Desenvolvido pela Orbital Express e editado pela Playism, Tasomachi: Behind the Twilight é um jogo que retira elementos artísticos e culturais do Leste da Ásia mais tradicional. Além de possuir uma equipa no leme bem capacitada, este exclusivo para PC Steam desde muito cedo também nos surpreendeu com a sua agradável atmosfera, veremos se o produto final se equipara a estas visões.

Tasomachi: Behind the Twilight abre com uma breve sequência onde comandamos a protagonista Yukumo a bordo do seu dirigível. Ao embater contra uma ponte rodeada por um misterioso nevoeiro, o seu veículo fica seriamente danificado, ficando sem hipóteses ou meios para continuar a sua viagem. A jovem não tem outra escolha senão desembarcar na localização mais próxima, conhecida como To-en. Embora seja uma cidade rica em arquitetura e requinte, o mesmo não podemos dizer da sua densidade populacional. A única criatura que persiste nesta simpática localização, é um pequeno felino antropomórfico, chamado Kogara membro da nezu tribe. Este informa a nossa amiga que todos os seus habitantes da vila, se encontram confinados nas suas casas devido a uma propagação de um misterioso nevoeiro, e se Yukumo deseja regressar a casa necessita de limpar a corrupção que se instalou nas árvores que iluminam as regiões vizinhas. Como se não fosse bastante a nossa heroína também terá de reunir pelo menos noventa Sources of Earth, um misterioso recurso que é usado num sem fim de tarefas, sendo que uma destas é o fabrico dos elementos necessários para Yukumo reparar o veiculo para prosseguir viagem. A jovem não tem escolha senão partir e visitar os templos onde as árvores estão instaladas e pelo caminho reunir as Sources of Earth necessárias para reparar o seu amado dirigível.

Embora a breve história de Tasomachi: Behind the Twilight, se debruce em veículos e viagens, o fluxo de jogo adota um tradicional jogo de ação de plataformas, onde controlamos Yukumo através de belas paisagens características da Ásia. Os seus movimentos não são muito vastos, a nossa heroína apenas dispõe de duas ações iniciais, ou seja, correr e saltar. Mesmo assim a primeira área -primeiro templo- atua como tutorial, e no final desta Yukumo recebe uma nova habilidade que consiste em destruir um solo frágil com o impulso do seu salto. Esta nova habilidade permite desenvolver um pouco mais as ações da nossa protagonista. Contudo, abrindo caminho, através de um trilho onde o nevoeiro não se instalou até ao próximo templo, os jogadores certamente avistarão pequenas torres laranja dispersas nos cenários. Estas são as já referidas Sources of Earth, e podemos adquiri-las desde os locais mais comuns, ou seja, à própria vista desarmada como também nos locais mais inóspitos, como, por exemplo, escondidas atrás de vegetação ou até debaixo do solo, onde Yukumo terá de as escavar para as revelar e obter. Foram precisamente estes elementos que nos prenderam um pouco mais ao mundo de Tasomachi: Behind the Twilight. Os mesmos são bastante semelhantes às luas de Super Mario Odyssey, onde num cenário estão várias dispersas e para as obter, será necessário por vezes realizar várias tarefas.

Infelizmente em Tasomachi: Behind the Twilight, não obtivemos o mesmo grau de profundidade, as missões que os simpáticos gatinhos nos confiam são demasiado fáceis e literalmente encontram-se no mesmo sítio onde nos são indicadas. Geralmente são remover posters das paredes, destruir vasos -simplesmente ao caminhar onde estão colocados- ou rebentar balões. Infelizmente este elemento poderia ser muito melhor aproveitado, se enveredasse pelos caminhos do popular e genial jogo do canalizador da Nintendo Switch. Todos os desafios são demasiado simples, os que produziram alguma satisfação foram os advanced, que infelizmente não existiram em abundância, mas quando forem superados, podem crer que souberam tão bem quanto uma boa refeição, porque porão à prova a vossa resolução analítica e destreza.

Os templos embora representem desafios mandatários simples, apresentam secções interessantes, mesmo com uma jogabilidade simples que evolui um pouco com o percurso e conquistas nos mesmos. O grande problema na maior parte destas secções é a jogabilidade. É difícil de explicar como são os controlos de Yukumo, a sua física pareceu-nos bastante irregular, por vezes foi incrivelmente difícil realizar um salto milimétrico, e nos momentos onde temos de saltar para plataformas mais arrojadas traduziu-se em momentos aborrecidos, que apenas não passaram disso, porque a dificuldade do jogo é mínima, e as represálias por falhar apenas são a repetição. Igualmente pouca, é a duração do jogo, o mesmo não é longo, julgamos que teria muito mais para desenvolver o mundo e os conceitos de Tasomachi: Behind the Twilight. Adicionalmente poderemos voltar para reunir todas as Sources of Earth, fotografar os seus deslumbrantes cenários, comprar itens para vestir Yukumo ou embelezar o esconderijo da nossa jovem.

Realmente sentimos que existe bastante potencial adormecido em Tasomachi: Behind the Twilight, todo o jogo se sente bastante como um título de acesso antecipado. A apresentação é muito básica, a IU é incrivelmente básica, as animações e modelos de personagens também são pouco dignas da geração moderna atual. Este fator criou um certo grau de artificialidade, porque a arte criada por nocras, um artista que conta no seu curriculum obras como Final Fantasy XIII-2, Final Fantasy XIV: A Realm Reborn, The Legend of Zelda: Breath of the Wild ou Xenoblade Chronicles 2, é da mais bela. O requinte dos cenários de Tasomachi: Behind the Twilight, é efetivamente um dos melhores elementos desta aventura. A sua arquitetura oriental asiática, é rica, diversa e pouco comum nos mais variados tipos de ‘media’. Realmente foi uma lufada de ar fresco visitar locais muito próximos de paisagens da Ásia onde a beleza irradia por todos os poros dos cenários, uma pena que o resto do pacote visual não se equipare às suas paisagens, e aos efeitos de luz e da água nos mesmos. Quanto a melodias, temos outro ponto a favor de Tasomachi: Behind the Twilight. Todas as faixas músicas foram produzidas por Ujico, um músico japonês com mais de 1 milhão de subscritores no YouTube e 600.000 ouvintes mensais no Spotify. Embora os seus trabalhos não surjam abundantemente no jogo, são calorosos, misteriosos e representam com clareza os seus ambientes e situações. Quanto a vozes, infelizmente estas não existem o que criou um efeito estranho e um silêncio arcaico quando não existirem musicas ambiente.

Tasomachi: Behind the Twilight, é uma aventura criada para ser desfrutada num ambiente relaxado e calmo. Embora este projeto se sinta um pouco aquém do que poderia ter sido, não deixa ser agradável para jogadores que procuram uma aventura simpática, em locais bem diferentes e requintados dotados de uma beleza natural e cultural impressionantes. Deixamos o apelo para a Orbital Express melhorar esta experiência, pois apresenta uma espinha dorsal robusta o suficiente para equilibrar o resto dos seus elementos.

Bruno Reis
Vindo de vários mundos e projetos, juntou-se à redação do Otakupt em 2020, pronto para informar todos os leitores com a sua experiência nas várias áreas da cultura alternativa. Assistiu de perto ao nascimento dos videojogos em Portugal até à sua atualidade, devora tudo o que seja japonês (menos a gastronomia), mas é também adepto de grandes histórias e personagens sejam essas produzidas em qualquer parte do globo terrestre.
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