Foi durante a apresentação da Nintendo Direct de 23 de Setembro de 2021 que ficamos a saber que as aventuras do rechonchudo cor-de-rosa do planeta Popstar, Kirby, estavam de volta. Desta vez, o seu retorno trazia novidades associadas ao formato visual preservado com carinho desde o original de 1992. Para comemorar o 30º aniversário da franquia, a equipa do HAL Laboratory decidiu pela primeira vez realizar um desejo com mais de uma década, inserir a série principal num admirável novo mundo totalmente em 3D. Será esta proposta a oportunidade ideal para Kirby alcançar um lugar merecido junto das restantes mascotes da Nintendo?

Masahiro Sakurai é o criador das séries Smash Bros e Kirby

Kirby and the Forgotten Land inicia-se com um vórtice misterioso a aparecer no céu sobre o Planeta Popstar e a sugar tudo à sua volta, incluindo os habitantes Waddle Dees e o Kirby. Ao acordar num novo mundo, o nosso protagonista descobre que os Waddle Dees foram capturados por uma força maligna conhecida como o Beast Pack.

Com esta introdução inicial, percebemos que a narrativa de Kirby and the Forgotten Land serve como fio condutor para apresentar a missão que terá de cumprir no decorrer da jornada. Neste novo mundo vamos passar por várias regiões compostas por múltiplos níveis, no qual teremos de resgatar os nossos amigos Waddle Dees, com a ajuda de um novo aliado chamado Elfilin. Cada uma destas regiões apresenta o seu próprio ambiente, tais como ilhas paradisíacas, parques de diversão ou até mesmo cidades abandonadas geladas.

Ao contrário do que fui retendo durante os vídeos publicados pela editora, as áreas do jogo não são tão amplas como aparentavam ser, isto se formos comparar com o que foi construído em Super Mario Odyssey. Contudo, aquilo que me chamou imediatamente à atenção foram os componentes gráficos do jogo. Kirby and the Forgotten Land tem um brilho muito próprio quanto à conceção visual do seu mundo. A sua transição para as três dimensões fez com que os detalhes dos ambientes se tornassem ainda mais evidentes. Claro que a qualidade da animação e a escolha vibrante de cores contribuem de igual forma para dar vida a este harmonioso novo mundo pautado pelo tema pós-apocalíptico.

Ainda relativamente aos níveis, para resgatar todos os Waddle Dee temos também de realizar um número de missões adicionais. Estas missões que funcionam como um género de puzzles, acabam por fazer com que na primeira ronda exploremos cuidadosamente os cenários. De certa forma, como foi no meu caso, devido à falta de liberdade que temos com o controlo da câmara, nem todos os caminhos escondidos estão percetíveis, por isso revisitar os níveis será uma tarefa regular para quem deseja concluir todos os seus objetivos. Além de que temos outros segredos para serem procurados, em especial os blueprints, itens que em conjunto com outros recursos permitem evoluir as habilidades do herói. Salientando que para abrir os portões dos bosses finais de cada região precisamos de ter um número específico de Waddle Dees.

Nesta aventura, Kirby continua a assumir as suas habilidades de cópia ao devorar determinados adversários à medida que explora diferentes cenários. Podendo desfrutar de habilidades de gelo, fogo, bombas, tornados ou das duas mais recentes que nos garantem ataques com armas de fogo e a capacidade de incorporar os dotes de uma toupeira. Estes poderes garantem uma variedade notável na altura de combater os adversários e do mesmo modo relevantes para descobrir os tesouros e segredos escondidos nos níveis do videojogo.

Entretanto, Forgotten Land atinge grandes dimensões ao adicionar o Mouthful Mode, uma nova mecânica refrescante que promove as características especiais do protagonista com abordagens mais criativas para percorrer e ultrapassar os desafios dos cenários. Deste modo, encontramos em momentos-chave, objetos especiais do mundo moderno que Kirby ao sugar acaba por ganhar a sua forma. Por exemplo, se engolir um carro consegue percorrer as ruas a alta velocidade, permitindo-o ainda destruir paredes enfraquecidas. No caso do cone destaca-se por ter a capacidade de perfurar o chão e os adversários, que na maioria dos casos escondem alguns segredos. Mesmo que esta mecânica seja reproduzida em passagens específicas, como era de esperar, estes são alguns dos momentos mais icónicos que nos esperam em jogo, correspondendo à grande parte do divertimento e do encanto que vamos poder experienciar através da exploração.

No que diz respeito ao grau de dificuldade, em Kirby and Forgotten Land temos a opção de escolher dois modos que vistos do meu prisma, não apresentam grandes diferenças. Para quem teve oportunidade de jogar as obras anteriores, sabe que a franquia foi criada com a finalidade de alcançar todas as faixa etárias mas com especial atenção nas crianças, por esse motivo a ausência de desafio não é um ponto negativo mas sim uma opção dos criadores para que os jogadores possam simplesmente descontrair enquanto jogam.

No interior da Cidade dos Waddle Dee podemos apreciar as atividades secundárias que desbloqueamos à medida que progredimos no jogo. Pessoalmente, destaco os mini-jogos de pesca e sobretudo o Coliseu, onde num formato ligeiramente mais desafiante, temos de lutar outra vez com os bosses de Kirby and the Forgotten Land.

No videojogo temos acesso aos níveis complementares Treasure Roads onde podemos utilizar as habilidades de Kirby para ultrapassar os desafios de tempo

Semelhante a Kirby and the Rainbow Curse, caso necessitemos de uma ajuda extra, no modo multijogador local um segundo jogador pode juntar-se à ação no controlo do Bandana Waddle Dee na posse da sua lança. Todavia, estamos diante de uma experiência que até certo ponto acaba por desfavorecer o coadjuvante, devido à sua falta de capacidades para se destacar em combate. Por isso, seria animador em futuras atualizações adicionar novas habilidades ou personagens secundários.

Para uma aposta linear como a de Kirby, a sua produção sonora consegue ser bastante diversificada e ambiciosa. De certa maneira, as melodias conseguem ilustrar na perfeição a mesma alegria contagiante que a animação transmite ao longo do videojogo.

Kirby and the Forgotten Land é naturalmente o melhor título da franquia lançado até hoje. Aproveitar os atributos da Nintendo Switch para alargar os horizontes da série foi uma aposta ousada mas bem estruturada pela Hal Laboratory. Acredito que despertará a curiosidade dos fãs e das crianças para quererem aventurar-se por este novo mundo altamente cativante e divertido.

O videojogo foi desenvolvido pela Hal Laboratory e lançado pela Nintendo a 25 de Março de 2022 na Nintendo Switch.

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WillD
Will
13 , Abril , 2022 17:02

E lindo o jogo pena que é só da Nintendo

Bruno CavacoD
Bruno Cavaco
14 , Abril , 2022 18:54

Parece que a Nintendo acertou com esta conversão do Kirby para full 3d.
Eu pessoalmente agradeço esta abordagem mais lineal, admito que ao jogar a este tipo de jogos só desejo ser absorvido pela sua ambientação, banda sonora e carisma do protagonista (está bolinha rosa adorável) sem ter que puxar muito pela massa cinzenta ou pelos meus desajeitados dedos.
Gostaria sim um pouco mais de conteúdo.
Contudo agora que têm a base fundada espero que continuem a evoluir está incursão 3d do Kirby (juntamente á 2d).
Boa análise.