Children of the Sea ou Kaijū no Kodomo é a adaptação em filme anime do mangá do mesmo nome de Daisuke Igarashi, pelo estúdio de animação Studio 4°C. No staff principal o filme conta com o diretor Ayumu Watanabe (After the Rain, Space Brothers), o designer de personagens Kenichi Konishi (Bokurano, Tokyo Godfathers) e o grande compositor Joe Hisaishi conhecido pelos seus trabalhos nas obras do Studio Ghibli.
Neste artigo vamos ver mais em detalhe o que podemos esperar desde filme que já tem criado grande expetativa entre os fãs pelos seu belo visual e animação, tal como, a sua trilha sonora.
Começando pelo seu diretor, Ayumu Watanabe, que já acumulou bastante experiência em direção desde o inicio do seu percurso com a franquia Doraemon, em que fez de tudo um pouco, começou como animador-chave onde posteriormente adquiriu funções de supervisor de animação (diretor de animação) e na sua última fase na franquia elaborou storyboards para alguns episódios e dirigiu alguns filmes. Os seus últimos trabalhos de destaque contam com títulos como Space Brothers, After the Rain e Major 2.
Quanto ao seu designer de personagens, é um nome que quase despensa apresentações (ou devia), Kenichi Konishi, ele conta já em seu currículo trabalhos como, Tokyo Godfathers, Bokurano, Fullmetal Alchemist: The Sacred Star of Milos, Tale of the Princess Kaguya, etc. (como designer de personagens) E antes ainda como diretor participou em obras como Evangelion, Princess Mononoke, Howl’s Moving Castle, Paprica e muitas outras.
Também destacar o seu compositor, Joe Hisaishi. Outro nome que dispensa qualquer apresentação, digamos que ele é um dos melhores compositores da indústria e é conhecido mundialmente pelos seus trabalhos, mais precisamente os do Studio Ghibli, como Spirited Away e My Neighbor Totoro. A não esquecer também o responsável pelo tema musical, Kenshi Yonezu, antigo cantor vocaloid conhecido pelos temas de Fireworks, March comes in like a lion e My Hero Academia.
Por último, mas não menos importante, destacar o seus diretores de arte e CG, Shinji Kimura e Kenichiro Akimoto respetivamente. Kimura entre os seus trabalhos destacam-se o filme de Blue Exorcist e Kekkai Sensen onde foi diretor de arte, tal como as obras Akira e My Neighbor Totoro em que elaborou arte de fundo. Akimoto, o que mais se destaca em seu percurso é o trabalho que elaborou na trilogia de filmes de Berserk: The Golden Age Arc.
Agora vamos falar sobre o “porquê” de este filme ser tão belo e ter uma produção de tamanha qualidade. Tem muitos fatores que o podem explicar, mas os principais que destaco são que primeiramente pelo seu estúdio, a Studio 4°C é um estúdio já com muita história, eles participaram em algumas das melhores produções teatrais (filmes) dos anos 90’s e 00’s quer seja em suas próprias produções ou como suporte para outros grandes estúdios, talento em seus quadros não faltam.
Outro grande fator é que a produção do filme começou à 5 anos, a pré-produção teve inicio em 2014 e um ano mais tarde começou efetivamente a produção. Outros fatores/dados a ter em conta, para entender quão dedicada foi esta produção:
- O filme conta com 66 animadores-chave;
- 14 são animadores em ambiente digital
- 1500 cenas
- 140 contêm desenhos feitos digitalmente
- 15 foram totalmente desenhadas digitalmente
Entre a lista de animadores recheada de talento vindo de vários estúdios e animadores freelancer, Tatsuzou Nishida destaca-se como animador principal do filme, Ken Yamamoto (um dos animadores principais de The Promised Neverland), Eiri Taguchi (um dos jovens novos talentos da Pierrot) e Tomohiro Shinoda (um dos melhores freelancers da indústria), Manabu Akita (designer de personagens de Kakegurui e Bahamut, e mais recentemente supervisor em Carole & Tuesday), só para mencionar alguns.
Children of the Sea faz a junção perfeita de meios tradicionais de desenho com as tecnologias digitais para trazer à tona o melhor que um anime pode oferecer. Em principio, não havia planos para usar meios digitais ainda na fase de desenhos, no entanto, o ambiente favorável que se pode beneficiar desse meio e as vantagens que se pode tirar dele convenceram Ayumu Watanabe (diretor) e Kenichi Konishi (designer de personagens) a seguir esse rumo.
Na imagem acima podemos ver o processo desde o desenho tradicional, para a sua digitalização o que posteriormente facilitou o processo de acabamento (coloração, composição, etc.), que na indústria já é feito totalmente em ambiente digital.
O mesmo processo foi utilizado para a imagem acima.
Já esta imagem, representa o processo utilizado quanto o desenho já é feito em ambiente digital, seguindo posteriormente várias fases até à imagem finalizada.
Este exemplo acima, é um dos mais interessantes usos da tecnologia CG neste filme. O primeiro layout é feito totalmente em 3DCG, posteriormente realizado uma versão em 2D que vai ser a base para os efeitos que neste caso são desenhados em 2D. A imagem final é o resultado da combinação do CG e 2D.
Mais um exemplo de uso de um layout em 3D mais efeitos desenhados em 2D.
Página de um dos storyboards do filme, desenhado pelo diretor Ayumu Watanabe em papel, contendo indicações para tanto a iluminação e os efeitos da água.
Excelente artigo, completíssimo. Adorei.
Belo artigo, bastante técnico e conciso ao detalhes específicos.
Eu pagaria pra ir no cinema ver esse filme. Tá bonito demais.
Dois