A Grande Era dos OVAs 

Atualmente o mercado da animação japonesa vive o seu melhor momento de sempre a nível de diversidade e quantidade, muito por conta da popularidade dos animes na zona ocidental do planeta. O principal motivo da atual produção em massa de animes é a demanda de licenciamento via serviços de streaming. Inclusive, atualmente muitos dos serviços de streaming financiam a produção dos mesmos de forma parcial ou até mesmo na sua totalidade.

Este boom de produção vem dar uma nova vida aos fãs ocidentais deste tipo de entretenimento, especialmente porque ainda não há muitos anos atrás o que principalmente ditava a continuação de um anime era as vendas de Blu Ray e DVD, um fator onde raramente o ocidente tinha influência, fazendo com que cá no nosso hemisfério tivéssemos de fazer figas para que os japoneses aderissem aos nossos animes favoritos de modo a terem uma continuação anunciada.

No entanto, num passado um tanto quanto longínquo, a indústria foi pautada por uma grande era de OVAs, um mercado que teve tanto de fascinante como de bizarro.

O que é um OVA?

Bom, atualmente ainda são lançados OVAs, nunca houve um cessar de produção deste formato, no entanto, atualmente a sua função no mercado está longe de ser a que era nos primórdios da indústria.

Um OVA (sigla para Original Video Animation), em geral é um formato de animação que consiste de um ou mais episódios de anime lançados diretamente ao mercado de vídeo (VHS ou LD, atualmente DVD e Blu-ray), sem uma prévia exibição na televisão ou nos cinemas.

Algumas características (padrão) dos OVA:

  • De modo geral, o tempo médio de um OVA (incluindo abertura e o encerramento, caso o tenha) é de 23 minutos;
  • Cada episódio de um anime OVA é lançado em apenas um único volume de DVD/VHS, e cada um dos volumes é lançado separadamente, tendo-se que esperar, às vezes, até meses para se puder ver a continuação de um lançamento dessa mesma série;
  • OVAs têm um tempo de produção maior do que os episódios para a televisão, tendo normalmente, uma qualidade de animação superior a de episódios para TV;
  • Um OVA não contém censuras nem cortes como uma série de TV;
  • Ao contrário de um anime para a televisão, cujo padrão em média atualmente é ter entre 12 a 26 episódios, OVAs variam muito. Tanto podem ser de volume único, como quatro, como 110, como é no caso de Legend of the Galactic Heroes.

Também a título de curiosidade, o que é historicamente considerado o primeiro OVA é uma série de 4 episódios de 30 minutos chamada Dallos, produzido pelos estúdios Pierrot em 1983.

Quando e como ocorreu a grande era do formato OVA? 

O grande boom dos OVAs ocorreu essencialmente na segunda metade dos 80 e foi uma tendência na primeira metade dos anos 90, um fenómeno que foi possível graças à bolha economia que o Japão vivia.  Como quase toda a gente tinha um leitor de VHS em casa, o céu era o limite para os comités de produção daquela altura, basicamente alguém chegavam a um estúdio com uma mala de dinheiro e dizia: “Produzam alguma coisa com este orçamento.”

Como não estavam sujeitos ao crivo dos canais de televisão, os estúdios responsáveis usavam aquilo quase como um laboratório de experiências. Normalmente envolviam histórias originais baseadas nos gostos predominantes do mercado da época, que normalmente eram mulheres nuas, máquinas de combate, monstros e violência explicita.

Tanto se produzia um OVA de 50 minutos sobre uma investigação policial como o Tokyo Vice (produzido em 1988 pela J.C Staff), como se produzia um OVA bizarro que em 30 minutos junta monstros, sexo e gangues de motoqueiros, como é o caso de Call me Tonight (produzido em 1986 pelo estúdio AIC).

E claro, os famosos hentais que viriam a ser comercializados e popularizados via OVA, como o famoso A Lenda do Demónio.

‘O OVA ainda é um formato atual?’

Como já disse anteriormente, sim, ainda são feitas produções em formato OVA, embora em menor escala e com um papel diferente.

Desde os anos 2000 o papel do formato OVA tem alternado a sua função constantemente, no inicio do milénio os OVAs tinham muitas vezes a função de terminar as histórias dos animes que passavam na televisão, como o caso de Mirai Nikki que teve os seus 26 episódios e posteriormente recebeu um OVA intitulado de ‘Mirai Nikki:Redial’ que finaliza a história.

No entanto, a maior função de um OVA neste milénio passou por contar histórias spin-offs das séries para televisão, normalmente sem grande influência na trama principal.

Ainda há casos relativamente recentes de produções que foram lançadas totalmente para OVA, como Hellsing: Ultimate em 2006. Temos também o curioso caso de Strike the Blood, que teve uma primeira temporada em 2013 para televisão com 24 episódios e que até hoje tem a sua continuação a sair em sucessivos OVAs.

Atualmente, o sucessor espiritual do formato OVA é o ONA (Original Net Animation), que são produções lançadas diretamente para a internet, normalmente em serviços de streaming. Um formato que vem devolvendo um pouco ca liberdade criativa que o OVA possibilitou nas décadas passadas.

Artigo por Eduardo Beja. Podem enviar os vossos artigos aqui.

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Allen ペ ン ド ラ ゴ ンD
Allen ペ ン ド ラ ゴ ン
11 , Abril , 2022 1:56

Um bom artigo, aqui é grande apreciado de ovas… e muito ovas naquele tempo servia como propaganda para mangas/LNs(bem q hj em dia poderia continuar com essa praticar)!!!

João Ricardo
João Ricardo
11 , Abril , 2022 2:27

Eu sempre me perguntei oque era um “ONA” em comparação a um OVA, então é basicamente uma versão para internet.

Noᥙzᥱᥒ ΨυκιησD
Noᥙzᥱᥒ Ψυκιησ
11 , Abril , 2022 4:26

Bem q poderia ter mais OVA como era antigamente… Uma pena.

Aliás, nice artigo. Gostei!

Last edited 2 anos atrás by Noᥙzᥱᥒ Ψυκιησ
Francisco Filho
Francisco Filho
11 , Abril , 2022 15:06

Eu lembro que na época a ”manchete” passou uns ovas em seu bloco ”U.S mangá’, lá em 96. Ele passava quase sem censura, passou até aquele ”Genocyber” era super violento que passava de manhã e cedo da noite, então era fácil das crianças assistirem, como resultado, isso causou dor de cabeça aos pais na época.
Gostei muito da matéria, está de parabéns! soube de muita informação aí que nem sabia, por isso que os hentais eram lançados só em ovas, por conta de ter conteúdo pornográfico.

Last edited 2 anos atrás by Francisco Filho