficar de cabeça para baixo quanto a tudo que ela, até então, acreditava.

O que eu tenho a dizer sobre Pulse além de que é uma das minhas histórias favoritas de relacionamento lésbico? Ratana Satis consegue trazer a personagem que criou em Mentality com os mesmos trejeitos e mesma personalidade para uma história que levemente possui a proposta de desconstruir as crenças e também os trejeitos dessa pessoa, fazendo-a mudar seu ponto de vista sobre muitas coisas ao seu redor ao conhecer uma personagem que não é só uma ferramenta de roteiro para a desconstrução e reconstrução da protagonista, mas ela também por si só possui uma trama pessoal.

Apesar de Pulse ser uma trama um pouco mais adulta, eu também recomendo a leitura para vocês pois é finalmente uma daquelas histórias boas de relacionamento lésbico onde não são somente cenas jogadas entre duas mulheres em uma atividade íntima, tudo dentro da história faz sentido. Ela é mais uma história de fácil entendimento, a Ratana não quer criar histórias mirabolantes e talvez seja um dos maiores chamativos dela, dizer bastante coisa com muito pouco. Somente uma boa história que trabalha bons personagens cada vez mais de uma forma que os dá um carisma e que nos faz se importar com eles cada vez mais.

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Até a próxima.