Suicide Squad: Kill the Justice League é o mais recente jogo da Rocksteady Studios, publicado pela Warner Bros. Games, e é um looter-shooter live service game que serve ao mesmo tempo de spin-off e sequela ao fenomenal Batman: Arkham Knight onde cinco anos depois dos eventos do mesmo, descobrimos um mundo à beira da destruição completa, com Metropolis a ser invadida pelo alienígena Brainiac que já controla a maior parte dos heróis da Justice League, deixando o mundo desprotegido e à mercê da sua destruição.

É aqui que Amanda Waller, líder da ARGUS, recruta à força as nossas personagens principais para a mais recente interação da Task Force X, aka: Suicide Squad, com Harley Quinn, Deadshot, Captain Boomerang e King Shark, encarregando-os de capturar ou assassinar a Justice League para evitar a destruição do mundo por parte de Brainiac. Inicialmente tentamos encontrar o herói Flash (Barry Allen), ainda livre do controlo de Brainiac, mas este acaba por ser capturado por Green Lantern (John Stewart)… A Wonder Woman torna-se assim o último membro livre da Justice League, mas que ainda assim não confie nos nossos vilões tornados heróis à força.

Antes que perguntem, sim, é-nos explicado através de uma exposição dedicada a Batman que nos resume os eventos da série Arkham, especialmente Arkham Knight, que o Cavaleiro das Trevas não morreu como fez o público pensar e se terá tornado no Demon Bat que vimos no final secreto do jogo anterior, acabando por regressar à ribalta, com a sua identidade como Bruce Wayne revelada, de maneira a poder aceitar o convite de Superman para se juntar à sua Justice League.

Suicide Squad: Kill the Justice League adiado para 2023

Nesta fase inicial, acabamos por ir juntando outros vilões para a causa da ARGUS, que nos irão dar suporte sob a forma de novos equipamentos, habilidades e upgrades como Lex Luthor, The Penguin, Gizmo, The Toyman e uma versão reencarnada (e ainda bastante jovem) de Poison Ivy. É através destes upgrades que acabamos por ter acesso a mecânicas que nos permitem ter um mínimo de hipótese de enfrentar os membros da Justice League com os seus super-poderes.

O jogo, que foi feito com multiplayer cooperativo de quatro jogadores em mente, é inteiramente possível de ser jogado a solo, com os restantes membros da Suicide Squad controlados por AI, tornando-se assim uma corrida para resolver quests que aumentam as capacidades da Squad para os tornar mais capazes. E é aqui que surge o primeiro problema com Suicide Squad: Kill the Justice League… O gameplay é sólido, com mecânicas interessantes e divertido a nível de controlos. Para além das habilidades exclusivas de cada personagem que lhes permitem atravessar Metropolis de maneiras completamente diferentes, todos têm acesso a um pequeno arsenal de armas de fogo, mas infelizmente passamos umas boas horas a seguir a storyline até desbloquearmos habilidades que nos são dadas a conta-gotas e podiam estar disponíveis mais rapidamente… E quando finalmente desbloqueamos a grande maior parte das habilidades, entramos no endgame.

Para quem não está habituado às andanças de live service games, o estado de endgame é quando acabamos o conteúdo relacionado a storylines e sobram apenas missões ou quests que podem ser repetidas infinitamente de modo a dar aos jogadores oportunidade de receber loot melhor (daí o termo looter-shooter). Para já, o conteúdo de endgame é bastante repetitivo, sem grande variedade de missões (e que infelizmente é a mesma variedade de missões que fazemos ao longo da storyline), no entanto, está prometido novo conteúdo que irá incluir mais missões, mais tipos de equipamento, e até mais personagens jogáveis. E ainda há muitos níveis para ganhar e habilidades para desbloquear nesta fase.

Gameplay de Suicide Squad: Kill the Justice League

É esta a (infeliz) dualidade de Suicide Squad: Kill the Justice League… É sem dúvida um jogo bastante mais bem conseguido do que muitos esperavam, o gameplay é divertido e sólido, mesmo quando jogado a solo, mas infelizmente cai nos mesmos problemas já típicos deste tipo de jogo (live service): missões que em pouco tempo acabam por parecer recicladas e um loop constante em que fazemos missões para ganhar melhor equipamento, para poder fazer mais missões ad nauseam

A juntar a isto, Suicide Squad: Kill the Justice League tem tanto momentos incríveis de diálogo entre os membros da Squad, como momentos da storyline em que o guião e as interações com os heróis da Justice League caem um pouco por terra até com alguma descaracterização das suas personagens, e nem tudo é justificado pela lavagem cerebral de Brainiac, é mesmo escrita um pouco abaixo do nível esperado da restante série Arkham… Dito isto, apesar de alguns momentos baixos, a storyline é interessante q.b. e o setup do endgame, com a possibilidade de mundos paralelos (Elseworlds) e o objectivo de encontrar e assassinar 12 variantes de Brainiac, deixa bastante em aberto, e muito que fazer (apesar da já referida falta de variedade) enquanto formos tendo novo conteúdo a ser acrescentado aos poucos.

De ressalvar também algumas performances particularmente fortes, com Tara Strong a regressar ao seu papel de Harley Quinn, o wrestler Samoa Joe a dar a voz ao hilariante King Shark, a actriz Debra Wilson como Amanda Waller é positivamente odiável, o veterano Nolan North que consegue no mesmo jogo dar a voz aos completos opostos Superman e Penguin, e como é óbvio, o falecido Kevin Conroy no seu último papel como Batman, a quem o jogo é dedicado.

E assim Suicide Squad: Kill the Justice League torna-se uma experiência agridoce, com uma equipa de personagens divertida, tanto de controlar como de ver interagir, mas que nos obriga a ver os heróis de quem tanto gostamos serem tratados como meros vilões… Com jogabilidade sólida, mas a necessitar de mais variedade… Suicide Squad: Kill the Justice League não chega ao nível dos jogos da série Arkham, mas se calhar é porque também não o tenta ser, e se por um lado era evitável que fosse “mais um” live service game, com tudo para dar errado como já vimos com Marvel Avengers da Crystal Dynamics e até Gotham Knights da WB Montréal, é também a promessa de conteúdo futuro que nos prende à esperança que este jogo, bom, mas longe de ser perfeito, se torne cada vez melhor e mais interessante.

Review por Tiago Vasconcelos.

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